A população da microrregião composta pelos municípios de Contagem, Ibirité e Sarzedo, na região central de Minas Gerais, possui atendimento multidisciplinar no cuidado com pessoas ostomizadas no Centro Especializado em Reabilitação tipo IV (CER IV Contagem/Apae-BH), localizado no bairro Europa, na Regional Sede, em Contagem.

Divulgação

Com fornecimento de bolsas de ostomia pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o atendimento é de “porta aberta”, ou seja, ocorre pelo encaminhamento do hospital ou centro de saúde. A gestora do CER IV, Daniela Teodoro, destaca a percepção ampla do atendimento. “Não é apenas entregar a bolsa de ostomia. Temos médica proctologista, dois enfermeiros, nutricionista, psicólogo. O atendimento aqui é de 40 minutos, em média, por pessoa. Envolvemos a família, o que é um diferencial muito grande”, salienta. Nos três anos de funcionamento do Centro, 1.117 usuários ostomizados receberam bolsas e adjuvantes, e foram entregues 104 mil dispositivos para essas pessoas.

A enfermeira do CER IV, Josi Roberta Las Casas, explica a integralidade e multidisciplinariedade do acolhimento. “Atendemos desde bebê até idosos. Recebemos e escutamos o paciente. Fazemos a escuta, a avaliação de enfermagem. Avaliamos o estoma, vemos qual a melhor bolsinha. Capacitamos o usuário para fazer esse autocuidado, orientar a respeito possíveis complicações.” Ações com objetivo de integração social e troca de experiências são estimuladas no CER IV, segundo a enfermeira. “Temos grupos orientados e o paciente vê que tem alguém que passa pela mesma coisa que ele. No grupo tem pacientes que fazem uso definitivo há mais tempo, temporários. Há uma troca de experiências rica. O paciente vê que é capaz de superar.”

A relevância do atendimento à pessoa ostomizada é exemplificada pela diretora de Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde de Contagem, Júlia Diniz Baptista, na conquista do prêmio do “Plano Viver Sem Limites”, do Ministério da Saúde. “Era uma exigência do edital o serviço à pessoa ostomizada. O requisito já demonstra o quão relevante é o atendimento.”

A assessora da Atenção Primária à Saúde (APS) da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Belo Horizonte, Mariana Dayrell, enfatiza a visão de atendimento integral e humanizado. "A APS é a porta de entrada e coordena o cuidado do usuário na rede SUS. O Estado, mais do que fornecer insumos, valoriza e fomenta ter, no SUS, serviço de referência com visão integral do usuário assistido. Isso vem de encontro ao princípio do SUS. Parabenizamos os gestores pela ação de condução da regulação dos seus serviços, valorizando a qualidade assistencial acima de tudo.”

Alguns dos desafios são apontados, como a própria aceitação da bolsa. “A enfermagem não está sozinha. Temos a nutrição com orientações alimentares. Questões psicológicas, autoimagem com a psicóloga e a assistente social para falar sobre direitos. Não é só dispensação. A gente capacita o paciente para o uso, tira dúvidas, insere à sociedade. ‘Posso ir à praia? Fazer atividade física?’ Conversamos em grupo. Sempre converso para saber a abordagem, o contexto”, explica a enfermeira Josi Roberta Las Casas. A acessibilidade é outro desafio apontado pela profissional da saúde. “Falta acessibilidade para o ostomizado. O banheiro ter um local apropriado, uma buchinha para limpar a bolsa. O ostomizado é deficiente físico. A vida social acaba prejudicada”, pondera.

Ostomia

Segundo o Portal Coloproctologia da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, a ostomia é uma comunicação confeccionada, na maioria das vezes, por meio de procedimento cirúrgico entre um órgão e a superfície cutânea. Há vários tipos de ostomias e recebem o nome conforme o órgão que participa deste tipo de derivação (desvio). A pessoa ostomizada é, portanto, considerada pessoa com deficiência física que pode ser permanente ou temporária. De acordo com Josi Roberta Las casas, as causas são diversas podendo ocorrer, por exemplo, por meio de ingestão de espinhos de peixe, agulhas com perfuração no sistema digestivo. “A ostomia é uma cirurgia para construção de um novo trajeto para saída das fezes ou da urina. Essa intervenção cirúrgica pode ser usada para criar uma abertura de eliminação das fezes, chama de ostomia digestiva, ou da urina, conhecida como ostomia urinária”, explica a enfermeira.

 

Por Leandro Heringer

Enviar para impressão