Em apoio à programação da campanha de Valorização à Vida que é promovida pela Polícia Civil de Barbacena e do Estado de Minas Gerais durante o mês de setembro, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Barbacena tem incluído ações sobre tema, visando a importância do trabalho de saúde mental da população. Nesta matéria, o médico psiquiatra e servidor da SRS Barbacena, Dr. Carlos Eduardo Leal Vidal, traz informações e esclarecimentos pertinentes ao tema.

“O comportamento suicida, que inclui os pensamentos, as tentativas e os atos consumados, é um fenômeno humano complexo, universal e representa um grande problema de saúde pública em todo o mundo. Sua etiologia é multifatorial, compreendendo fatores biológicos, psicológicos e socioambientais, que interagem de forma complexa. Junto ao comportamento suicida encontram-se comportamentos autoagressivos sem intenção de morrer ou com intenção suicida desconhecida.

Os dois principais fatores de risco associados ao suicídio são a história de tentativa prévia e a presença de doença mental, destacando-se a depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e dependência de álcool e/ou drogas. A repetição de tentativas é um indicador de risco para a consumação do suicídio e toda ameaça de uma pessoa em situação de vulnerabilidade deve ser levada a sério, mesmo quando pareça falsa ou de caráter manipulador. Outros fatores associados ao comportamento suicida incluem história de abuso físico, sexual ou emocional, violência familiar, desemprego, presença de doenças graves e incapacitantes, perdas importantes, desesperança e outros.

O coeficiente mundial de suicídio situa-se em torno de 16 mortes/100 mil habitantes. No Brasil a taxa de mortalidade por suicídio é considerada baixa, em torno de cinco mortes/ 100 mil. Em números absolutos, porém, o Brasil está entre os dez países com o maior número de mortes por essa causa. Em Minas Gerais o coeficiente de mortalidade por suicídio aumentou de 5,3 óbitos/100 mil em 2007 para 7,0 óbitos/100 mil em 2017.

Na microrregião de Barbacena, compreendendo 15 municípios, o coeficiente médio no período de 1998-2012 foi de 6,9 óbitos/100 mil, atingindo a elevada taxa de 11,2 óbitos/100 habitantes em 2008. E, especificamente no município de Barbacena, um estudo apontou a cidade com taxa média de 8,8 suicídios/100 mil habitantes, o 4º maior coeficiente em cidades da Região Sudeste com população entre 100 e 200 mil habitantes.

Na área administrativa da SRS/Barbacena foram registrados 347 suicídios no período de 2013-2020 (dados sujeitos a revisão), sendo 76,9% no sexo masculino, 43,2% na faixa etária dos 40-59 anos. No mesmo período considerado, foram registradas 3036 lesões autoprovocadas (LAP) no banco de dados do SINAN. O predomínio foi do sexo feminino (69,1%).

Em relação às microrregiões de ocorrência, 45,2% foram em Lafaiete, 38,2% em Barbacena e 13,3% em Congonhas Não houve diferença numérica significativa entre município de ocorrência e de notificação.”

Por Carlos Eduardo Leal Vidal