Técnicos definiram sugestões para o plano estadual de enfrentamento à gripe aviária

 

A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros sediou, no dia 7 de agosto, reunião de alinhamento de ações a serem implementadas por diversos órgãos do Governo do Estado para o reforço da vigilância sanitária e de saúde em relação à gripe Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1). Além da participação no encontro realizado em nível estadual, por videoconferência, dirigentes e técnicos da SRS Montes Claros, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Montes Claros e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) definiram o encaminhamento de sugestões que vão subsidiar a elaboração do plano de ação estadual.

A influenza aviária é uma doença causada pelo vírus Alphaifluenza influenzae, da família Ortomyxoviridae. No que se refere à infecção nas aves, a doença causada pelos subtipos dos vírus influenza A pode ser classificada em duas categorias: a Influenza aviária de baixa patogenicidade que tende a causar afecções assintomáticas ou brandas nas aves e a mais patogênica, a Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), que causa sinais clínicos graves e altos índices de mortalidade. 

De acordo com o plano de contingência elaborado neste ano pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) para o enfrentamento da gripe aviária, “a detecção de surtos da doença em oito países da América é uma situação inédita, principalmente na América Latina e Caribe”. Até 20 de junho deste ano, segundo dados da Embrapa, focos da gripe aviária em frangos de corte e/ou galinhas poedeiras foram identificados no Canadá, Peru, Chile, Argentina e Uruguai. Focos em aves silvestres e/ou aves de subsistência foram registrados no Panamá, Colômbia, Venezuela e Chile.

Ainda segundo o plano de contingência da SES-MG, “considerando as recentes notificações da presença de IAAP em países da América do Sul e o período de maior migração de aves silvestres para o Brasil, a introdução e disseminação do H5N1 na população de aves domésticas pode representar riscos à população humana”.

07.08.2023.Montes Claros gripe aviária

Em maio deste ano, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarou estado de emergência zoosanitária em todo o território nacional, devido à detecção da infecção pelo vírus da Influenza Aviária H5N1 em aves silvestres no Brasil. 

O plano de contingência da SES-MG alerta que “o Ministério da Saúde (MS) considera de risco alto a probabilidade da introdução do vírus de IAAP, considerando o impacto frente à saúde humana, assistência, impacto social e na capacidade de resposta”.

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, entende que “a troca de informações entre profissionais de saúde com órgãos que atuam diretamente no setor agropecuário e ambiental constitui medida importante e necessária para que sejam adotadas as medidas preventivas ou de contenção de focos da doença”. 

Além do trabalho implementado pelo IMA, Emater, IEF e Polícia Militar Ambiental, as unidades regionais da SES-MG, juntamente com as secretarias municipais de saúde, deve reforçar as ações de vigilância sanitária e ambiental, além de notificar os casos suspeitos ou confirmados de pessoas que possam ter sido contaminadas pelo H5N1. A partir da identificação de um caso suspeito, os serviços de atenção primária dos municípios devem providenciar a coleta de amostra para análise laboratorial; início do tratamento com fosfato de oseltamivir; isolamento domiciliar ou hospitalar; notificação no sistema de informações do Ministério da Saúde; rastreamento e monitoramento das pessoas que possivelmente possam ter sido expostas ao vírus. 

Durante a reunião realizada na SRS Montes Claros, técnicos do IMA e da Emater relataram que diversas medidas já têm sido implementadas junto a produtores rurais para a prevenção contra a gripe aviária. As ações envolvem visitas técnicas e realização de dias de campo, repasse de orientações via emissoras de rádio comunitárias e grupos de WhatsApp

Por sua vez, o Instituto Mineiro de Agropecuária expandiu suas ações em três frentes. A primeira estratégia foi a intensificação do monitoramento de propriedades que recebem animais provenientes de estados brasileiros com focos da gripe aviária. A instituição utiliza o relatório de "Guia de Trânsito Animal", através da qual é possível rastrear a origem e o destino da carga viva.

 A segunda ação envolve a intensificação das vistorias em estabelecimentos agropecuários localizados nas regiões de fronteira com o Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Bahia, estados que já confirmaram casos de aves contaminadas pelo vírus. Durante as fiscalizações, o IMA verifica se as medidas de biosseguridade estão sendo devidamente aplicadas pelos estabelecimentos, uma exigência sanitária ainda mais relevante durante o enfrentamento à doença.

 A terceira atividade está fundamentada no mapeamento de pontos com registro de pouso de aves migratórias. O Núcleo de Inteligência do IMA identificou esses locais no estado e, com base nessas informações, a equipe técnica estabeleceu um cronograma de visitas a propriedades e estabelecimentos em diferentes etapas. 

“As vistorias organizadas de forma escalonada visam a eficiência e otimização de recursos porque a força-tarefa demanda um grande número de visitas. À medida que concluímos as áreas mais próximas, vamos nos afastando do ponto de pouso. Nosso objetivo é finalizar a varredura com a maior agilidade possível. Como já começou o verão no hemisfério norte, acreditamos que todas as aves migratórias já deixaram o estado. Agora, o essencial é nos certificarmos de que as nossas aves não foram contaminadas”, explica a veterinária do IMA e coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola, Izabella Hergot. 

Nas visitas os fiscais do IMA têm desempenhado trabalho de educação sanitária, orientando os produtores rurais sobre as medidas preventivas necessárias para garantir a sanidade do plantel comercial e das aves de subsistência.

Sintomas

Produtores rurais devem estar atentos aos sinais da influenza em suas granjas. Alguns indícios comuns são a morte súbita de aves ou o aumento da mortalidade em um período de 72 horas. Outros sintomas estão relacionados à depressão severa; apatia; diminuição ou ausência de consumo de ração e falta de coordenação motora.

Por causa da gripe aviária também é frequente a queda drástica na produção de ovos, que podem apresentar desuniformidades, como casca deformada e fina. Hemorragias nas pernas; inchaço na região dos olhos, da cabeça e pescoço; coloração roxo-azulada ou vermelho-escura na crista e na barbela também são observados.

 O vírus H5N1 pode dizimar plantéis em pouco tempo. Em casos de suspeitas, o IMA recomenda que o avicultor faça uma notificação pelo WhatsApp (31) 9 8598-9611, por e-mail ou compareça pessoalmente em uma das unidades do instituto.

 

Prevenção

O IMA observa que a melhor forma de preservar a saúde dos aviários é a prevenção contra o vírus. Para isso, o avicultor deve reforçar as medidas de biosseguridade. Algumas ações indicadas pelo Ministério da Agricultura são manter os aviários, incubatórios, fontes de água e fábricas de ração longe do contato com aves silvestres, roedores e outros animais. Assegurar principalmente que os bebedouros e comedouros estejam livres da presença de aves silvestres; evitar visitas à granja e, se possível, instalar placas de "entrada proibida"; disponibilizar um local adequado para banho e troca de roupa aos trabalhadores da granja; higienizar rigorosamente equipamentos e roupas utilizados nos aviários, garantindo a redução do risco de contaminação.

Outras medidas de prevenção contra a gripe aviária são: evitar o acúmulo de lixo ou entulhos ao redor das granjas; evitar que as aves de criação acessem lagos, açudes, poças ou tanques de água, que podem ser locais de contaminação; manter a sanitização adequada da água de dessedentação das aves e de aspersão, com a presença mínima de cloro; tratar adequadamente a compostagem antes de ser utilizada como adubo, evitando a disseminação de possíveis patógenos; não atrair aves silvestres; o entorno dos aviários não deve conter plantações de árvores frutíferas, cereais ou qualquer vegetação atraente; manter registros atualizados do trânsito de pessoas e veículos, permitindo um rastreamento eficiente em caso de necessidade.

FOTO Pedro Ricardo: Técnicos definiram sugestões para o plano estadual de enfrentamento à gripe aviária

Por Pedro Ricardo