Ao contrário do que muitos pensam ou imaginam, amamentar não é uma tarefa fácil. Exige vontade, determinação, entrega, espera e muita paciência. O que na prática é bem desafiador, principalmente nos dias atuais, em que as mulheres têm que lidar com uma enxurrada de informações, expectativas, cobranças e uma maternidade, algumas vezes, solitária, sem a devida rede apoio. Assim, com o intuito de alertar sobre a importância do aleitamento materno, a campanha Agosto Dourado ressalta a importância dessa rede de apoio para o sucesso da amamentação.

A advogada e servidora pública Renata Luz Pereira Gouvêa, de 42 anos, mãe da Ana Clara, de 7 anos, considera a amamentação uma etapa complexa, muitas vezes árdua, mas extremamente gratificante e linda. “Entendo que a amamentação é muito importante para a saúde do bebê e uma forma indescritível de conexão entre mãe e filho”, declara Renata. Para ela, a rede de apoio é fundamental para que a mãe tenha mais disposição e tempo de qualidade com a criança. “A maternidade pode ser muito mais leve e prazerosa quando a mãe pode contar com uma rede de apoio que a ajude com o bebê, possibilitando que ela possa descansar e se cuidar melhor”, finaliza.

Renata Luz Govea Pereira amamentando sua filha Ana Clara, hoje com 7 anos de idade

Além de fortalecer o vínculo emocional entre a mãe e a criança, o aleitamento materno oferece diversos benefícios à saúde de ambos. A nutricionista Materno Infantil, Marina Lara, explica que a amamentação auxilia na recuperação do parto e na perda de peso. “ A amamentação ajuda o útero a voltar ao tamanho normal mais rapidamente e reduz o risco de hemorragias pós-parto. Além disso, o processo de produção de leite consome calorias”, enfatiza a nutricionista.

Marina ressalta que o leite materno é rico em anticorpos e células imunológicas que ajudam a proteger o bebê contra infecções e doenças, além de reduzir o risco de obesidade, diabetes tipo dois, hipertensão e outras doenças crônicas na vida adulta. “O leite materno contém todos os nutrientes necessários para o crescimento do bebê nos primeiros seis meses de vida”, pontua Marina.

O Ministérios da Saúde (MS), por meio do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras menores de 2 anos, orienta que o leite materno deve ser o primeiro e único alimento a ser dado às crianças com até seis meses de idade e que, a partir desse período, podem ser oferecidos, além do leite materno, alimentos frescos, naturais ou minimamente processados.

Para impulsionar a prática do aleitamento materno exclusivo até os seis meses, o MS lançou em 2012 a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) cuja finalidade é qualificar o processo de trabalho dos profissionais da atenção básica para estimular a promoção do aleitamento materno e da alimentação saudável para crianças menores de dois anos.

Oficina de Formação de Tutores da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB)

Com o objetivo de fortalecer a EAAB na região, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Teófilo Otoni promoveu em junho deste ano, a Oficina de Formação de Tutores da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) na qual contou com a participação de enfermeiros e nutricionistas que atuam na rede pública de saúde dos 32 municípios pertencentes à área de abrangência da unidade regional.

A nutricionista e especialista em Gestão da Saúde e Formação Pedagógica em Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Teófilo Otoni, Elenice Ferreira de Souza, ressalta que esses profissionais são os pilares dessa estratégia e devem apoiar o planejamento, o acompanhamento e fortalecimento das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “Essas ações devem acontecer de forma contínua”, pontua Elenice.

Por Déborah Ramos Goecking / Fotos: André Batista e Déborah Ramos Goecking