A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros inicia segunda-feira, 23 de maio, a realização de minicurso sobre raiva, voltado à participação de coordenadores municipais de controle de zoonoses e referências técnicas do setor de endemias. A iniciativa, que na primeira fase terá aulas teóricas ministradas por meio da plataforma Microsoft Teams, objetiva atualizar informações sobre raiva animal, além de melhorar a comunicação entre os coordenadores municipais e suas equipes técnicas e, esses, com a SRS Montes Claros.

O curso será ministrado pelo médico veterinário, Milton Formiga de Souza Júnior e pela enfermeira e referência técnica em raiva humana, Amanda de Andrade Costa. Eles explicam que, além da atualização de informações, o curso tem o propósito de desenvolver a atividade de vigilância epidemiológica nas zonas urbanas e rurais; a vigilância ambiental por meio da implementação de pesquisa de animais reservatórios para o vírus da raiva; observação de cães e gatos envolvidos em acidentes, bem como o tratamento de pessoas pós-exposição com animais. Na parte laboratorial os profissionais de saúde serão capacitados quanto à coleta e envio de amostras para o diagnóstico da raiva, além de analisar os casos notificados por municípios.

Após as aulas teóricas, a segunda fase do curso será realizada em julho, com a participação de dois profissionais de cada município. Eles terão aulas práticas no Centro de Controle de Zoonoses de Montes Claros, abordando noções de realização de procedimentos de necropsia e assistência a médicos veterinários para as atividades de eutanásia de animais.

A terceira fase do curso será implementada em agosto, também no Centro de Controle de Zoonoses de Montes Claros. Nesta etapa os profissionais dos municípios participarão de treinamentos de primeiros socorros, além de segurança e prevenção em acidentes ocorridos durante atividades de risco. Nesta fase, especialistas do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) vão conduzir as atividades de campo, focados na captura e identificação de morcegos, que também são transmissores da raiva.

Foto: Internet

Milton Formiga explica que a é a primeira vez que um curso de atualização sobre raiva é desenvolvido com a modalidade de trabalho teórico e prática, envolvendo a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o IMA e as equipes municipais de controle de endemias. A ideia é fazer uma varredura nos locais onde foram registradas a presença dos morcegos hematófagos e morte de animais nesses últimos anos, além do aperfeiçoamento de técnicas de captura de morcegos em residências urbanas e rurais.

“A proposta vai além do treinamento para promover o fortalecimento por meio das parcerias entre as entidades em benefício à saúde para o controle e prevenção da raiva nos municípios. É um ciclo de treinamento que inicia em julho e finaliza na primeira quinzena de setembro”, pontua o veterinário.

 

A DOENÇA

A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição ao vírus. A doença é transmitida às pessoas pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura. A doença também pode ser transmitida pela arranhadura ou lambedura desses animais.

Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de dois a dez dias. Nesse período, o paciente apresenta mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaléia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia.

Podem ocorrer inchaço, aumento da sensibilidade ao tato ou à dor, frio, calor, formigamento, agulhadas, adormecimento ou pressão no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura e alterações de comportamento.

A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios, espasmos musculares involuntários generalizados ou convulsões.

O veterinário Milton Formiga observa que dos 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde somente Montes Claros consegue desenvolver todas as ações de vigilância e controle da raiva. Por isso o município é considerado Área de Raiva Controlada (ARC).

No Brasil, entre 2010 e 2022 foram registrados 42 casos de raiva humana transmitidos por diversas espécies animais (cães, gatos, macacos e morcegos). No entanto, o número de notificações em que o morcego é o animal agressor tem aumentado.

Por Pedro Ricardo

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