Os municípios de Montes Claros, Claro dos Poções, Itacambira, Glaucilândia, Juramento e Mirabela receberam nesta quinta-feira, 2 de maio, 7.083 doses de vacinas contra a dengue, repassadas pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros. Trata-se da primeira remessa de imunizantes disponibilizadas ao Norte de Minas pelo Ministério da Saúde (MS) que, na segunda quinzena de abril, decidiu ampliar a vacinação para mais 625 municípios, em seis estados.

Até então, em Minas Gerais, a imunização de crianças e adolescentes na faixa etária entre 10 e 14 anos contemplava 22 localidades. Para o Norte de Minas as primeiras 7.083 doses estão distribuídas da seguinte forma: Montes Claros (6.577); Mirabela (213); Claro dos Poções (119); Itacambira (69); Juramento (62) e Glaucilândia (43).

Com a expansão da vacinação, além de municípios que integram a área de atuação da SRS Montes Claros, outras 134 localidades jurisdicionadas às unidades regionais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) estão sendo beneficiadas: Belo Horizonte; Coronel Fabriciano; Divinópolis; Governador Valadares; Juiz de Fora; Passos; Patos de Minas; Sete Lagoas e Ubá.

02.05.2024-Vacina contra dengue - Pedro Ricardo - SRS Montes Claros

Inicialmente a vacina começou a ser aplicada na população de regiões endêmicas, em 521 municípios. O processo foi organizado com a participação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A metodologia utilizada teve como ponto de partida os municípios de grande porte (população igual ou maior do que 100 mil habitantes) com alta transmissão de dengue nos últimos dez anos. As regiões de saúde nas quais estes municípios estão incluídos foram selecionadas e ordenadas de acordo com os seguintes critérios: predominância do sorotipo 2 (dezembro de 2023) e maior número de casos no monitoramento de 2023/2024. Com isso, 16 estados e o Distrito Federal tiveram municípios que preencheram os requisitos para o início da vacinação a partir de fevereiro deste ano.

Segundo o Ministério da Saúde, a definição do público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório japonês Takeda. A primeira remessa, com cerca de 757 mil doses, chegou ao Brasil no dia 20 de janeiro.

Para este ano, o Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante: 5,2 milhões de doses, que serão entregues até dezembro deste ano. Para 2025, o Ministério da Saúde já contratou a compra de mais nove milhões de doses de vacinas.


Estratégias
Durante videoconferência realizada nesta quinta-feira, 2/5, com referências técnicas de imunização dos municípios que já estão sendo contemplados com o recebimento de vacinas contra a dengue, a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em Minas Gerais, Josiane Dias Gusmão, explicou que as secretarias municipais de saúde poderão definir estratégias próprias para a imunização do público de 10 a 14 anos.

“Cada município conhece a sua realidade e, por isso, poderá adotar como estratégia a vacinação inicial dos adolescentes de 10 e 11 anos e expandir, gradativamente, a faixa etária”, sugeriu a coordenadora.

Por sua vez, Aline Mendes Vimieiro, referência técnica da Coordenadoria de Imunização da SES-MG, lembrou da importância dos municípios registrarem a aplicação das doses da vacina no e-SUS Atenção Primária à Saúde e no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Isso possibilitará ao Ministério da Saúde acompanhar a evolução da vacinação no estado e, com isso, viabilizar o repasse de mais imunizantes para o complemento do esquema vacinal de duas doses, ou até mesmo expandir a vacinação para outros municípios. A segunda dose da vacina contra a dengue é administrada três meses depois da primeira.

Cenário epidemiológico
Terça-feira, 30/4, durante a primeira reunião do Comitê de Monitoramento de Eventos (CME), promovida pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) Regional de Montes Claros, a coordenadora de Vigilância em Saúde na SRS, Agna Soares da Silva Menezes, apresentou dados atualizados do cenário epidemiológico das arboviroses em Minas Gerais. Até segunda-feira, 29/4, o estado contabilizava 1.328.921 casos prováveis de dengue, dos quais 556.480 foram confirmados por exames laboratoriais.

“Estamos passando por uma epidemia de dengue nunca vivenciada em Minas Gerais, com notificação de 9.212 casos graves ou com sinais de alarme; 324 óbitos confirmados e 769 em investigação. Com relação à febre chikungunya, o estado apresenta alta incidência de casos, com ocorrência de 51 óbitos confirmados e 34 em investigação”, observou a coordenadora.

Especificamente com relação ao Norte de Minas, dados atualizados pela SES-MG apontam a notificação de 77.652 casos prováveis de dengue e 18.472 casos confirmados. A região também contabiliza 18 óbitos por dengue e 29 casos em investigação.

O sorotipo 1 é o predominante da dengue no Norte de Minas (96% dos casos), seguido pelo sorotipo 2 (4%). Porém, observou a coordenadora do Cievs, nos municípios de Coração de Jesus e Salinas já foi detectada a circulação do sorotipo 3.

“A vacinação contra a dengue traz um novo alento para o controle da doença, mas os municípios e a população não poderão abrir mão da eliminação de focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti. Isso porque, além da dengue, o vetor transmite outras doenças, como chikungunya, zika, febre Oropouche e do Mayaro, estas últimas com casos já detectados no país”, alertou Agna Menezes.

Por Pedro Ricardo / Foto: Pedro Ricardo