Conforme dados de 2020, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), o contexto epidemiológico do estado de Minas Gerais apresenta as doenças crônicas não transmissíveis como a principal causa de mortalidade e como a segunda razão de internações hospitalares. Considerando essa realidade, a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), por meio da Coordenação de Promoção Cuidado e Vigilância em Saúde (CPCVS) desenvolveu o curso de Atualização Pós-Técnica em Enfermagem em Doenças Crônicas não Transmissíveis, que iniciou sua primeira turma no dia 16 de novembro deste ano.

O objetivo dessa formação é qualificar técnicas/os de enfermagem para compreensão e atuação no cuidado às doenças crônicas não transmissíveis, considerando a assistência humanística e ética e a integralidade da saúde. O curso tem carga horária de 180 horas e as aulas acontecem de forma remota.

Entre os conteúdos abordados pelos docentes estão as políticas públicas de saúde, o papel do técnico de enfermagem no SUS, o processo de trabalho de enfermagem em doenças crônicas não transmissíveis e outros temas relevantes para a formação profissional.

De acordo com o Analista em Educação e Pesquisa em Saúde da ESP-MG, enfermeiro e Coordenador técnico do curso, João André Tavares, essa atualização é destinada aos técnicos de enfermagem e segue as diretrizes do Projeto de Formação e Melhoria da Qualidade de Rede de Saúde (QualiSUS-Rede) do Ministério da Saúde, tendo como referência as especializações técnicas de nível médio em enfermagem. O foco nas doenças crônicas está relacionado às quatro áreas prioritárias do Ministério de Saúde para a atenção à saúde: doenças crônicas, saúde materna neonatal e lactente, urgência e emergência, atenção psicossocial.

João Tavares também ressalta que há uma demanda constante por qualificação dos profissionais técnicos de nível médio atuantes no SUS, com destaque para os profissionais de nível médio da enfermagem, que representam mais de 70% da categoria. Por outro lado, apesar da necessidade deste tipo de capacitação, há ainda uma oferta reduzida para este público e quando ocorre, nem sempre atende às necessidades dos trabalhadores, que muitas vezes têm uma alta carga de trabalho. "Assim, sempre que oportuno é importante ofertar e incentivar a participação em qualificações profissionais", enfatizou o coordenador.

Expectativas e aprendizados

O desejo de se preparar melhor e aprender cada dia mais, foi o que motivou a técnica em enfermagem Marília de Mello Falcão, aluna do curso, a procurar a capacitação. Marília conta que sua história com a saúde vem de muito tempo. Ela foi criada por uma tia, auxiliar de enfermagem, que atuou no Hospital das Clínicas da UFMG por 34 anos, local onde Marília frequentava muito, especialmente em suas férias escolares, e onde nasceu a vontade de cuidar de outras pessoas. Já adulta, embora Marília tivesse iniciado um curso de Letras na UFMG, a vontade de atuar na área de saúde foi mais forte e acabou optando por fazer um curso de auxiliar de enfermagem e posteriormente fez a complementação para técnica.

Moradora de Belo Horizonte, atualmente ela trabalha no Centro de Saúde Marco Antônio de Menezes, na regional Leste. A técnica em enfermagem conta que com a crescente mudança no cenário da saúde, percebeu que é necessário ampliar seus conhecimentos. "Não basta sermos somente aplicadores de técnicas nos diferentes processos dentro da unidade. Venho percebendo a necessidade de me abrir a processos de aprendizagem, acompanhar as mudanças, criar consciência e repassar o aprendizado aos colegas e à comunidade atendida", explicou. Marília Falcão também salienta que as expectativas em relação ao curso estão sendo superadas, "porque está me oferecendo novas reflexões e fortalecendo minha postura diante da minha importância enquanto profissional. Acredito que esse curso de atualização é só o começo. Quero deixar claro aqui o quanto a gente tem percebido, durante o curso, o cuidado, o carinho, o comprometimento de todos os envolvidos em trazer pra nós todas essas reflexões", completou.

Outra aluna que também buscava ampliar seus conhecimentos na temática é a técnica de enfermagem, Zenaide de Almeida Santana, moradora do município de São Romão, na região norte de Minas. Ela é técnica de enfermagem há cerca de 5 anos e já atuou na atenção primária e agora trabalha no hospital municipal da cidade. De acordo com ela, o hospital é de baixa complexidade e os técnicos de enfermagem desenvolvem diversas funções. Zenaide Santana se interessou pelo curso porque percebeu que trata-se de um assunto essencial para sua área de atuação e também pelo fato dela mesma fazer parte do grupo de pessoas com doenças crônicas, por ser hipertensa e querer compreender melhor. "Espero ter acesso há muito mais conhecimentos até o final do curso e tenho certeza que essa capacitação irá contribuir bastante com minha atuação profissional, finalizou.

Sobre o curso

O curso tem carga horária de 180 (cento e oitenta) horas, em formato remoto, on-line, por meio de plataforma de videoconferência e terá duração de 6 (seis) meses, aproximadamente. Esta primeira turma conta com 30 alunos de várias regiões do estado, como a região Central, Norte e Nordeste.

A expectativa é que o aluno, ao concluir o curso, possa trabalhar em uma equipe multiprofissional e seja capaz de atuar com competência para uma prática em saúde em consonância aos princípios do SUS, no atendimento às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, compreendendo, contribuindo e aprimorando o processo de trabalho nos diversos níveis de atenção à saúde.

O curso é composto por três módulos: o Módulo Integrador, Módulo Específico e o Módulo Operativo. O primeiro módulo terá uma carga horária de 45 horas e irá abordar a organização do SUS e a gestão de atenção à saúde e a previsão que seja concluído no dia 15 de dezembro de 2021 e neste módulo todos os docentes são trabalhadores da Escola.

O segundo, será estruturado por duas unidades de estudo e carga horária de 105 horas, contemplando a Promoção da saúde e Organização da rede de atenção à pessoa com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e o Cuidado integral às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Já o último módulo será mais prático, com um portfólio reflexivo e terá carga horária de 30horas.

Por Vívian Campos

Enviar para impressão