Em entrevista coletiva virtual sobre o panorama da Covid-19 no Estado, concedida no início da tarde desta quarta-feira (27/5), na cidade administrativa, em Belo Horizonte, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, voltou a enfatizar que a estrutura da rede de saúde obedece a uma lógica regionalizada, com municípios exercendo diferentes funções em termos de complexidade dos serviços de saúde. A ampliação da capacidade de atendimento, que atualmente conta com 12.132 leitos clínicos e 2.679 leitos de UTI, conforme a base de dados cadastrada no SUS Fácil, depende da existência da formação de equipes com profissionais experientes e estrutura adequada, o que faz com que os municípios maiores acabem concentrando a disponibilidade de terapia intensiva.

Fotos: Pedro Gontijo

“Uma parte muito grande dos 853 municípios de Minas Gerais tem até 5 mil habitantes, se considerarmos aqueles que contam com 10 mil pessoas, temos uma parcela ainda maior. Não é uma questão que se resolve apenas com o ventilador [para a respiração artificial], é necessário o profissional para manuseio desses equipamentos. Nesse sentido, desde fevereiro nós identificamos os hospitais que têm terapia intensiva e equipe preparada, para que pudessem aumentar os leitos. O SUS, de forma geral, sempre teve essa característica. Não há como colocar ventilador onde não tem equipe. Precisa de ter pessoal para assistência em 24h, 07 dias por semana. Para os municípios menores, procuramos que seja feita estabilização do paciente para transferir aqueles com maior capacidade”, avaliou o secretário.

Carlos Eduardo Amaral ainda fez análise sobre o cenário epidemiológico em Minas Gerais. Até o momento, foram 8.011 casos confirmados, dos quais 3.906 estão em acompanhamento e 3.865 são classificados como recuperados. Com relação aos óbitos, 240 foram confirmados, 184 encontram-se em investigação e 717 foram descartados para Covid-19. “Nós temos mais casos agora do que no início da epidemia. O que limita o aumento da transmissão é o distanciamento. Nas últimas semanas, muitos municípios começaram a aplicar testes rápidos, isso tem uma repercussão na contabilização de casos”, alegou.

O secretário ainda esclareceu que os testes rápidos permitem a identificação de casos em que os pacientes já tiveram a doença e estão com os anticorpos em seu organismo, o que pode indicar casos anteriores e não uma contaminação atual. “Em geral, a pessoa já ficou doente e está sendo detectada agora. Então com relação ao aumento de casos, o que é importante que se entenda é que esse aumento ocorra de maneira controlada”, afirmou.

Fotos: Pedro Gontijo

Isolamento

As medidas de isolamento e distanciamento social foram novamente enfatizadas pelo secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral. De acordo com ele, o programa Minas Consciente funciona como instrumento de coordenação para políticas de isolamento. “Poderemos ter longos anos de epidemia. É importante buscarmos o equilíbrio, de forma a compatibilizar a retomada da economia e também a preservação das vidas. Para que não seja necessário adotar medidas duras, como lockdown, o importante é mantermos o distanciamento, que não é só ficar em casa. O distanciamento, para quem tem que sair para trabalhar, é manter o uso de máscaras, cuidados com higiene das mãos, evitar filas, entre outros”. A manutenção desses cuidados é essencial para atrasar a propagação do vírus o máximo possível. “Se tivermos uma quebra, vai aumentar bastante o número de casos. Mas se tiver o isolamento adequado, podemos ter R0, que é o índice de transmissibilidade, menor”, apontou.

O secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, adicionou informando que o programa Minas Consciente estabelece “que a retomada seja feita dentro de critérios técnicos, objetivos e científicos. Caso haja movimento distinto, naturalmente, essas consequências deverão ser mensuradas”, completou.

Por Ramon Santos