Seis municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros já alcançaram a meta de vacinar 100% de cães e gatos dentro da Campanha Nacional de Vacinação Antirrábica, iniciada em agosto. Com a imunização de 18,7 mil animais, os municípios de Santo Antônio do Retiro, Riacho dos Machados, Novorizonte, Espinosa, Gameleiras e Monte Azul já superaram a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde e, com isso, nessas localidades a possibilidade de circulação do vírus causador da raiva está reduzido.

Até o momento, dos 54 municípios que integram a área de atuação da SRS de Montes Claros, 46 localidades já iniciaram a vacinação antirrábica. De acordo com dados repassados nesta semana pelos municípios, o índice de cobertura vacinal de cães e gatos já chegou a 60,88%, totalizando mais de 141 mil animais imunizados. A estimativa é de que mais de 232 mil animais devem ser vacinados.

As localidades que têm previsão de vacinar maior número de cães e gatos são: Montes Claros (55 mil 911); Janaúba (12 mil 808); Bocaiúva (11 mil 363); Francisco Sá (10 mil 202); Rio Pardo de Minas (9.476); Porteirinha (7 mil 967); Jaíba (7 mil 119); Taiobeiras (6 mil 807); Espinosa (6 mil 623); Salinas (6 mil 225) e Coração de Jesus (6 mil 088).

A coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde, Agna Soares da Silva Menezes, explica que a partir do momento em que as secretarias municipais de saúde buscam as vacinas na SRS, o prazo para a realização da Campanha é de 45 dias.

Créditos: Pedro Costa

“É de fundamental importância que os municípios agilizem a Campanha a fim de promover a cobertura vacinal nos cães e gatos e, dessa forma, evitar que transmitam o vírus da raiva a pessoas. Os nossos registros mostram que o último caso de raiva canina, em Minas Gerais, foi em 2012. E, anterior a esse caso, em 2006, sinalizando que os procedimentos adotados estão sendo eficientes para a prevenção do vírus rábico nos animais domésticos”, ressalta a coordenadora.

Para o êxito da campanha todos os municípios receberam orientações técnicas, inclusive em relação às providências que devem ser tomadas para que seja alcançada a meta de vacinação de 100% dos animais existentes em cada localidade.

Devido à pandemia da Covid-19 os municípios devem adotar várias medidas de segurança, entre elas o uso de luvas e máscaras por parte dos profissionais envolvidos com a vacinação; higienização constante das mãos com água e sabão; manutenção do distanciamento social; evitar aglomerações e contato físico com o proprietário dos animais e outras pessoas.

Dependendo da situação de cada município, a Secretaria de Estado da Saúde – (SES-MG) também recomenda que a vacinação seja realizada de casa em casa, evitando aglomerações e assegurando que todos os animais sejam vacinados dentro do prazo previsto.

“O contexto epidemiológico exige atenção e aprimoramento nas atividades de vigilância, tanto no ciclo urbano como silvestre. A campanha anual de vacinação antirrábica é uma atividade extremamente importante e necessária no processo preventivo”, observa o médico veterinário Milton Formiga, referência técnica da vigilância epidemiológica da SRS.

Transmissão

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda que acomete mamíferos, inclusive o homem. É transmitida por morcegos, gambás, guaxinins e outros animais selvagens. É uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição ao vírus.

A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura. Também pode ser transmitida pela arranhadura ou lambedura desses animais.

No ciclo urbano a raiva é passível de eliminação pela vacinação de cães e gatos, além da existência de medidas eficientes de prevenção, como a imunização humana; a disponibilização de soro antirrábico humano e bloqueios de foco.
O período de incubação é variável entre as espécies, mas pode levar de poucos dias a um ano, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças.

Sintomas

Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva (fase prodrômica), que duram em média de dois a dez dias. O paciente apresenta mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaleia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento; irritabilidade; inquietude e sensação de angústia.

Pode ocorrer inchaço, aumento da sensibilidade ao tato ou à dor, frio, calor, formigamento, agulhadas, adormecimento ou pressão no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura e alterações de comportamento.
A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes; febre; delírios; espasmos musculares involuntários, generalizados ou convulsões. Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa (“hidrofobia”).

Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando à alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia (dificuldade de engolir); aerofobia (medo de ficar ao ar livre); hiperacusia (irritabilidade a sons) e fotofobia (sensibilidade à luz).

O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito é, em geral, de dois a sete dias.

Tratamento

A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos casos de raiva humana pode ser realizado pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical.
A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.

Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos. Entretanto, é importante salientar que nem todos os pacientes de raiva, mesmo submetidos ao protocolo, sobrevivem.

Por Pedro Costa