As ações de capacitação e sensibilização das equipes de imunização dos municípios vêm contribuindo para o aumento das coberturas vacinais de crianças menores de dois anos de idade na área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos. A vacinação extramuros e a busca ativa de crianças com doses atrasadas são duas estratégias utilizadas para melhorar a média geral, que subiu de 59% em 2021 para 83% no ano passado.
Os dados foram apresentados no monitoramento das coberturas vacinais de crianças e adolescentes realizado em 27/3, no auditório da Associação Pública dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Grande (Consórcio Ameg). O evento foi promovido pela SRS Passos, através do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi) e Grupo de Análise e Monitoramento da Vacinação (Gamov-MG) e Regional de Passos.
O monitoramento é um instrumento do projeto “Estratégias para o aumento de coberturas vacinais em crianças e adolescentes em Minas Gerais; Brasil, uma pesquisa-intervenção”, parceria da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) com a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG), por meio do Observatório de Pesquisa e Estudos em Vacinação (Opesv).
O projeto começou a ser executado na Regional de Passos em maio de 2022, quando foi realizada uma oficina para as equipes municipais de imunização para aumento da cobertura vacinal de crianças menores de dois anos. Em fevereiro do ano seguinte, ocorreu o primeiro monitoramento. Em julho de 2023, foi a vez da oficina para adolescentes, com o monitoramento no último 27/3.
Segundo a superintendente Kátia Rita Gonçalves, o aumento das coberturas vacinais e a atuação conjunta entre a União, estados e municípios para o alcance desse objetivo estão entre as diretrizes da 17ª Conferência Nacional de Saúde. “Através de suas Unidades Regionais de Saúde (URSs), mobilizando as secretarias municipais de saúde, a SES-MG fomenta e promove estratégias para o aumento de coberturas vacinais em crianças e adolescentes em Minas Gerais”, disse Kátia Gonçalves.
Resultados
Os resultados dos municípios da SRS Passos foram apresentados por Elice Eliane Nobre Ribeiro e Janaina Fonseca Almeida Souza, que atuam na parceria do projeto. Os dados foram obtidos por meio dos indicadores das estratégias realizadas pelos municípios em busca das coberturas vacinais, que são: capacitação e sensibilização de equipe, supervisões em salas de vacinas, ações extramuros e busca ativa de crianças com o cartão de imunizações incompletos e reuniões integradas de vigilância em saúde, imunização e Atenção Primária à Saúde (APS).
Os dados mostram “excelentes resultados” na supervisão de salas de vacina, feitas pela SRS Passos, conforme destacou Janaína Fonseca, e um importante percentual (88,5%) de crianças com vacinas atrasadas que foram “buscadas e vacinadas” e uma média de 7,5 ações para vacinação extramuros realizadas dentro do projeto.
Em relação às coberturas vacinais, dados do Painel de Cobertura Vacinal do Ministério da Saúde, para a faixa etária de crianças de até dois anos, mostram um crescimento da média dos 27 municípios da Regional de Passos – de 59% em 2021 e 62% em 2022 para 83% em 2023. No entanto, ainda falta alcançar as metas preconizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), que são de 90% para as vacinas BCG e rotavírus e 95% para os demais imunizantes.
Continuidade
Para Elice Ribeiro, o avanço das coberturas desde que o projeto foi iniciado deve motivar as referências municipais a manter as ações pela busca das metas vacinais. “Esse projeto precisa continuar para que a gente possa, cada dia mais, fortalecer as melhorias das coberturas vacinais, diminuindo o impacto e o risco de adoecer e morrer em decorrência dos vírus que estão batendo em nossa porta”, ressaltou.
Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SRS Passos, Márcia Aparecida Viana, os municípios da Regional de Saúde de Passos estão empenhados no desenvolvimento do projeto. “Depois de ser desenvolvido para crianças de até dois anos de idade, agora é a vez dos adolescentes. E para se conhecer e avaliar a efetividade das ações dos municípios, necessário se faz monitorar os indicadores constantes no projeto, para que o objetivo seja alcançado sem surpresas”, disse.
Desafios
A coordenadora do Gamov-Regional de Passos, Patrícia Mendes Costa, observa que o monitoramento dos indicadores vacinais é uma etapa do projeto que permite conhecer e avaliar o que tem sido feito nos municípios, permitindo ajustes e novas estratégias. “São muitos os desafios para voltarmos a alcançar bons índices de cobertura vacinal, o planejamento e organização dos processos de trabalho tem relevância fundamental neste objetivo”, disse.
A referência técnica de imunizações da SRS Passos, Sueli Veloso Maia, avalia que o trabalho de todos vêm contribuindo para a melhoria das coberturas vacinais das crianças, mas espera mais resistência entre os adolescentes. “A dificuldade maior está em obter a adesão da população dos adolescentes. E, para conseguirmos esse objetivo, há necessidade de levarmos a vacina onde eles se encontram. O local mais adequado seriam as escolas. Para tanto, contamos com a parceria da atenção básica e das autoridades escolares de forma que, juntos e unindo esforços, consigam obter êxito nessa proposta de trabalho”, comentou.
Vacina Mais Minas
Além dessa parceria com a UFMG, a SES-MG criou a campanha Vacina Mais Minas, para atingir as metas de imunização no estado. Neste mês, em 13 de abril, foi realizada uma grande mobilização nos municípios para o Dia D visando a intensificação das ações extramuros e a busca ativa de crianças e adolescentes com a vacinação atrasada. Na Regional de Saúde de Passos, os 27 municípios aderiram à ação.
“O movimento Vacina Mais Minas é de todos. Não é do Ministério da Saúde, do estado e municípios, é da sociedade”, salienta a superintendente da SRS Passos, Kátia Gonçalves. “Através do Vacina Mais Minas, a SES-MG estabelece critérios e fluxos para repasse de incentivo financeiro estadual de custeio para o fortalecimento das ações de vacinação dos municípios em Minas Gerais, entre ele o Vacimóvel, que incentiva a vacinação extramuros”, conclui Kátia Gonçalves.
O Vacimóvel é um veículo adaptado para funcionar como sala de vacinação itinerante, financiado com recursos do estado, através do projeto Vacimóvel, aprovado pela Deliberação nº 4.302/2023 CIB-SUS/MG (Comissão Intergestores Bipartite/Sistema Único de Saúde de Minas Gerais).