“Tivemos a oficina sobre o aumento de coberturas vacinais. Um assunto muito importante tendo em vista o atual momento que estamos vivenciando de quedas nas coberturas vacinais e risco de retorno de doenças que já não existiam”. A declaração da coordenadora de Vigilância em Saúde de São José da Lapa, Gláucia Maria da Cruz, sobre a “Oficina Conjunta para Aumento de Coberturas Vacinais de Crianças e Adolescentes” realizada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com o Observatório de Pesquisa e Estudos em Vacinação (OPESV), da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG), nos dias 26 e 27 de fevereiro, no campus da Universidade.

O caráter inovador do projeto é destacado pela coordenadora do Programa de Imunizações da SES-MG, Joseane Gusmão. “Associar Academia e serviço com o propósito de aumentar a cobertura vacinal demonstra a característica inovadora do projeto”, disse. Gusmão explica como ocorre o processo de interação entre pesquisadores e profissionais da SES-MG. “Fazemos oficina com municípios da área de abrangência de cada URS. Os profissionais discutem o cenário das coberturas vacinais de acordo com a realidade de cada um. É importante destacar que esse projeto proporciona momento nas oficinas estratégias de outros municípios. Há troca de experiências para fomentar ações e parcerias”, explicou a coordenadora. A partir da oficina e da consequente troca de experiência entre os participantes, os municípios pensam novas estratégias para implantação no território. “Temos momentos em que são escolhidos municípios com experiências exitosas para apresentá-las. Isso acaba estimulando os demais municípios”, salienta Gusmão.

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Líder do Opesv e professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Fernanda Matozinhos, explica o diferencial do projeto. “Com a queda das coberturas vacinais, vimos que é importante intervir. Tem o diferencial entre alinhar conhecimentos entre Universidade e o Serviço. Fernanda Matozinhos esclarece que os municípios devem pensar a própria estratégia. Inicialmente, foi pensado para crianças menores de 2 anos. “Esses municípios pensam em ações para aumentar indicadores de processo de processo de trabalho e consequentemente a cobertura vacinal dos ciclos de vida. É um produto que não é só da Academia, mas interfere nos territórios, nos processos de trabalho para melhorar os indicadores de imunização”, diz Matozinhos.

A aplicabilidade do projeto é reforçada pela coordenadora de Vigilância em Saúde de São José da Lapa, Gláucia Maria da Cruz. Ela salienta que o momento de discussão de ações e troca de experiências entre os municípios foi o ponto alto da oficina. “É a possibilidade de repensar as ações no território tendo como base experiências exitosas. As dificuldades são de todos os municípios e o exemplo é um caminho para superar os desafios de cada dia”, afirma.

O secretário de saúde de Mateus Leme, Wagner Barbalho, destaca a relevância de abordar a imunização no contexto atual. “Devemos tratar a imunização de forma diferenciada. É a única forma de enfrentar certas doenças. Precisamos fortalecer o tema como fundamental. A população deve entender que, se está difícil imunizando, imagine sem imunizar”. A respeito do evento, o secretário enfatiza o impacto no cotidiano da população. “A imunização é um tema que tratamos com a população desde o nascimento da criança. Devemos abordar melhor na ponta, com mais informações para os profissionais”, observa.

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A superintendente da Unidade Regional de Saúde de Belo Horizonte, Débora Tavares, aponta o momento estratégico da Oficina. “Temos o desafio de voltarmos a alcançar a cobertura vacinal que já tivemos em outro momento. Os municípios de nossa área de abrangência têm um papel fundamental para a proteção, via cobertura vacinal da população mineira. A Regional apoia os municípios nessas ações e a parceria entre SES-MG e UFMG proporciona qualificação nas ações ", ressalta.

Para a coordenadora de imunização de Juatuba, Laressa Araújo, o evento possibilita oportunidade de melhoria de cobertura vacinal. “Essa parceria com a UFMG proporciona troca de experiências para serem aplicadas na nossa realidade”.

“A interface entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a Vigilância em Saúde é essencial. A qualificação dessa integração é fundamental. O projeto é uma experiência que deu certo com o trabalho integrado, os resultados são muito positivos e os indicadores mostram isso”, declara a referência técnica da Coordenação de Qualificação dos Processos de Trabalho em Atenção Primária à Saúde, Bruna Silva. Para Silva, o projeto traz a perspectiva de intervenção dos municípios. “A estratégia vem dos municípios. O projeto expõe também o que precisamos aperfeiçoar enquanto gestão”.

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Parceria
“A oficina é um momento importante e um diferencial enorme do projeto. Na oficina, apresentamos a todos os presentes envolvidos na vacinação, o cenário das coberturas vacinas e os recorrentes dos municípios. Fazemos uma reflexão sobre o problema. Ouvimos dos municípios quais são as dificuldades e as estratégias. O produto é a elaboração de um plano de ação de imunização a partir da realidade deles”. A explanação é de Eliane Nobre, pesquisadora do Opesv que foi secretária municipal de saúde e esteve também em liderança na SES-MG. Aliando o conhecimento prático com a experiência no Opesv, Nobre detalha o processo que ocorre no projeto. A pesquisadora relata que “os municípios encaminham os planos de ação para a Unidade Regional de Saúde (URS) que acompanham o processo junto com a SES-MG e a Opesv. No monitoramento, retornamos para os municípios para verificar a situação. As oficinas apresentam, por meio de dados, que conseguimos melhorar as coberturas vacinas”.

Pesquisador no Opesv, Thales Silva, destaca a customização dos planos de imunização. “Um grande diferencial é que os municípios pensam os planos de ação de modo próprio. Os indicadores não são novos, mas pensados de forma intersetorial. Indicadores do processo de trabalho. Os profissionais já têm familiaridade com esses indicadores. Conseguimos observar o impacto do projeto”.

O evento contou com a participação de gestores, referências da Vigilância em Saúde e da Atenção Primária dos 39 municípios da Unidade Regional de Saúde de Belo Horizonte (URS-BH), bem como com representantes do OPESV e da SES-MG.

Por Leandro Heringer

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