O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) Regional de Montes Claros emitiu nesta quinta-feira, 1º de agosto, alerta epidemiológico, encaminhado aos 86 municípios que compõem a macrorregião de Saúde Norte de Minas, sobre a confirmação de um caso de febre maculosa em Montes Claros.

Trata-se de uma doença febril aguda, de gravidade variável, que pode cursar com formas leves e atípicas, até formas graves com elevada taxa de letalidade. A doença é causada por bactérias do gênero Rickettsia e é transmitida pela picada de carrapatos infectados.

Capacitação de profissionais de saúde sobre febre maculosa, realizada em agosto do ano passado em Montes Claros

O alerta epidemiológico “tem como objetivo a divulgação rápida e eficaz de conhecimento à população, parceiros e partes intervenientes, possibilitando o acesso a informações fidedignas que possam auxiliar nos diálogos para a tomada de medidas de proteção e controle em situações de emergência em saúde pública”, explica Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de Vigilância em Saúde e do Cievs na Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros.

O caso de febre maculosa ocorrido em Montes Claros foi confirmado no final da segunda quinzena de julho, a partir da análise de uma segunda amostra sorológica, realizada na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte. A doença acometeu um homem de 60 anos que trabalha como supervisor de equipe de maquinário agrícola em zonas rurais.

“É importante salientar que os municípios vêm notificando casos suspeitos de febre maculosa, porém, até então não havia ocorrido confirmação de nenhum deles. Vale lembrar, ainda, que, em agosto de 2023, houve a identificação de vetor positivo no município de Montes Claros, o que levou ao início de medidas e ações de controle”, observa o alerta epidemiológico do Cievs.

Capacitação de profissionais de saúde sobre febre maculosa, realizada em agosto do ano passado em Montes ClarosAgna Menezes frisa que “levando em conta o fato de que entre maio e novembro ocorre o período de sazonalidade da febre maculosa, é recomendado que os serviços de saúde dos municípios orientem a população para a adoção de medidas de prevenção contra a doença, principalmente em locais onde as pessoas ficam expostas a contatos com carrapatos”.

Nesse contexto, o Cievs recomenda aos municípios alertar os profissionais dos serviços de saúde para que “as portas de entrada estejam sensíveis à chegada de outros pacientes com sintomas compatíveis com a febre maculosa, com histórico de circulação por áreas com presença de carrapatos”.

Além da divulgação do Guia Febre Maculosa: Aspectos Epidemiológicos, Clínicos e Ambientais, os municípios também devem intensificar as ações de educação em saúde e comunicação de risco junto à população.

“As ações educativas estão entre as principais atividades preventivas com orientações adequadas a respeito das características clínicas, das áreas de risco, do ciclo do vetor e das orientações técnicas, buscando-se evitar o contato com os potenciais vetores”, reforça Agna Menezes.

Prevenção
Entre as medidas preventivas recomendadas à população pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde estão: uso de roupas claras para ajudar na identificação de carrapatos; uso de calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas; evitar andar em locais com grama ou vegetação alta; uso de repelentes contra carrapatos; verificar se pessoas e animais de estimação não estão com carrapatos; remover carrapatos em pessoas com uso de pinça, evitando apertá-los ou esmagá-los.

Já os municípios devem intensificar o manejo ambiental, independente da confirmação da circulação da bactéria gênero Rickettsia, a serem adotadas prioritariamente para o controle de carrapatos em todas as áreas infestadas; realizar vigilância dos vetores, enviando amostras para a realização de análises no laboratório da Funed; e notificar os casos suspeitos em até 24 horas e investigá-los.

A doença
Os principais sintomas da febre maculosa são: febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia; dor abdominal; dor muscular constante; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada cardiorrespiratória.

Os cavalos, canídeos (cães, lobos, chacais, coiotes e raposas), roedores como a capivara e marsupiais, como gambá, têm importante participação no ciclo de transmissão da febre maculosa. Eles podem atuar como amplificadores de riquétsias e/ou transportadores de carrapatos potencialmente infectados.

Em Minas Gerais, os principais vetores e reservatórios da febre maculosa são os carrapatos do gênero Amblyomma, também conhecidos como “carrapato estrela”, “carrapato de cavalo” ou “rodoleiro”. Já o agente etiológico mais frequente é a bactéria Rickettsia rickettsii, responsável por produzir os casos mais graves da doença.

O tratamento é realizado com antimicrobianos e deve ser iniciado de forma precoce, nas fases iniciais da doença, como forma de evitar complicações e óbitos. Se não tratado, o paciente pode evoluir para um estágio de apatia e confusão mental, com frequentes alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo.

Capacitação
Em agosto de 2023 a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros realizou curso teórico e prático sobre a investigação entomológica da febre maculosa. A iniciativa contou com a participação de referências técnicas municipais e de técnicos do Ministério da Saúde (MS) que atuam na Funed.

Por Pedro Ricardo / Pedro Ricardo - SRS de Montes Claros