A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora, por meio do Grupo Técnico Rede Hanseníase - Regional Juiz de Fora, realizou no dia 23 de janeiro, em seu auditório, uma reunião de capacitação para o combate à hanseníase. O evento teve como público-alvo os agentes comunitários de saúde (ACS) e profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) de áreas sem a Estratégia Saúde da Família. Os profissionais pertencem aos municípios da área de abrangência da SRS Juiz de Fora.

O objetivo do encontro foi capacitar e sensibilizar os profissionais em ações de enfrentamento da hanseníase, combate ao estigma e discriminação, além de mobilização e educação em saúde. A capacitação foi dividida nos turnos da manhã e tarde. Na parte da manhã foram capacitados os ACSs e profissionais da APS do município de Juiz de Fora. À tarde a mesma capacitação ocorreu para os ACSs e profissionais da APS dos outros 36 municípios que compõem a SRS de Juiz de Fora.

Durante a capacitação foi apresentado o cenário epidemiológico da hanseníase pela enfermeira e referência técnica regional do Programa de Controle da Hanseníase da SRS de Juiz de Fora, Ana Amélia Dias.

Foto: SRS Juiz de Fora

Na apresentação foram destacados os seguintes temas: Carga da doença em 2020 segundo dados da OMS (2022), boletim da hanseníase, e também a frequência de casos por faixa etária segundo o sexo, a frequência de casos por município de residência e modo de entrada, a proporção de contatos examinados entre os registros dos casos de hanseníase por município, o percentual de casos segundo a classificação operacional no momento do diagnóstico por município de residência. Os dados apresentados são de 2017 a 2022, dos municípios que abrangem a SRS de Juiz de Fora.

Em seguida, a dermatologista do departamento de Clínicas Especializadas do município de Juiz de Fora, Mônica Albuquerquepalestrou sobre a doença, abordando os sinais e sintomas utilizando a aplicação do questionário de suspeição. A mesma temática foi abordada na parte da tarde pela dermatologista do Hospital Universitário-UFJF Annair Freitas.

Por fim, a fisioterapeuta do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Liliany Loures, juntamente com a equipe da residência multiprofissional do HU, que compõe o ambulatório multiprofissional de hanseníase da Instituição, apresentou o tema “combate ao estigma e preconceito em relação à hanseníase”. A equipe destacou a necessidade do diagnóstico oportuno para reduzir as sequelas e da amplificação do conhecimento sobre o assunto para reduzir o preconceito, que existe até hoje.

O superintendente regional de saúde de Juiz de Fora, Renan Guimarães de Oliveira, abriu o evento, ressaltando a capilaridade e possibilidade dos ACSs em trazer o Sistema Único de Saúde (SUS) para junto do usuário, na ponta dos serviços, intervindo no território. “É muito importante fazer a reflexão dessa ação, para que possamos observar a família, a comunidade e poder agir também na prevenção e promoção da saúde" disse.

Também participaram do evento a coordenadora do Núcleo de Vigilância epidemiológica (NUVEPI), Cimara Fernanda da Paz de Souza Vieira, a coordenadora de Atenção à Saúde Nathália Sarciá Bastos, a diretora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Angélica da Conceição Oliveira Coelho, a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental Louise Cândido Souza, e a gerente  do Departamento de Desenvolvimento de Atenção à Saúde do município de Juiz de Fora , Denicy Chagas.

 

A hanseníase

É uma doença infecciosa, crônica e de grande importância para a saúde pública, devido a sua magnitude e seu aspecto incapacitante. O  potencial de incapacitar o doente está relacionado às deformidades físicas que acometem principalmente a forma, função e força de pés e mãos. As incapacidades geralmente não ocorrem no início do curso da doença e por isso estão relacionadas ao diagnóstico tardio, contribuindo para a manutenção do estigma e preconceito relacionados a esse agravo. A busca dos casos suspeitos deve fazer parte da rotina de trabalho de todos os profissionais da saúde, em especial os que atuam nos serviços de assistência.

A hanseníase é um agravo que acomete nervos periféricos e pele, apresentando como seu principal sintoma manchas na pele com perda de sensibilidade tátil e/ou dolorosa e/ou térmica.

O Brasil é o segundo país do mundo em número de pessoas infectadas. No entanto, nos últimos anos observou-se uma queda nas taxas de detecção, que pode estar relacionada aos impactos da pandemia da covid-19 sobre as ações e serviços de saúde. Foram 17.979 casos em 2020 (primeiro ano da pandemia), uma redução de 9.885 casos novos notificados quando comparado a 2019, que registrou 27.864 casos. Em 2021 foram registrados 18.318 novos casos da doença no país.

Cenário semelhante foi observado em Minas Gerais (10º estado do Brasil em número de casos), que apresentou uma redução na detecção de casos em 2020 (768), e ligeiro aumento nos anos seguintes, 2021 com notificação de 887 casos e 2022 contabilizando 806 casos em Minas. Nos anos que precederam a epidemia de covid-19, os números em Minas também foram um pouco maiores, reforçando a hipótese de relação entre a queda da taxa de detecção e as dificuldades dos serviços de Saúde por ocasião da pandemia. Em 2017 foram 1.130 casos novos, 2018 registrou 1.055, já 2019 foram 1.111 casos notificados de hanseníase em Minas Gerais.

As ações mais eficientes para interromper a cadeia de transmissão da doença são o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno, pois a partir do início do tratamento, já na primeira dose administrada da medicação  (poliquimioterapia única – PQT-U), o paciente deixa de transmitir a Hanseníase. Importante destacar que a hanseníase tem cura e o tratamento é disponibilizado pelo SUS para todas as pessoas acometidas pela doença no Brasil.

Por Roseli de Oliveira Alves

Enviar para impressão