A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG - Campus Sabará) promoveu nos dias 1º e 2 de dezembro, na ESP-MG, em Belo Horizonte, o "Encontro de práticas corporais chinesas no SUS: contribuições para trabalhadores da saúde de Minas Gerais".

Crédito: Rafael Mendes

O Encontro, que está em sua primeira edição, teve como objetivo fomentar discussões e ofertar saberes e vivências de práticas corporais da Medicina Tradicional Chinesa a trabalhadores do Sistema Único de Saúde atuantes no estado de Minas Gerais. A atividade foi destinada aos alunos e ex-alunos do curso "Práticas Corporais nos Polos de Academias da Saúde de Minas Gerais: formação de instrutores de Tai Chi Chuan (Taiji Quan) e Qi Gong)"; gestores, profissionais de saúde interessados; apoiadores do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) e referências técnicas das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) das unidades regionais de saúde.
Fez parte da programação, atividades teóricas, práticas e rodas de conversa sobre o tema. O professor Daniel Luz, especialista em medicina chinesa expos sobre o Qi Gong Medicinal e também realizou práticas de vivência demonstrando alguns dos tratamentos. O professor Marcello Giffoni (IFMG), que também atua no curso de formação de instrutores, apresentou algumas das práticas, como, por exemplo, os exercícios dos camponeses (Yin jin jing).

Na abertura do evento, uma das organizadoras do Encontro, a trabalhadora da ESP-MG, Amanda Nathale Soares comentou que a atividade era também resultado do movimento que os trabalhadores têm produzido nos territórios, a partir dos momentos de formação na ESP- MG. Amanda Soares estava se referindo ao curso de capacitação de formação de instrutores, promovido pela ESP-MG, SES e o IFMG, que havia concluído sua quarta turma.

De acordo com Soares, o trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS) é fortalecido quando as possibilidades de cuidado para a população e também para os trabalhadores são construídas de maneira conjunta. "A proposta deste Encontro foi constituir mais um espaço de formação sobre as práticas corporais da medicina chinesa, ampliando os diálogos, aprofundando os debates e promovendo encontros e trocas de experiências entre trabalhadores do SUS de Minas Gerais", explicou.
A Superintendente de Educação e Pesquisa em saúde da ESP-MG, Patrícia de Oliveira, falou sobre a satisfação da Escola estar sediando e promovendo o evento e pontuou que era um encontro "para vocês e com vocês. Então acredito que isso é o que mais nos impulsiona a fomentar essas práticas, para a gente discutir, trocar experiências e trazer esses pontos de informação e como consequência levar os conhecimentos adquiridos para a população, que está lá na ponta e irá se beneficiar", salientou.
O diretor de ensino, pesquisa e extensão do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) -Campus Sabará, Ricardo Machado, destacou a parceria para a realização do curso de Formação de Instrutores, que já capacitou cerca de 100 profissionais sobre as práticas corporais chinesas em 2023, com previsão de formação de mais 300 para os próximos anos.

Ele também pontuou sobre a necessidade de se estabelecer uma relação mais humanizada entre os profissionais de saúde e os pacientes, percebendo os pacientes enquanto sujeitos. "Então eu acho que formações como a que estamos desenvolvendo em parceria com a ESP-MG e a SES-MG são muito importantes para a qualificação do SUS e para promover o cuidado à população, porque percebe o sujeito na sua integralidade, na sua subjetividade", enfatizou.
Para a Diretora de promoção da Saúde e políticas de equidade da SES-MG, Daniela Souza Lima Campos, o Encontro foi também um momento de celebração, porque marcava o encerramento das quatro turmas do curso de capacitação de instrutores e também um ano de parceria para a realização do projeto.

A diretora também mencionou a relevância das práticas corporais chinesas para a promoção da saúde e contou que ela mesma havia vivenciado a experiência de participar de uma aula de Tai chi chuan, mediada por um dos egressos das turmas da capacitação, em uma atividade na cidade de Pedra Azul. Daniela Campos relata que foi uma experiência muito rica, porque a possibilitou perceber o quanto as práticas mudam a percepção de bem estar e cuidado. "Mas o curso não finalizou aqui, ainda teremos novas turmas nos anos de 2024 e 2025 e esperamos ter outros momentos das turmas que estão formando, para a gente estabelecer uma rede e conectar as pessoas", complementou.

Benefícios para população
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) denominadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como medicinas tradicionais e complementares, foram institucionalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), aprovada pela Portaria GM/MS nº 971, de 3 de maio de 2006. A PNPIC contempla diretrizes e responsabilidades institucionais para oferta de serviços e produtos de homeopatia, medicina tradicional chinesa/acupuntura, plantas medicinais e fitoterapia, além de constituir observatórios de medicina antroposófica e termalismo social/crenoterapia.
Em fevereiro de 2023, a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG – Campus Sabará) iniciaram as atividades do curso "Práticas Corporais nos Polos de Academias da Saúde de Minas Gerais: formação de instrutores de Tai Chi Chuan (Taiji Quan) e Qi Gong". O objetivo é contribuir com o fortalecimento das PICS dos Polos da Academia da Saúde nos municípios mineiros, por meio da formação de profissionais de saúde para atuarem como instrutores de práticas corporais em Medicina Tradicional Chinesa (Tai Chi Chuan/Taiji Quan e Qi Gong) nesses polos.

Conforme a trabalhadora da ESP-MG e uma das coordenadoras do curso, Fernanda Maciel, a capacitação busca possibilitar que os profissionais insiram as práticas corporais baseadas na medicina tradicional chinesa, como é o caso do Tai chi chuan e o Qui Gong, em suas práticas coletivas que já acontecem nos polos das academias da saúde. Ela também destaca o caráter de inclusão dessas atividades no SUS.

"Este tipo de formação raramente é oferecida por instituições públicas dentro do SUS, normalmente as formações em medicina tradicional chinesa estão muito no setor privado e são cursos caros. Então entendemos que é uma possibilidade de democratização desses saberes relacionados à medicina tradicional chinesa, voltada para esta proposta de promoção da saúde, pensando em práticas corporais e o Tai chi chuan, tem muitos benefícios", pontua. Deste modo, profissionais que trabalham no SUS e que atendem aos usuários do SUS estão sendo capacitados para apresentar e aplicar essas práticas junto a essas populações, fomentando a promoção da saúde de forma integral, ampla e equânime.

Sobre os benefícios dessas práticas, o professor Marcelo Giffoni, comenta que conforme sua experiência ao longo dos anos e também os relatos que seus alunos do curso têm compartilhado com ele, os resultados são muito positivos.
"Controle da pressão arterial, ganho de qualidade de vida, conquista de equilíbrio, nos casos de grupos com risco de queda, fortalecimento muscular profundo, fortalecimento de tendões, reeducação respiratória e postural, consciência corporal, onde a gente desperta no aluno, além do conjunto da prática do exercício, que produz uma sensação de relaxamento muito grande e uma sensação de bem estar. Hoje mesmo uma aluna veio me relatar que os alunos terminam a aula dela e saem com a vontade de dormir, a insônia passou, o nervosismo passou. As relações ganham outro tipo de tom, se formos pensar na questão da resolução de conflitos, a prática do Tai chi também tem sido eficiente nesse processo. As pessoas ficam mais calmas, mais centradas, capazes de enxergar outras possibilidades de diálogo. A prática corporal chinesa também proporciona a consciência de auto cuidado, porque ela não é só biomecânica. Ela traz junto com os movimentos todo um conhecimento teórico da cultura chinesa que trabalha essa percepção de energia no corpo, que os chineses chamam de sopro vital, o chi e que é extremamente importante para nossa realidade", detalhou.

Por Vívian Campos/ Ascom-ESP-MG

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