A Regional de Saúde de Pedra Azul realizou na última quinta-feira (15/08), a 4ª reunião do Colegiado Gestor de Saúde Mental, que teve como objetivo debater a violência interpessoal e auto provocada, além do suicídio, e planejar as ações a serem realizadas no setembro amarelo.

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O diretor da Regional de Pedra Azul, Marcelo Alves, lembrou que já foi referência do programa de Saúde Mental e destacou que ajudou na elaboração da construção da Rede de Atenção Psicossocial em 2012. “É satisfatório vez que a Rede de Saúde Mental vem se fortalecendo no decorrer do tempo, principalmente agora, com a formação do Colegiado, que possui uma representatividade variada, com profissionais do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), hospitais, atenção primária, entre outros. O Colegiado tem um papel muito importante na discussão dos processos de trabalho, que acabam por ter um impacto na qualidade do serviço prestado ao usuário”, defendeu. A Coordenadora do Núcleo de Redes de Atenção à Saúde (NRAS), Michele Figueiredo, destacou a importância dos profissionais de saúde promoverem o autocuidado para atuarem com saúde mental. Uma pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da Universidade de São Paulo (USP) mostra que mais de 40% dos profissionais de saúde que participaram da entrevista apresentavam sintomas de estresse e depressão. “É importante que os profissionais de saúde cuidem-se, porque para cuidar do paciente, é preciso estar saudável”, orientou.

Para trazer uma reflexão sobre a importância do CAPS no processo de recuperação do paciente, o músico Sérgio Tróia, usuário do serviço, fez um relato sobre como o álcool e as drogas impactaram negativamente na sua carreira e no relacionamento com a família e amigos. “Quando me tornei alcoólatra e comecei a usar crack, entrei em uma fase muito difícil da minha vida. Perdi emprego, meu patamar como músico caiu muito, praticamente virei mendigo e vendi o que tinha para comprar drogas. Minha recuperação iniciou com a ajuda do CAPS. Passei a tomar remédios antidepressivos, abstinência, frequento a pastoral da sobriedade e continuo a ir às consultas para a minha recuperação”, relatou.

O psicólogo e coordenador do CAPS Esperança de Rubim, Arthur Botelho, apresentou os trabalhos em grupos desenvolvidos no serviço, os avanços e dificuldades na saúde mental municipal, com amostra de vídeos e fotografias, além de presentear os membros do Colegiado com artesanatos confeccionados pelos usuários do CAPS. Em seguida, houve uma roda de conversas para o debate sobre suicídio, setembro amarelo e troca de experiências. A referência técnica de Saúde Mental do NRAS da Regional de Pedra Azul, Veruska Sousa, apresentou o tema violência interpessoal e autoprovocada, conceito de suicídio e cenário epidemiológico, com ênfase na importância da notificação e fluxo para atendimento das vítimas. Sobre as ações a serem desenvolvidas no ‘Setembro Amarelo’, Veruska destacou que os municípios devem divulgar a campanha e selecionar mobilizadores capazes de identificar os sinais e ideias suicidas para encaminhamento aos serviços de referência. “É importante organizarmos os fluxos de trabalho com capacitações e organizarmos o processo de notificação das tentativas de suicídio, fluxos de atendimento entre outras ações”, orientou.

A programação do evento reservou, ainda, dois momentos para relaxamento e descontração dos participantes. Em um primeiro momento, a enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Pedra Azul e coach em saúde, Luiza Tanure, realizou uma seção de ioga e meditação. Posteriormente, a artista e monitora do CAPS I e AD de Pedra Azul, Marina Maricota, conduziu uma dinâmica de integração e descontração com os participantes. Os membros do Colegiado tiveram a oportunidade de conhecer o projeto ‘Saúde em Rede’, que tem como objetivo fortalecer as Redes de Atenção à Saúde. A Coordenadora da Atenção Primária da Regional de Pedra Azul, Adriadna Arruda, explicou que o projeto piloto já está em andamento na Macrorregião Jequitinhonha, e que as facilitadoras da Regional de Pedra Azul participarão dos workshops e as oficinas tutoriais na Região de Saúde de Jenipapo de Minas (Regional de Diamantina). A proposta é que esse projeto possa ser executado, posteriormente, nas demais regiões de saúde do Estado de Minas Gerais, visando qualificar equipes e serviços, com a qualificação do corpo técnico dos serviços, organização dos processos de trabalho, integração dos pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde, aumentando a resolutividade da Atenção Primária, redução dos encaminhamentos para a Atenção Especializada e Hospitalar, melhorar os indicadores de saúde e resultados sanitários, com eficiência na utilização dos recursos e satisfação dos usuários.

Por Allan Campos