Sarampo é uma doença viral, infecciosa aguda, grave, transmissível, altamente contagiosa e comum na infância. A doença começa inicialmente com febre, exantema (manchas avermelhadas que se distribuem de forma homogênea pelo corpo), sintomas respiratórios e oculares.

No quadro clínico clássico, as manifestações incluem tosse, coriza, rinorréia (rinite aguda), conjuntivite (olhos avermelhados), fotofobia (aversão à luz) e manchas de koplik (pequenos pontos esbranquiçados presentes na mucosa oral). A evolução da doença pode originar complicações infecciosas com amigdalites (mais comum em adultos), otites (mais comum em crianças), sinusites, encefalites e pneumonia, que podem levar à óbito. As complicações frequentemente acometem crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

A transmissão ocorre de pessoa a pessoa por meio de secreções (ou aerossóis) presentes na fala, tosse, espirros ou até mesmo respiração. Na presença de pessoas não imunizadas ou que nunca apresentaram sarampo, a doença pode se manter em níveis endêmicos, produzindo epidemias recorrentes.

Desde o início de 2019 foram notificados 489 casos suspeitos de sarampo provenientes de 135 municípios no estado de Minas Gerais. Destes, 183 foram descartados, 288 estão em investigação e 18 casos foram confirmados.

Dos 18 casos confirmados no ano, 04 aconteceram no primeiro trimestre de 2019 e são residentes dos municípios de Belo Horizonte, Contagem e Betim, tendo esta cadeia, como caso índice, um viajante da proveniente da Europa.

O primeiro caso confirmado é de um italiano, residente em Betim, com história de viagem recente à Croácia e à Itália nos meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019. As ações de bloqueio vacinal e pesquisa diagnóstica foram iniciadas pelas equipes da vigilância local. O paciente foi hospitalizado e amostras laboratoriais foram coletadas, apresentando positividade para sarampo tanto na FUNED/MG, quanto no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ). O genótipo identificado na amostra do italiano foi o D8, que está distante geneticamente dos casos de D8 identificados nos demais surtos de 2018 no Brasil. Sendo assim, esse caso é considerado importado.

O segundo caso confirmado é de um adulto jovem, de 25 anos, profissão gesseiro, sem comprovante vacinal, residente em Contagem e que saiu de Trindade (PE) no final de janeiro. Foi atendido em UPA da capital e hospitalizado com suspeita de dengue, mas com clínica compatível com sarampo. No período de transmissibilidade, trabalhou em condomínio fechado em um município da região metropolitana da capital. Não possui história evidente de contato suspeito. Os sintomas iniciaram em 01 de março. Foi realizada a investigação e realização de exame, confirmando laboratorialmente como sarampo, nas duas coletas testadas pela Funed, além de pesquisa de Biologia Molecular pela Técnica de PCR no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ) com resultado detectável. O genótipo identificado na amostra foi o D8, com características do genótipo do italiano. Quanto às ações de controle, foi realizado bloqueio vacinal nos familiares. Esse caso é considerado autóctone, porém relacionado ao caso importado.

O terceiro caso é de uma criança de 01 ano, vacinada em 13/11/18, residente em Belo Horizonte, com início de sintomas em 12/02/19. Foi atendido em UBS da capital, transferido à UPA e hospitalizado. Teve deslocamento para a cidade de Carmópolis de Minas e para a casa da avó, em Contagem (no período de incubação da doença); estuda em UMEI, foi à UBS local no período de transmissibilidade e não possui história evidente de contato suspeito. Foram realizados bloqueio vacinal e intensificação no quarteirão de sua residência, na escola e em familiares. Apresentou resultado reagente de sorologia na primeira amostra. Já na segunda amostra, apresentou não reagente. No PCR apresentou resultado detectável para sarampo na Biologia Molecular pelo laboratório da Fiocruz/RJ, porém também não foi possível identificar o genótipo. O caso também é considerado autóctone, possivelmente relacionado aos casos anteriores, de acordo com o período de transmissibilidade.

O quarto caso confirmado é de uma adolescente, 13 anos, portadora de Lúpus, residente em Belo Horizonte. Esteve em Porto Seguro-BA e Almenara-MG no mês de janeiro. Por apresentar quadro de artralgia, procurou por atendimento em hospital de Contagem em 17 de fevereiro de 2019 e o resultado foi reagente para dengue. Em 06 de março, apresentou sintomas compatíveis com caso suspeito de sarampo e procurou uma Unidade de Pronto Atendimento de Contagem. Foi orientada a buscar atendimento em Belo Horizonte, onde foi hospitalizada em isolamento. Foi realizada a investigação e realização de exame, confirmando laboratorialmente como sarampo nas duas coletas testadas pela Funed, além de pesquisa de Biologia Molecular pela Técnica de PCR no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ) com resultado detectável. Por impossibilidade técnica, não foi possível identificar o genótipo da amostra enviada. Quanto às ações de controle, foi realizado bloqueio vacinal nos familiares e na UPA onde ocorreu o primeiro atendimento. Esse caso também é considerado autóctone, possivelmente relacionado aos casos anteriores, de acordo com o período de transmissibilidade.

Nas últimas semanas, 10 casos de pessoas residentes em Uberlândia foram confirmados em uma mesma cadeia de transmissão. Estes casos foram confirmados pelo critério clínico-epidemiológico, isto é, apresentaram sinais e sintomas característicos da doença e têm esta história de contato direto com o caso de sarampo confirmado. Além desses, (01) caso de pessoa residente do município de Juiz de Fora foi confirmado pelo critério clínico-epidemiológico, pois teve contato direto com um familiar residente do estado de São Paulo, que foi confirmado laboratorialmente para sarampo. Outros 03 (três) casos foram confirmados laboratorialmente pela técnica de RT-PCR, realizada na FUNED e são residentes nas cidades de Betim (1), Pedralva (1) e Jundiaí-SP (1), sendo que este último, foi notificado e hospitalizado na capital mineira.

Ações da SES-MG

Ações de prevenção e controle do Sarampo no Estado de Minas Gerais:

  • Construção e divulgação do “Plano de Contingência para Resposta às Emergências em Saúde Pública: Sarampo”;
  • Instalação da Sala de Situação/Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) Estadual, com o objetivo de gerar informação de qualidade e em tempo oportuno, bem como fornecer respostas rápidas de forma intersetorial.
  • Operacionalização de uma sala de vacinação no Aeroporto de Confins, realizando vacinação seletiva durante 15 dias;
  • Vacinação seletiva na Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais (CAMG);
  • Publicação da Resolução SES/MG N. 6783, de 17 de julho de 2019, que institui incentivo financeiro para ações de intensificação da vacina tríplice viral nos municípios do Estado;
  • Emissão de inúmeros Alertas para os profissionais de saúde sobre a doença e locais com surtos ativos;
  • Atualização do hotsite pela Assessoria de Comunicação Social (disponível em: www.saude.mg.gov.br/sarampo)
  • Elaboração de Boletim Epidemiológico semanal;
  • Elaboração de Memorando com orientações sobre intensificação vacinal principalmente nas GRS/SRS que fazem divisa com o estado de São Paulo.
  • Elaboração de Memorando com orientações sobre a conduta vacinal em menores de 1 ano;
  • Realização de videoconferências com as Unidades Regionais de Saúde;
  • Intensificação de mídia e ações de mobilização social;
  • Interface direta com a Fundação Ezequiel Dias (FUNED-MG), iniciando a realização do exame PCR em tempo real (exames laboratoriais mais sensíveis, específicos e rápidos);
  • Elaboração e divulgação do “Fluxograma de Atendimento aos Casos Suspeitos de Sarampo”;
  • Definição de serviços de saúde referência no Estado para pediatria e adultos.

>>Clique aqui e acesse o Boletim Epidemiológico do Sarampo em Minas Gerais.

Por Jornalismo SES