Utilizado por muitos jovens e adultos como uma alternativa ao cigarro, os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) são considerados prejudiciais à saúde. Diante do comunicado emitido pelo Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), no final de dezembro, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) alerta sobre os perigos do uso desses dispositivos. No Brasil, a comercialização, a importação e a propaganda de cigarros eletrônicos, vaporizadores, cigarro de tabaco aquecido, dentre outros, estão proibidas desde 2009, segundo Resolução da Anvisa (RDC nº 46/2009). Confira aqui o alerta sobre Doença Pulmonar Severa associada ao uso de cigarros eletrônicos, preparado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (CIEVS-MG).

Divulgação Anvisa

Estes dispositivos são aparelhos que utilizam bateria para aquecimento de solução líquida e possuem diferentes apresentações e mecanismos de funcionamento. Esta solução, ao ser aquecida, produz um aerossol que é inalado pelo usuário juntamente com inúmeras substâncias tóxicas, como o Formaldeído, Metais pesados, Acetaldeído, Acroleína, Flavorizantes e, em sua maioria, aditivos com sabores e nicotina, que é uma droga que causa dependência.

Segundo a referência técnica em Promoção da Saúde e Controle do Tabagismo da SES-MG, Cristiane Roberta P. Tomaz, o contato com essas substâncias tóxicas pode causar malefícios à saúde, como câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares. “Os cigarros eletrônicos causam impacto na saúde a curto e longo prazo. O seu uso está relacionado ao surgimento de doenças, a ocorrência de explosões e a intoxicação, principalmente por crianças, pelo contato com seu líquido. A exposição a qualquer carcinogêneo conhecido é inaceitável. Não há evidência científica suficiente e definitiva que indique o uso dos cigarros eletrônicos para a cessação do tabagismo (entendido como dependência à nicotina). A recomendação para os usuários que desejam parar de fumar é que procurem uma Unidade Básica de Saúde”, alertou.

Ainda segundo Cristiane Tomaz, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou, recentemente, que as informações acerca do uso de DEFs como ferramenta de cessação são inconclusivas e que não há clareza se esses produtos têm algum papel na cessação do tabagismo. “Além disso, esses dispositivos têm causado uma epidemia de uso de nicotina, principalmente entre os jovens, em outros países. Uma revisão sistemática de estudos científicos mostrou que a chance de um jovem começar a fumar cigarros convencionais quadruplica com o uso de DEF”, disse.

Assim como no caso do cigarro convencional, o uso desses dispositivos também é proibido em ambientes fechados e parcialmente fechados, conforme lei federal. O uso dos cigarros eletrônicos nesses ambientes também pode causar danos à saúde relacionados à exposição ao aerossol emitido, que contém inúmeras substâncias tóxicas. “O aerossol de tais dispositivos também é uma potencial fonte da chamada contaminação de terceira mão (produto da reação entre as substâncias emitidas pelo DEF com outros poluentes ambientais, que se misturam quando depositadas em superfícies como cortinas, tapetes, móveis, entre outros). Nesse produto, a nicotina encontra-se na forma líquida, sendo aquecida, aspirada e também liberada no meio ambiente sob a forma de vapor, imitando, do ponto de vista comportamental, o cigarro convencional e carreando substâncias tóxicas para as vias respiratórias e para o sistema cardiovascular dos tabagistas desses produtos e às pessoas próximas, se configurando também os riscos do tabagismo passivo”, explicou Cristiane.

Doença Pulmonar Grave

Segundo o alerta do INCA, até o início de dezembro de 2019, foram relatados três casos suspeitos de doença pulmonar grave relacionada ao uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar, no Brasil. Conhecida como Evali (sigla em inglês para E-cigarette, or Vaping, product use – Associated Lung Injury), a condição provoca sintomas respiratórios, como tosse, falta de ar, dor no peito, náusea, vômito, dor abdominal ou diarreia, febre, calafrio e perda de peso. Os sintomas são causados por infecção pulmonar.

As três pessoas identificadas com essa doença fizeram uso de cigarros eletrônicos. A maioria relatou ter usado THC (tetrahidrocanabiol, componente da maconha), acompanhada ou não de nicotina.

Segundo o Inca, nos EUA o crescimento do número de casos também chamou a atenção e foi reconhecido como epidemia. Em 2019, o Centro de Controle de Doenças (CDC) do país, relatou, até o momento (dezembro de 2019), 2.291 casos de pessoas hospitalizadas com Evali, sendo que 48 mortes pela doença foram confirmadas.

SUS garante tratamento para o tabagismo

Em Minas, o tratamento para o tabagismo pelo SUS é ofertado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Segundo Cristiane Tomaz, o usuário que tem interesse em parar de fumar deverá procurar a UBS mais próxima de sua residência. Ele será acolhido e avaliado pela equipe de saúde, que irá investigar as principais doenças e fatores de risco relacionados ao tabagismo, bem como avaliar o grau de dependência da pessoa ao cigarro, seu estágio de motivação para a cessação do tabagismo.

“O modelo de tratamento é baseado em uma abordagem cognitivo-comportamental, com possibilidade de ser realizado em grupo ou individualmente, e quando necessário há apoio medicamentoso. Consiste inicialmente de 4 sessões (encontros), semanalmente, e após essas, são promovidos encontros mais espaçados, até completar 12 meses de tratamento. Para ter acesso ao tratamento, o cidadão pode entrar em contato com a Secretaria de Saúde da sua cidade para saber onde existe uma unidade do SUS que oferece o tratamento do tabagismo. O SUS ajuda o paciente a ter uma vida saudável sem tabaco e de forma segura”, finalizou.

Por Jornalismo SES-MG