A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) tem intensificado suas ações desde o início do último período de chuvas intensas que atinge o território mineiro. Além da ativação de um gabinete de crise para acompanhamento e monitoramento da situação em nível local e regional, a Saúde Estadual tem mantido interlocução com o Ministério da Saúde, de forma a garantir a oferta de insumos, medicamentos e imunobiológicos. Nesta quinta-feira (30/01), 60 mil doses da vacina contra hepatite A foram recebidas pela SES do Ministério da Saúde para imunização de pessoas que tiveram contato com águas de enchentes. Além disso, Minas Gerais também recebeu do Ministério kits para situações de calamidade, que foram enviados aos municípios de Espera Feliz, Ibirité e Manhuaçu. Nos próximos dias, outros kits ainda devem ser recebidos pelo Estado.

Crédito: Agência Brasil

A coordenadora estadual de Vigilância de Fatores de Risco não-biológicos da SES-MG, Michelle Souza Costa, explica que os kits são compostos por medicamentos e insumos médicos e hospitalares, capazes de atender cerca de 500 pessoas por um período de três meses. “Entre os itens, temos antitérmicos, analgésicos e outros artigos que são bastante úteis para atendimento dessas populações”, destaca.

Michelle Costa também ressalta o papel do Estado na área da saúde, uma vez que muitos municípios enfrentaram danos à sua estrutura de saúde. “Estamos trabalhando para auxiliar na reconstrução e reestruturação nessas localidades, uma vez que ocorrem perdas de medicamentos nos serviços de saúde. A população também pode ter enfrentado essas perdas, às vezes com remédios de uso contínuo, portanto estamos atentos a essas situações”. A SES-MG tem realizado estudos de viabilidade financeira para regularização do repasse estadual do componente básico da atenção farmacêutica para os municípios atingidos.

“Nós já realizamos a distribuição de 140 mil frascos de hipoclorito de sódio para todas as Regionais de Saúde e diretamente para alguns municípios mais atingidos, com objetivo de desinfecção da água para consumo humano. Dessa forma, poderemos melhorar a segurança hídrica da população, evitando transmissão de doenças”, comenta Michelle Costa.

No momento, o cenário de Minas Gerais quanto à decretação de situação de anormalidade relacionada às chuvas aponta 124 municípios em situação de emergência e calamidade. Desse total, foram decretados pelo Estado, conforme Decreto de Situação de Emergência nº 33 de 25 de janeiro de 2020, 101 municípios com situação de emergência em decorrência das chuvas. Outros 20 expediram decretos próprios de emergência que ainda não foram homologados pelo Estado e três municípios em estado de calamidade pública.

Enfrentamento

Entre as ações de preparação e resposta imediatas, que foram conduzidas pela SES-MG, estão: a realização de videoconferência com as Regionais de Saúde, havendo orientação para levantamento de informações sobre infraestrutura das unidades de saúde, rede elétrica, situação do fornecimento de água para consumo humano, estoque e distribuição de insumos, bem como a guarda de imunobiológicos e termolábeis para municípios em área de risco; avaliação estoque de hipoclorito de sódio e necessidade de reposição, conforme demanda apresentada pelos municípios afetados. “Estamos também em ações coordenadas com os demais órgãos e entidades estaduais para contribuir na mobilização e ações necessárias de enfrentamento aos danos causados pelas chuvas, com participação nas reuniões do Grupo Estratégico de Resposta, instituído pelo Governo de Minas”, acrescenta Michelle Costa.

Outras ações de destaque são as visitas técnicas nos abrigos da Região Metropolitana de Belo Horizonte para verificação das condições sanitárias das estruturas, bem como as de manuseio e preparo de alimentos. Também houve distribuição de doxiciclina, visando o tratamento de casos suspeitos e confirmados de leptospirose. “Foram realizadas publicações no sítio eletrônico da SES-MG, de forma a tornar acessíveis informações de interesse da população em geral e de profissionais de saúde”, indica.

Doenças com maior incidência no período

Leptospirose: a ocorrência dos casos da doença tende a ser maior nos períodos de enchentes porque a enxurrada traz para os ambientes humanos a urina de roedores que estão nos esgotos e bueiros. Por isso, qualquer pessoa que entrar em contato com a água ou lama pode acabar infectada. Em 2019, conforme dados atualizados até o dia 27/01, em Minas Gerais, por exemplo, ocorreram 173 casos de leptospirose, com 18 mortes.

Hepatite A: a transmissão está relacionada diretamente às condições de saneamento básico e higiene pessoal. Normalmente transmitida por meio de alimentos mal lavados, também pode surgir com a ingestão acidental de água das chuvas contaminado. No ano passado, foram 40 casos notificados da doença.

Diarreia: a doença, se não for tratada adequadamente, pode evoluir para uma desidratação grave e até mesmo levar ao óbito. Em crianças menores de 5 anos, por exemplo, foram notificadas, em 2019, 23 mortes causadas pela doença. Febre tifoide - é outra enfermidade que pode ter a incidência aumentada nesse período. Transmitida por bactéria, provoca febre alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, retardamento do ritmo cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de ventre ou diarreia e tosse seca. É transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria.

Chikungunya, Zika e Dengue: também tendem a aumentar nesse período. Isso porque, com a chegada da época do calor e do período chuvoso, aumenta a quantidade de água parada, facilitando a proliferação do vetor dessas doenças. Mais informações estão disponíveis no site www.saude.mg.gov.br/aedes

Informações sobre o período chuvoso e ações de saúde podem ser acessadas no endereço www.saude.mg.gov.br/alertachuva

Por Ramon Santos