Envolvendo a participação de referências técnicas de 53 municípios do Norte de Minas​,​ a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS) realizou nesta terça-feira, 13​/06​, encontro de capacitação sobre o Programa de Triagem Pré-Natal e Neonatal de Minas Gerais. O Programa é mantido pelo Governo do Estado​,​ em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desde 1993 o Programa já atendeu cerca de 5,6 milhões de recém-nascidos e, atualmente, aproximadamente seis mil crianças e jovens estão sendo acompanhados ou sendo submetidos a tratamento de doenças diagnosticadas.

Crédito: Pedro Ricardo

O encontro de capacitação envolveu a participação de enfermeiros que atuam na atenção primária à saúde dos municípios, bem como profissionais das maternidades norte-mineiras que são referência em gestação de alto risco. A capacitação, realizada no auditório das Faculdades Santo Agostinho, foi ministrada pela mestre em ciências da saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Michelle Rosa Andrade Alves. Ela é nutricionista do Centro de Educação e Apoio Social (CEAPS), instituição integrante do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD), órgão integrante da Faculdade de Medicina da UFMG.

A referência técnica em saúde da mulher na Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, Ludmila Barbosa explic​ou​ que a capacitação de profissionais do Norte de Minas faz parte de parceria estabelecida entre a Diretoria de Programas da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros e o Núcleo de Redes de Atenção à Saúde da SRS. O objetivo é reduzir a incidência de amostras inadequadas e/ou insuficientes para o Programa de Triagem Pré-Natal e Neonatal de Minas Gerais, garantindo o diagnóstico e tratamento precoce de recém-nascidos, o que resultará na diminuição de sequelas associadas a cada doença.

Por sua vez Michelle Alves salienta que, quando da realização do teste do pezinho em recém-nascidos, a adequada coleta de amostras por parte de profissionais atuantes nas unidades básicas de saúde e nas maternidades, possibilita ao NUPAD agilizar as análises por período médio de três dias e, com isso, iniciar o mais rápido possível o tratamento de bebês que porventura tenham identificada alguma anormalidade.

Por esse motivo, frisou a especialista, “as gestantes precisam serem alertadas sobre a importância da realização do teste do pezinho entre o terceiro e quinto dia de vida do recém-nascido para que, em caso de necessidade, o acompanhamento dos profissionais de saúde aconteça o mais rápido possível, bem como a dispensação de medicamentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

O PROGRAMA

O exame, conhecido como teste do pezinho, é oferecido gratuitamente à população dos 853 municípios de Minas Gerais por meio do Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG), sob a gestão da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e execução técnica do NUPAD.

O exame é realizado em laboratório a partir de amostras de sangue retiradas do calcanhar do recém-nascido e colhidas em papel filtro. O exame identifica se o bebê possui alguma alteração que possa indicar o diagnóstico de uma doença de origem genética grave ou que se desenvolveu no período fetal (congênita).

Atualmente o Estado realiza a triagem neonatal para as seguintes doenças: hipotireoidismo congênitofenilcetonúriadoença falciformefibrose císticadeficiência de biotinidasehiperplasia adrenal congênita e Toxoplasmose congênita. A partir da triagem neonatal o recém-nascido, com suspeita para alguma doença, passa por exames confirmatórios. Caso o diagnóstico seja confirmado, a criança começa a receber os cuidados médicos necessários antes da ocorrência de morte e do aparecimento de sequelas graves e sem chances de cura como, por exemplo, o retardo mental.

A coleta do sangue para a triagem neonatal deve ser realizada entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê. Nesse período é importante que a mãe ou o responsável pela criança procure uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para realizar o teste. A coleta realizada no tempo correto possibilita que o recém-nascido diagnosticado com alguma das doenças contempladas pelo Programa de Triagem Neonatal receba o tratamento dentro do prazo necessário para evitar sequelas graves, danos diversos ao organismo e até mesmo a morte.

PRÉ-NATAL

Já o Programa de Triagem Pré-Natal garante o acesso das gestantes de todo o estado aos testes gratuitos para o diagnóstico precoce da toxoplasmose. Quando a mulher adquire a toxoplasmose durante a gestação o feto também pode ser infectado (toxoplasmose congênita). A infecção fetal pode levar a criança a apresentar graves lesões visuais, auditivas e neurológicas.

No caso do diagnóstico precoce da toxoplasmose​, a futura mãe pode ser tratada durante a gravidez. Se, apesar do tratamento na gestação a criança nascer com a toxoplasmose congênita, é possível tratá-la para diminuir a gravidade das manifestações da doença.

As crianças que tiverem o diagnóstico de toxoplasmose congênita confirmado (teste de triagem e sorologia positivas) serão tratadas e acompanhadas gratuitamente no centro de referência mais próximo à sua residência durante todo o período necessário.

O teste necessário para triagem diagnóstica da toxoplasmose pode ser realizado de forma simples e segura, a partir da primeira visita da gestante a uma Unidade Básica de Saúde do município onde reside. Recomenda-se que isso ocorra o mais rápido possível, preferencialmente até a 12ª semana de gestação (primeiro trimestre).

Uma amostra de sangue é colhida por punção digital, depositada em papel-filtro e enviada pelos Correios para análise no Laboratório de Triagem Pré-Natal do NUPAD, em Belo Horizonte.

 

Por Pedro Ricardo

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