População melhor atendida, com maior qualidade na assistência transfusional, mas também uma redução da utilização de transfusão quando outro procedimento ou outra terapia possam ser utilizados, em benefício do paciente.

Este o objetivo do projeto PBM - Patient Blood Management – lançado nesta quarta-feira, 11, pela Fundação Hemominas, no auditório do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH). O evento, com transmissão pelo YouTube, teve como público-alvo as agências transfusionais do Estado de Minas Gerais, registrando cerca de 140 acessos.

A iniciativa, conjunta à Secretaria de Estado da Saúde, atenta às necessidades atuais relacionadas à segurança e sustentabilidade da medicina transfusional, atendendo, ainda, ao chamamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a necessidade urgente de implantação de políticas de PBM. Para executá-la, a Fundação Hemominas constituiu um grupo de estudos com o objetivo de propor e implantar ações internas, bem como auxiliar e incentivar os serviços contratantes a aderirem à causa.

De acordo com a presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi, o PBM - Patient Blood Management é o manuseio individual da terapêutica transfusional do paciente: ”É um procedimento bom, principalmente para o paciente que vai ter um olhar diferenciado, individualizado; é bom para o hospital porque reduz o tempo de internação do paciente que, ao não tomar transfusões, vê minimizado o risco de eventos adversos,  beneficiando-se também da redução no custo de sua internação”, esclarece ela.

Crédito: Adair Gomez

Prossegue Cioffi: “Nós temos um olhar da demanda transfusional em todo o estado e agora temos também o olhar individualizado do paciente, assegurando-lhe o melhor atendimento hemoterápico possível, o que significa que vamos continuar nos esforçando para captar doadores e manter hemocomponentes à disposição para todos aqueles que precisem”, acentua.

Proposta

O objetivo desse programa que está sendo incluído na política de hemoterapia do estado é que os hospitais contratantes da Hemominas assumam essa proposta de manuseio individual do paciente, a partir de treinamentos oferecidos pela Hemominas. “O primeiro treinamento é em parceria com a Unifesp, de São Paulo, e começa em 16 de junho; posteriormente, teremos outros a serem ministrados pela equipe da Hemominas para dar continuidade”, salienta Júnia Cioffi.

Neste primeiro momento, as ações serão voltadas para a qualidade das evidências e condutas amplamente divulgadas na literatura através da campanha Choosing Wisely, formação de grupos de trabalho dentro dos hospitais aderentes e estabelecimento de um programa de auditoria e acompanhamento das transfusões.

O treinamento é gratuito e, como incentivo, abre aos estabelecimentos de saúde a possibilidade de desfrutar de benefícios na relação contratual com a Hemominas na implantação do PBM. Para tanto, os hospitais contratantes deverão ter uma programação de ações, preencher formulários de adesão ao incentivo e ao programa, observar as metas a serem cumpridas, realizar treinamentos e difundir os conhecimentos no hospital, entre outras metas ações futuras.

“A cada ano as metas vão se tornando diferenciadas, à medida em que o hospital for se qualificando, ampliando seu conhecimento e a implantação do programa em suas clínicas e no atendimento aos seus pacientes. Ou seja, é um programa perene que visa à melhoria contínua dos hospitais na assistência transfusional para os pacientes”, conclui a presidente.

Por sua vez, a diretora técnico-científica da Hemominas, Maísa Ribeiro, manifestou a satisfação e orgulho da pela ação: “Este é um desejo de alguns anos da Fundação, que impacta na solução de questões urgentes como a dificuldade de manter estoques, como ficou evidente durante a pandemia. A Hemominas, como responsável e participante dessa política no estado, tem de levar este projeto à frente, levando-o aos hospitais e, especialmente, aos pacientes que precisam dele“, considerou ela.

Implantação

Em sua exposição, o doutor Marcelo Froes explicou como o programa será desenvolvido no estado e as ideias que embasam o projeto. “Não somos os primeiros a propor isso, a OMS já pede para que os serviços e governos trabalhem com PBM desde 2010. Há, inclusive, programas de Acreditação e Certificação associados ao PBM. A visão do grupo constituído na Hemominas é pensar grande: um programa robusto que atenda todo o estado, atenda os pacientes, que funcione e tenha os recursos necessários. Mas sabemos que temos de começar em pequena escala, agir rápido e de forma constante, uma construção ao longo do tempo e termos os hospitais como parceiros”, pontuou.

Entre os objetivos, ele cita: contribuir para a redução da demanda por hemocomponentes; reduzir a utilização indevida ou evitável de hemocomponentes; contribuir para a criação de uma cultura de qualidade e moderação em relação às transfusões; contribuir para a redução riscos inerentes à transfusão; aumentar utilização de recursos alternativos à transfusão no tratamento das anemias e coagulopatias; racionalizar recursos associados à medicina transfusional com ganho de eficiência; construir uma rede de educação continuada em medicina transfusional com capilaridade de informação.

Segundo Froes, o projeto se respalda no acúmulo de conhecimento, sobretudo nos últimos 10 anos, sobre o benefício de condutas diferenciadas quanto a riscos associados a transfusões, medidas alternativas e benefícios de condutas transfusionais mais restritivas, escalada de custos dos serviços para todos os segmentos envolvidos.

Destacando a atualidade do tema “que precisa ser fortalecido nas instituições de ensino e saúde”, a doutora Isabel Cristina Céspedes, da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, elogiou a iniciativa e o evento. Para ela, o grande mérito do PBM reside no fato de concentrar estratégias disponíveis, eficientes e de baixo custo na segurança do paciente.

Céspedes fez um breve histórico das discussões, práticas e estudos existentes sobre o BPM, “movimento internacional de grandes instituições e pesquisadores”, relatando algumas experiências já desenvolvidas ou em curso no mundo e no Brasil em instituições de saúde e de ensino. Entre os avanços observados com a implantação do BPM, ela ressaltou os benefícios clínicos, a redução de gravidade, mortalidade e tempo de internação para os pacientes, além dos financeiros.

Finalizando, a diretora de Gestão institucional da Fundação Hemominas, Kelly Guerra, pontuou os trâmites que os hospitais contratantes devem seguir para a formalização das parcerias. Informações e documentações necessárias para Agências Transfusionais e contratantes podem ser acessadas no site da Fundação.

A formalização do Termo aditivo deve ser feita até 1º de junho de 2022, e o curso começa em 13 de junho, ministrado pela Unifesp.

Por Assessoria Hemominas