As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Em Minas Gerais, a hepatite A, que atinge principalmente crianças, é a mais comum. Contudo, as hepatites B e C causam maior preocupação, pois podem evoluir para cirrose e até câncer no fígado, além de não apresentarem sintomas o que faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico.
O impacto dessas infecções acarreta aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada às do HIV e tuberculose.
Também conhecida como Hepatite Infecciosa, é uma doença causada pelo vírus A (HAV) da hepatite. Na maioria dos casos é uma doença de caráter benigno, porém, ela se torna mais perigosa com o aumento da idade.
A pessoa exposta a esse vírus, adquire imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção.
TRANSMISSÃO
A transmissão da hepatite A é fecal-oral, ou seja, contato de fezes com a boca.
A doença tem grande relação com alimentos ou água contaminados; baixos níveis de saneamento básico e higiene pessoal.
Outras formas de transmissão são contato pessoal próximo (intradomiciliares, pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches), e contato sexual (especialmente em homens que fazem sexo com homens -HSH).
A estabilidade do vírus da hepatite A (HAV) no meio ambiente e a grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados contribuem para a transmissão
SINTOMAS
Geralmente, quando presentes, os sintomas não são específicos, podendo se manifestar inicialmente como
- Fadiga;
- Mal-estar;
- Febre;
- Dores musculares;
- Enjoo e náusea;
- Vômitos;
- Perda de Apetite;
- Dor abdominal;
- Constipação ou diarreia;
- Urina escura (cor de café);
- Olhos e pele amarelados (Icterícia);
- Fezes esbranquiçadas.
Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses.
PREVENÇÃO
Além da vacina, que deve ser dada nas crianças a partir de 15 meses a menores de 5 anos, existem outras maneiras de evitar o contágio da Hepatite A, como:
- Lavar as mãos após ir ao banheiro, trocar fraldas e antes de comer ou preparar alimentos;
- Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
- Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar, peixes e carnes de porco;
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
- No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
- Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto a céu aberto;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios, para não comprometer o lençol d'água que alimenta o poço;
- Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico é realizado por exame de sangue, no qual se pesquisa a presença de anticorpos anti-HAV IgM (infecção inicial), que podem permanecer detectáveis por cerca de seis meses.
É possível também fazer a pesquisa do anticorpo IgG para verificar infecção passada ou então resposta vacinal de imunidade. De qualquer modo, após a infecção e evolução para a cura, os anticorpos produzidos impedem nova infeção, produzindo uma imunidade duradoura.
Não há nenhum tratamento específico para hepatite A. O mais importante é evitar a automedicação para alívio dos sintomas, uma vez que, o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado podem piorar o quadro.
O médico saberá prescrever o medicamento mais adequado para melhorar o conforto e garantir o balanço nutricional adequado, incluindo a reposição de fluidos perdidos pelos vômitos e diarreia.
TRATAMENTO
A doença é totalmente curável quando o portador segue corretamente todas as recomendações médicas. Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno. O tratamento baseia-se em dieta e repouso. Geralmente melhora em semanas e a pessoa adquire a imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção.
VACINAÇÃO
A vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura e é a principal medida de prevenção contra a doença. Atualmente, faz parte do calendário infantil, no esquema de 1 dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até menores de 5 anos).
Além disso, a vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), no esquema de 2 doses – com intervalo mínimo de 6 meses – para pessoas acima de 1 ano de idade com as seguintes condições:
- Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV;
- Pessoas com coagulopatias, hemoglobinopatias, trissomias, doenças de depósito ou fibrose cística (mucoviscidose);
- Pessoas vivendo com HIV;
- Pessoas submetidas à terapia imunossupressora ou que vivem com doença imunodepressora;
- Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes, ou transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea);
- Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes.
A gestação e a lactação não têm contraindicações para imunização.
Também chamada de soro-homóloga, é uma doença infecciosa e transmissível causada pelo vírus B (HBV). Como o HBV está presente no sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível que, em geral, não possui sintomas na fase inicial, porém quando evolui para as formas crônicas pode levar a complicações como a cirrose, o câncer de fígado, transplante e até a morte. A principal forma de prevenção é por meio da vacinação.
A hepatite B pode se desenvolver de duas formas: aguda e crônica. A aguda é quando a infecção tem curta duração. A forma é crônica quando a doença dura mais de 6 meses. O risco da doença se tornar crônica depende da idade na qual ocorre a infecção.
TRANSMISSÃO
Pode ser transmitida da mãe para o filho durante a gestação ou durante o parto, sendo denominado de transmissão vertical. Esse tipo de transmissão, caso não seja evitada, pode causar uma evolução desfavorável para o bebê, que apresenta maior chance de desenvolver a hepatite b crônica.
- A transmissão pode se dar também:
- Através de sangue contaminado;
- Ao compartilhar materiais como seringa, agulhas, objetos de higiene pessoal lâminas de barbear e depilar, escovas de dentes, alicate de unhas e outros objetos que furam ou cortam ou utilizados na confecção de tatuagens e colocação de piercing;
- Através de relações sexuais desprotegidas com pessoa contaminada.
SINTOMAS
Na maioria dos casos a hepatite B não apresenta sintomas. Muitas vezes a doença é diagnosticada décadas após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado, como:
- Cansaço;
- Tontura;
- Enjoo;
- Vômitos;
- Febre;
- Dor abdominal;
- Pele e olhos amarelados.
PREVENÇÃO
A principal forma de prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é a vacina, que está disponível no SUS para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade.
Outras formas de prevenção devem ser observadas, como:
- Usar camisinha em todas as relações sexuais. O preservativo está disponível na rede pública de saúde;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.
PREVENÇÃO DURANTE O PRÉ-NATAL
Toda mulher grávida precisa fazer o pré-natal e os exames para detectar a hepatites B e C, o HIV e a sífilis. Esse cuidado é fundamental para evitar a transmissão de mãe para filho. Em caso positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas, inclusive sobre o tipo de parto.
A investigação para hepatite B em gestantes deve ser feito a partir do primeiro trimestre ou quando do início do pré-natal (primeira consulta), sendo que o exame pode ser feito por meio laboratorial e/ou testes rápidos.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
A ausência de sintomas na fase inicial dificulta o diagnóstico precoce da infecção, exigindo preparação dos profissionais da saúde para ofertar os testes rápidos ou exames sorológicos. Os pacientes também podem solicitar espontaneamente a realização do teste rápido nas unidades básicas de saúde.
Há a necessidade de realizar exames que detectem as hepatites caso você já tenha se exposto a algumas dessas situações:
- Teve mais de 2 parcerias sexuais em 1 ano.
- Usa piercing ou tem tatuagem;
- Utiliza ou já utilizou drogas injetáveis, inaláveis ou pipadas;
- Utiliza ou já utilizou anabolizantes ou outros produtos injetáveis para a atividade física;
- Transfusão de sangue antes de 1993;
- Cirurgia de grande porte antes de 1993 (inclusive cesárea).
A hepatite B não tem cura. O tratamento disponibilizado no SUS objetiva reduzir as complicações e os risco de avanço da doença, especificamente cirrose, câncer hepático e morte.
VACINA
A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da doença. A vacina da hepatite B está disponível no SUS para toda a população independente da faixa etária. Depois de receber, da forma recomendada, todo o esquema vacinal a pessoa fica imunizada pelo resto da vida.
- Recém-nascidos devem receber a 1ª dose nas primeiras 24 horas de vida, preferencialmente nas primeiras 12 horas ou na primeira visita no centro de saúde em até 30 dias. A continuidade do esquema vacinal será garantida com a aplicação da vacina Pentavalente em três doses, com intervalo de 60 dias entre as doses;
- Indivíduos a partir dos 5 anos de idade e sem comprovação vacinal, administra-se três doses da vacina hepatite B, com intervalo de um mês (30 dias) entre a primeira e a segunda dose e de seis meses (180 dias) entre a primeira e a terceira dose.