Na tarde desta quarta-feira (22/08), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) promoveu, na Cidade Administrativa, coletiva de imprensa para falar sobre a situação da malária no estado que, até o momento, registra 20 casos confirmados importados da doença e 05 casos suspeitos em investigação, que foram registrados na Regional de Saúde de Governador Valadares e que tiveram vínculo epidemiológico com a área de surto no estado do Espírito Santo.

O Subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, explicou sobre o atual cenário da doença que, até o momento, não tem sua circulação confirmada dentro de Minas Gerais. “Tendo em vista a ocorrência de casos notificados no estado do Espírito Santo e do registro dos casos suspeitos na Regional de Saúde de Governador Valadares e por ser um fato inusitado em nosso estado, é importante trazermos para vocês a atual situação e explicar o que está sendo monitorado”, afirmou o Subsecretário.

Crédito: Marcus Ferreira / SES-MG.

A SES-MG, bem como todas as demais Secretarias Estaduais de Saúde do país, trabalha com os casos suspeitos de Malária seguindo a definição do Guia de Vigilância do Ministério da Saúde que afirma que toda pessoa residente ou que tenha se deslocado para área em que haja possibilidade de transmissão da doença no período de 8 a 30 dias anterior à data dos primeiros sintomas e que apresente febre acompanhada ou não dos seguintes sintomas: cefaleia, calafrios, sudorese, cansaço e mialgia. “A febre tem um papel fundamental na identificação desses pacientes. Normalmente a febre alta, em torno de 41 graus com episódios intermitentes é um indicativo de caso suspeito”, explicou Rodrigo Said.

Já a confirmação ou o descarte dos casos de malária depende da análise laboratorial e existem duas técnicas que são utilizadas: a primeira é o teste rápido, realizado ainda no local chamado exame de gota espessa. Feito isso, o exame será refeito nos laboratórios de referência estadual e a partir daí pode ser realizada a confirmação ou o descarte do caso. “É importante frisar que a SES-MG só confirma ou descarta os casos notificados da doença após a realização dessas duas análises e, vale destacar que Minas Gerais não é uma localidade de casos autóctones (transmissão dentro do próprio território) da doença”, explicou Said.

Casos em Minas Gerais

Em 2018, até o momento, foram registrados no estado 20 casos confirmados importados de malária, ou seja, as pessoas não adquiram a doença em Minas Gerais. “Nossa última transmissão autóctone aconteceu no período de 2016/2017 numa região de garimpo no limite dos municípios de Diamantina e Couto Magalhães, que, na ocasião, teve 23 casos confirmados da doença e se caracterizou como uma transmissão localizada, frisou o Subsecretário.

Recentemente, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais foi informada da ocorrência de casos suspeitos e confirmados de malária causada pelo Plasmodium falciparum no estado do Espírito do Santo, nos municípios de Vila Pavão e Barra de São Francisco, com início da transmissão em julho/2018 até os dias atuais. Ambos os municípios são limítrofes ao Estado de Minas Gerais, próximos à área da Regional de Saúde de Governador Valadares.

Já na última sexta-feira, 17 de agosto, a Regional de Saúde de Governador Valadares notificou 09 casos suspeitos, sendo que 04 foram descartadas, restando outros 05 que seguem em investigação. Nenhum deles apresentou sinais de gravidade e não houve óbitos. Atualmente, os casos encontram-se em investigação. “É importante contextualizar que o registro de tais casos tem um vínculo epidemiológico com a situação que está ocorrendo no Espírito Santo, localização em que há a circulação do vetor e que possui dois municípios com transmissão da doença, Barra de São Francisco e Vila Pavão, tais municípios estão próximos da fronteira entre o estado e Minas Gerais e, por isso, a necessidade de vigilância”, pontuou Rodrigo Said.

Crédito: Marcus Ferreira / SES-MG.

Assim que tomou ciência desses casos suspeitos a SES-MG tomou algumas medidas, sendo elas: Emissão de Alerta para todas as Unidades Regionais de saúde em 06/08/2018 período inicial da transmissão no estado do Espírito do Santo; ações preparatórias realizadas no município – capacitação de servidores, visita a área dos municípios de Mantena e Nova Belém, limítrofes aos municípios de Vila Pavão e Barra do São Francisco, área do surto, no estado do Espírito do Santo; Investigação dos casos, com envio de amostras para o diagnóstico diferencial; deslocamento de laboratorista da SRS Coronel Fabriciano para o município Mantena para auxílio no diagnóstico laboratorial da malária a partir de 21/08/2018; Deslocamento de equipe de entomologia para realização da vigilância entomológica nos municípios limítrofes a partir de 21/08/2018; Encaminhamento das lâminas de todos os pacientes para revisão; Envio de cota adicional de medicamento e teste rápido para a Regional de Saúde de Governador Valadares; Solicitação de cota adicional de medicamento e teste rápido ao Ministério da Saúde; Elaboração de nota técnica assistencial e alerta aos profissionais de saúde; Capacitação de profissionais de saúde dos municípios da Regional de Saúde Governador Valadares; Apoio técnico presencial por meio da equipe do Nível Central e distribuição de repelentes para área sob risco.

A doença

A malária é uma doença febril aguda causada por parasitas e que se diagnosticada e tratada corretamente em tempo oportuno, geralmente em até 48h a partir do início dos sintomas, tem cura. Das cinco espécies causadoras da malária humana, o Plasmodium falciparum, mais letal, e o Plasmodium vivax, são os mais comuns no Brasil. Em poucos dias de infecção o P. falciparum propicia quadro grave, por isto, todo suspeito de malária deve, de imediato, ser submetido ao exame laboratorial. Já o Plasmodium vivax apresenta um quadro clínico mais brando, porém se não tratado corretamente o paciente pode ter sérias complicações e chegar a óbito.

- Abaixo, confira na íntegra o áudio da coletiva:

- Confira também os slides da coletiva da SES-MG sobre a situção epidemiológica da Malária no Estado:


 

Por Paula Gargiulo