A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Teófilo Otoni promoveu uma capacitação online sobre manejo clínico e ambiental da febre maculosa na quinta-feira (8/8), para os profissionais de saúde dos 32 municípios pertencentes à área de abrangência da unidade.

O superintendente da SRS Teófilo Otoni, Leonardo Figueiredo, ressaltou a importância da ação. “O objetivo dessa capacitação é qualificar os profissionais para que saibam conduzir os casos suspeitos da febre maculosa, evitando óbitos e surtos em nossa região”, declarou Leonardo.

14.08.2024-Febre maculosa-Maryana Rodrigues Prates e Déborah Ramos Goecking

A febre maculosa é uma doença causada por bactérias do gênero Rickettsia e transmitida ao homem pela picada do carrapato-estrela infectado. Embora a sua ocorrência seja mais frequente nos períodos de seca, especialmente entre os meses de junho a novembro, a doença pode ser notificada durante todo o ano. O Sudeste é uma das regiões brasileiras que mais registram casos de febre maculosa.

Segundo informações da Coordenação de Vigilância de Zoonoses da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES MG), em Minas Gerais foram confirmados 90 casos da doença em 2023, com 20 mortes registradas. Na área de abrangência da SRS Teófilo Otoni (32 municípios), dos 11 casos suspeitos notificados, um foi confirmado e nenhuma morte foi registrada, em 2023, conforme dados extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) . “Estamos no período sazonal da doença. Como não existe vacina, a adoção de medidas de prevenção e controle do parasita transmissor é fundamental para se evitar a doença”, pontuou a referência técnica regional em febre maculosa, Maryana Rodrigues Prates.

A prevenção da febre maculosa é baseada no impedimento do contato com o carrapato. A analista e pesquisadora de saúde e tecnologia, bióloga da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e uma das instrutoras do curso, Ana Lúcia do Amaral Pedroso, pontuou que nem todas as pessoas que desenvolvem a febre maculosa se recordam de terem sido picadas por carrapato. “Em zonas rurais ou periurbanas, encontrar carrapato no corpo é considerado uma situação rotineira, o que pode dificultar a caracterização do caso como suspeito”, enfatizou Ana Lúcia.

Ana Lúcia destacou a importância da adoção de medidas de proteção ambiental para evitar a doença, como limpar terrenos baldios, parques, praças gramadas e quintais, com a remoção do excesso de vegetação e material orgânico nesses espaços; usar barreiras cascalho ou lascas de madeira entre áreas gramadas e áreas de convívio para reduzir migração de carrapatos; usar botas, roupas claras e compridas quando circular em locais com grama ou vegetação alta e verificar a existência do carrapato no corpo e também nos animais de estimação.

A chance de contaminação por febre maculosa aumenta com o tempo de permanência do carrapato na pele. A infectologista e uma das instrutoras da capacitação, Liliana de Oliveira Rocha, ressaltou que não se deve esmagar o animal na pele. “O ideal é retirá-lo com uma pinça, de forma que ele saia inteiro, diminuindo assim a chance de contaminação”, pontuou Liliana.

Os sintomas da febre maculosa manifestam-se de forma leve, moderada ou grave, podendo levar à morte em quase 80% dos casos graves. Os principais sintomas da doença são: febre alta de início repentino; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia e dor abdominal; dor muscular constante; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.

Segundo os especialistas, a febre maculosa é de difícil diagnóstico, podendo os sintomas iniciais apresentarem semelhança com outras doenças como leptospirose, dengue, hepatite viral e febre amarela.

Liliana Rocha destacou que, nos casos suspeitos, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, antes mesmo da divulgação do resultado do exame. “A recomendação é iniciar o tratamento até o quarto dia de sintoma”, explicou a infectologista. Liliana pontuou que os óbitos por febre maculosa estão relacionados ao tratamento tardio. “Quanto mais cedo a terapia for iniciada, maiores são as chances de se evitar complicações e morte do paciente”, complementou.

No surgimento de quaisquer sintomas, a recomendação é procurar a unidade básica de saúde para avaliação. Os exames para o diagnóstico e o tratamento da febre maculosa são realizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Por Déborah Ramos Goecking / Imagem: Maryana Rodrigues Prates e Déborah Ramos Goecking