A Coordenação de Atenção à Saúde (CAS) da Regional de Saúde de Ponte Nova realizou um encontro virtual com dentistas, integrantes das equipes de Saúde Bucal e coordenadores da Atenção Primária à Saúde (APS) dos municípios pertencentes a sua área de abrangência, na última quinta-feira (26/11). O tema central foi a “Atenção em Saúde Bucal em Tempos Trans Covid-19”, com foco no monitoramento dos Planos de Ação Municipal para a Reorganização dos Serviços em Saúde Bucal no Sistema Único de Saúde (SUS) e recursos destinados à área por meio de portarias do Ministério da Saúde (MS).

Segundo a coordenadora da CAS, Saskia Maria Albuquerque Drumond, é essencial a compreensão das equipes sobre o cenário da pandemia e as novas exigências do momento: “É preciso que haja um alargamento de horizontes, contemplando diversas possibilidades de ação e de cuidado. Não se justifica considerar a Saúde Bucal de forma isolada. Ela deve estar, mais do que nunca, conectada à APS, aos processos de gestão e ao território”, enfatizou.

A referência técnica em Saúde Bucal da CAS, Alessandra Dias da Silva, conduziu a apresentação, lembrando sobre as Notas Técnicas COES Minas Covid-19 nº 11 de 24/3/2020 e nº 68 de 20/7/2020; ambas contêm orientações relacionadas ao atendimento odontológico no cenário de enfrentamento da doença causada pelo novo Coronavírus (covid-19); a de nº 67 de 20/7/2020 contempla o uso das tecnologias nas práticas odontológicas nos serviços públicos de saúde bucal do SUS em tempos trans e pós-covid-19. “Mas não podemos estagnar. Todas as notas técnicas são dinâmicas e passíveis de mudanças diante dos cenários epidemiológicos vividos”, observou a referência técnica.

Crédito: Regional de Saúde de Ponte Nova

Sobre as tecnologias, Alessandra trouxe os conceitos de teleodontologia, telemonitoramento, teleorientação e teleconsultoria como novas frentes de atuação da área. “Em todos os momentos, deve-se, preferencialmente, manter o contato inicial com o usuário de forma remota. Cabe ao dentista fazer o planejamento de como e quando irá realizar os atendimentos, através de uma agenda programada. É importante, também, que se identifique a necessidade de atendimento presencial, com destinação do primeiro horário aos usuários de grupo de risco da covid-19. Os atendimentos de urgência/emergência para pessoas sintomáticas ou com confirmação ou suspeita da doença, devem ser agendados para o último horário”, orientou. A referência também enfatizou a necessidade de o dentista e a equipe estarem devidamente paramentados.

“Agora temos que planejar o trabalho conforme o Plano de Ação Municipal para a Reorganização dos Serviços de Saúde Bucal no SUS. Devemos pensar no papel do dentista como figura ativa nos processos gerenciais, com a previsão de alocação de recursos, organização espacial do consultório e recepção, fluxos de atendimento, protocolos de limpeza e descarte, entre outras questões”, enumerou, Alessandra.

Outro ponto destacado por ela foi a questão dos procedimentos odontológicos inadiáveis, ou seja, aqueles que, caso não realizados, podem determinar riscos para a saúde do indivíduo ou agravamentos de condições: “Por isso é tão importante trabalharmos com o planejamento e com um processo de tomada de decisão baseado em evidências científicas, de forma protocolar e não com base em impressões pessoais. Também, não podemos observar as preferências do paciente, mas sim as circunstâncias clínicas”, frisou.

A referência técnica ainda apresentou, brevemente, a classificação de casos de emergência, urgência e inadiáveis, ressaltando a importância de o dentista atuar junto às Equipes de Saúde da Família.

Cuida de Minas

Outro tema levantado na reunião foi a publicação do Cuida de Minas - Guia de Orientações para a Retomada dos Atendimentos Presenciais e Diretrizes para os Atendimentos Remotos nos Serviços Ambulatoriais e Hospitalares Eletivos, vinculados às Redes Temáticas no SUS. Nele, foram estabelecidas algumas diretrizes para a retomadas dos atendimentos eletivos, incluindo a Rede de Atenção à Saúde Bucal, com a definição de procedimentos conforme as ondas propostas pelo programa Minas Consciente.

Na Onda Vermelha é o momento de suspensão dos atendimentos eletivos com oferta de assistência odontológica de urgência/emergência; na Onda Amarela, deve ocorrer a suspensão dos atendimentos eletivos com oferta de assistência odontológica de urgência/emergência e de necessidades inadiáveis e na Onda Verde, é o momento da assistência odontológica de urgência/emergência e de necessidades inadiáveis e início de retomada dos atendimentos eletivos com base em critérios de risco e continuidade da atenção.

Em relação ao Minas Consciente, a referência técnica da CAS, Ana Flávia de Paiva Mendes, instruiu os presentes sobre o funcionamento das ondas, reforçando que o profissional da ponta deve estar ciente da situação epidemiológica e assistencial do seu município para orientar a população. “Estamos vivendo um momento de excesso de informações e, também, de desinformação; o que faz com que a sociedade se sinta perdida e com medo. O programa vem como uma forma de organizar a retomada da economia de uma forma planejada, cabendo a cada município ter a responsabilidade de analisar o seu cenário e decidir em qual onda vai ficar – conforme definições para a macrorregião e microrregião – com base em dados, na organização e na estrutura”, disse.

Financiamentos

A segunda parte da reunião foi destinada a comentar alguns recursos previstos em portarias do Ministério da Saúde, como as de nº 3.071 e nº 3.008, de 4/11/2020, que instituem, em caráter excepcional e temporário, incentivos financeiros de capital e custeio, respectivamente, para apoiar a assistência odontológica na APS e na Atenção Especializada no cenário de pandemia.

Para Saskia Drumond, é hora de os dentistas estarem integrados aos processos de gestão estratégica dos recursos do município: “Com a pandemia e as novas necessidades de organização dos consultórios odontológicos, passamos a entender que os recursos da APS são, também, da Saúde Bucal. E que, para tanto, os dentistas precisam estar inseridos nesse processo. Mais do que nunca, a Saúde Bucal está sendo valorizada em relação a financiamentos, quer seja por meio de recursos excepcionais, quer seja por meio de recursos contínuos”, finalizou.

Por Tarsis Murad

Enviar para impressão