No período de 27 a 29 de setembro, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vão realizar a terceira e última etapa do curso sobre vigilância e controle da transmissão da raiva. Os trabalhos foram iniciados em 2020. Mas, por causa da pandemia da covid-19, as atividades foram paralisadas e retomadas em maio deste ano, envolvendo a participação de coordenadores municipais de controle de zoonoses e referências técnicas de endemias dos 54 municípios que integram a área de abrangência da SRS Montes Claros. 

O objetivo da Coordenadoria de Vigilância em Saúde é atualizar os profissionais sobre questões relativas à raiva animal, além de melhorar a comunicação entre as equipes técnicas dos municípios com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

“Desenvolver o curso envolvendo os municípios nos possibilita melhorar as ações de comunicação, vigilância e controle da raiva, além de trazer para mais próximo dos profissionais um modelo de gestão para uma rápida atuação e suporte para o combate a uma enfermidade tão nociva que é a raiva animal e humana”, ressalta o médico veterinário da SRS Montes Claros, Milton Formiga de Souza Júnior.

O veterinário observa que, atualmente, dos 54 municípios que compõem a área de atuação da SRS, somente Montes Claros consegue desenvolver todas as ações de vigilância e controle da raiva. Por isso o município é considerado Área de Raiva Controlada (ARC). “Com a realização do curso, a meta da SRS Montes Claros é ampliar o número de municípios com condições técnicas de desenvolver as ações de vigilância, possibilitando com isso o aumento do controle da doença na região”, pontua Milton Formiga.

Nas duas primeiras etapas do curso, ministradas em maio e julho deste ano, Mílton Formiga e Amanda de Andrade Costa, referências técnicas da SRS Montes Claros, abordaram questões relativas à vigilância epidemiológica da raiva nas zonas urbanas e rurais; a vigilância ambiental por meio da implementação de pesquisa de animais reservatórios; vacinação de cães e gatos domésticos, bem como de pessoas. Na parte laboratorial os profissionais de saúde foram capacitados quanto à coleta e envio de amostras para o diagnóstico da raiva.

Com aulas práticas ministradas no Centro de Controle de Zoonoses de Montes Claros (CCZ), os profissionais de saúde desenvolveram ações específicas para as atividades de acompanhamento de animais sob suspeita de terem contraído raiva; procedimentos de eutanásia; coleta de material para pesquisa da doença; cuidados nos procedimentos de coleta, armazenamento e identificação de materiais; georreferenciamento para atividade de bloqueio vacinal; levantamento e análise de indicadores de saúde com dados específicos de cada município.

Foto: SRS Montes Claros

 

Programação

Na terceira fase do curso, com atividades de campo, veterinários do IMA vão repassar aos municípios as experiências de ações desenvolvidas nos últimos anos. Na terça-feira, 27 de setembro, a partir das 8 horas, no auditório das faculdades Funorte (Campus São Norberto, no centro de Montes Claros), os trabalhos serão iniciados por profissionais do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência e Emergência do Norte de Minas (Cisrun/Samu). Eles vão abordar o tema “Primeiros socorros: Ações que devem ser desenvolvidas durante o atendimento em campo”. 

A partir das 14 horas o professor Gilberto Ramalho Ferreira, do CCZ de Montes Claros, falará sobre “Acidentes com animais peçonhentos: controle e prevenção”.

Quarta-feira, 28, a programação do curso será aberta às 8 horas pelo professor e médico da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Mariano Fagundes, que vai falar sobre “Tratamento e manejo de pacientes acidentados por animais peçonhentos”. 

A partir das 14 horas, Amanda de Andrade Costa fará apresentação do panorama dos acidentes com animais peçonhentos nos municípios da área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros e atendimentos antirrábicos humanos no período de 2017 a 2021. 

Quinta-feira, 29, a partir das 8 horas, o curso será encerrado pelo professor Jomar Zatti, do IMA. Ele falará sobre “Noções de segurança em cavernas”, onde profissionais de controle de endemias e de zoonoses podem atuar na captura de morcegos para a realização de exames para identificação de animais portadores do vírus da raiva.

 

A Doença

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes, lembra que a raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós–exposição ao vírus. A doença é transmitida às pessoas pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura. A doença também pode ser transmitida pela arranhadura ou lambedura desses animais.

Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de dois a dez dias. Nesse período, o paciente apresenta mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaléia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento; irritabilidade; inquietude e sensação de angústia.

Podem ocorrer inchaço, aumento da sensibilidade ao tato ou à dor, frio, calor, formigamento, agulhadas, adormecimento ou pressão no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura e alterações de comportamento.

A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes; febre; delírios; espasmos musculares involuntários generalizados ou convulsões.

No Brasil, entre 2010 e 2021 foram registrados 39 casos de raiva humana transmitidos por diversas espécies animais (cães, gatos, macacos e morcegos). No entanto, o número de notificações em que o morcego é o animal agressor tem aumentado. 

 

Conteúdo produzido durante a campanha eleitoral e publicado após o período de vedação legal de divulgação.

Por Pedro Ricardo