A Regional de Saúde de Coronel Fabriciano (SRS/CFA), através de sua Unidade Descentralizada de Caratinga (UDC), realizou entre os dias 04/11 a 29/11, ações de controle das Leishmanioses, Tegumentar e Visceral, no município de Ipaba, com trabalhos de supervisão, intervenção química e manejo ambiental. O objetivo da ação é evitar o aparecimento de novos casos da doença na região.

Segundo Manoel Carlos dos Santos, referência técnica em zoonoses da Regional de Saúde, a Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi. Uma zoonose de evolução crônica, com acometimento sistêmico, a LV pode levar a óbito até 90% dos casos se não for tratada.

Já a Leishmaniose Tegumentar (LT) é uma doença infecciosa, não contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas, e é causada por protozoários do gênero Leishmania. Ambas são transmitidas ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado, denominado flebotomíneo e conhecido popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros.

De acordo com as referências técnicas em zoonoses da UDC, Felipe Ribeiro dos Santos e Wanderley Alexandre da Silva, a intervenção química e ambiental no município de Ipaba tornaram-se necessárias devido ao aparecimento de 03 (três) casos humanos confirmados de Leishmaniose Visceral na zona urbana do município.

“No município foi encontrado o vetor das Leishmanioses (flebotomíneos) e, também as condições necessárias para proliferação. A intervenção química, que é o bloqueio, busca eliminar a transmissão de novos casos, eliminando o vetor adulto. Já o manejo ambiental busca o controle da reprodução do vetor com eliminação dos possíveis criadouros”, afirmaram os técnicos.

Créditos: Flávio Samuel

As referências técnicas ressaltaram a importância de uma ação de controle mais detalhada devido as peculiaridades do município, buscando conter de forma efetiva o aparecimento de novos casos, uma vez que o bloqueio busca justamente eliminar o vetor e romper com o ciclo de transmissão.

“A ação nestas 4 semanas foi extremamente importante, visto que estamos falando de dois tipos da doença e ambas são perigosas para a população. A leishmaniose visceral tem uma letalidade preocupante e a leishmaniose tegumentar pode causar deformação, e os tratamentos são tóxicos e de evolução prolongada. Além do risco iminente à vida do paciente, o tratamento tem um valor financeiro elevado, com hospitalização, medicação e a pessoa para de produzir porque não tem como trabalhar”, informou José Lopes de Aquino, referência técnica em Zoonoses da UDC.

Também fizeram parte da equipe técnica das ações de Controle das Leishmanioses, os servidores da Unidade Descentralizada de Caratinga (UDC): Ércio Peres, Adeir de Almeida Cassemiro, João Batista Dias e Cláudio Rodrigues Gonçalves.

Como prevenir a Leishmaniose Tegumentar (LT)?

As principais formas de prevenir a Leishmaniose Tegumentar (LT), segundo orientações do Ministério da Saúde, são as seguintes ações direcionadas:

· População humana: adotar medidas de proteção individual, como usar repelentes e evitar a exposição nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitualmente possa ser encontrado;

· Vetor: manejo ambiental, por meio da limpeza de quintais e terrenos, para evitar o estabelecimento de criadouros para larvas do vetor;

· Atividades de educação em saúde: devem ser inseridas em todos os serviços que desenvolvam as ações de vigilância e controle da LT, com o envolvimento efetivo das equipes multiprofissionais e multinstitucionais, para um trabalho articulado nas diferentes unidades de prestação de serviços.

Como prevenir a Leishmaniose Visceral?

A prevenção da Leishmaniose Visceral ocorre por meio do combate ao inseto transmissor. É possível mantê-lo longe, especialmente com o apoio da população, no que diz respeito à higiene ambiental. Essa limpeza deve ser feita por meio de:

· Limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desenvolvem).

· Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das larvas dos mosquitos.

· Limpeza dos abrigos de animais domésticos, além da manutenção de animais domésticos distantes do domicílio, especialmente durante a noite, a fim de reduzir a atração dos flebotomíneos para dentro do domicílio.

· Uso de inseticida (aplicado nas paredes de domicílios e abrigos de animais). No entanto, a indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos, como municípios de transmissão intensa (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 4,4), moderada (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 2,4) ou em surto de leishmaniose visceral.

Por Flávio Samuel