A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros realizou na sexta-feira (9/8) o encontro de capacitação teórico e prático sobre o protocolo de vigilância da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB), envolvendo enfermeiros de Mato Verde, Salinas e Grão Mogol, além de acadêmicos e estudantes do curso técnico de enfermagem do Centro de Educação Profissional e Tecnológico da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). A iniciativa foi conduzida pelas referências técnicas de vigilância epidemiológica e de saúde da SRS, Siderllany Aparecida Mendes Vieira, Mônica de Lourdes Rochido e Cláudia Mendes Versiane.

“A infecção latente da tuberculose ocorre quando uma pessoa possui o bacilo, mas ele não causa a doença. A pessoa permanece saudável por muitos anos com imunidade variável à doença. Porém, 25% da população mundial possui a ILTB; 40% dos casos de tuberculose envolvem crianças com idade inferior a um ano; 25% dos diagnósticos têm como vítimas crianças com idade entre um e cinco anos, bem como idosos. Outros 15% dos casos acometem adolescentes e 5% dos diagnósticos envolve pessoas adultas”, explicou Siderllany Mendes.

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Entre as pessoas com maior risco de adoecimento por tuberculose estão: população em situação de rua; pessoas em tratamento de diálise; pessoas com silicose (doença pulmonar causada pela inalação contínua e constante da sílica cristalina); pessoas com desnutrição, que fumam ou usam drogas ilícitas; pessoas com diabetes ou que migraram de locais de alta carga de tuberculose; pessoas vivendo com o vírus HIV; população privada de liberdade; pessoas que receberam transplantes de órgãos e tecidos ou que tiveram contatos recentes com pessoas com tuberculose.

A doença é transmitida de pessoa para pessoa pelo ar, quando o doente tosse, espirra, canta ou fala. A tosse, com duração de duas ou mais semanas, é um dos principais sintomas da tuberculose, acompanhada ou não de febre ao final da tarde, suor noturno e emagrecimento. Apesar da gravidade, a doença tem cura. O tratamento é gratuito e está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apontam que, nos últimos quatro anos, a cada dia uma média de 14 pessoas foram diagnosticadas com tuberculose em Minas Gerais, num total de 20.363 casos notificados. No mesmo período, outras 1.735 pessoas morreram em razão da doença, entre casos gerais e demais causas associadas (comorbidades).

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Teste tuberculínico
Durante a capacitação, Cláudia Versiane, referência técnica de vigilância epidemiológica e de saúde, abordou questões teóricas e práticas relativas à realização do PPD, também conhecido como teste tuberculínico ou reação Mantoux. Esse é o exame de triagem padrão para identificar a infecção por Mycobacterium tuberculosis.

A realização do teste é indicada para pessoas que nos últimos dois anos tiveram contato com outras pessoas acometidas por tuberculose; pessoas com HIV; pessoas em uso de inibidores de fator de necrose tumoral ou corticosteróides; pessoas com alterações radiológicas fibróticas ou sugestivas de sequela de tuberculose; pessoas na fase de pré-transplante; pessoas com silicose; pessoas com câncer de cabeça e pescoço, linfomas ou outras neoplasias hematológicas; pessoas com insuficiência renal em diálise; pessoas com diabetes, baixo peso, fumantes ou com calcificação isolada na radiografia de tórax. Também devem realizar o PPD profissionais de saúde; pessoas que vivem ou trabalham no sistema prisional ou em instituições de longa permanência.

O exame é feito por meio da injeção de um derivado proteico purificado (PPD), ou seja, de proteínas purificadas que estão presentes na superfície da bactéria da tuberculose. As proteínas são purificadas para que não haja o desenvolvimento da doença em pessoas que não possuem a bactéria, no entanto as proteínas reagem nas pessoas que estão infectadas ou foram vacinadas.
A substância é aplicada no antebraço esquerdo e o resultado deve ser interpretado entre 48 e, no máximo, 96 horas, que é o tempo que normalmente a reação leva para acontecer.

Para fazer o PPD não é necessário a pessoa ficar de jejum ou ter outro cuidado especial. Apenas é recomendado informar o uso de algum medicamento.

Os resultados do teste dependem do tamanho da reação na pele e, por isso, podem ser: até 5 milímetros em geral é considerado um resultado negativo e, por isso, não indicando infecção pela a bactéria da tuberculose, exceto em situações específicas; acima de 5 milímetros é um resultado positivo, indicando infecção pela bactéria da tuberculose, especialmente em crianças menores de dez anos não vacinadas ou vacinadas com a BCG há mais de dois anos; pessoas com HIV/AIDS, com imunidade enfraquecida ou que têm cicatrizes de tuberculose na radiografia de tórax.

Além do exame PPD, para confirmar ou descartar o diagnóstico de tuberculose, o médico pode indicar exames complementares, como radiografia de tórax, exames imunológicos e a baciloscopia, que é um exame laboratorial em que são pesquisados na amostra do paciente, geralmente escarro, os bacilos causadores da doença.

Reconhecimento
Neste ano, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros foi destaque durante a realização do VI Workshop para o Controle da Tuberculose no Território Mineiro, realizado no período de 23 a 25 de abril, em Belo Horizonte. O evento reuniu referências técnicas da SES-MG; Ministério da Saúde (MS); Fundação Ezequiel Dias (Funed); Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Durante a apresentação de quatro experiências exitosas para o controle da tuberculose no estado, a referência técnica da SRS, Siderllany Mendes, falou sobre o “Tratamento da Infecção Latente da Tuberculose em Pessoas Vivendo com HIV/Aids”.

Entre os certificados de reconhecimento conferidos à SRS estão o alcance de cinco importantes indicadores: proporção de casos de tuberculose pulmonar diagnosticados por teste rápido molecular; proporção de realização de cultura entre os casos de tuberculose pulmonar; proporção de casos sem encerramento (branco, ignorado e transferência); proporção de testagem para HIV entre os casos novos de tuberculose e proporção de contatos examinados dos casos novos de tuberculose pulmonar com confirmação laboratorial.

Por Pedro Ricardo / Fotos: Pedro Ricardo