Começou a ser executado esta semana, 30/9 a 04/10, em Pará de Minas, município que faz parte da Regional de Saúde de Divinópolis, o projeto de Avaliação de novas alternativas de vigilância e controle de Aedes aegypti e Aedes albopictus, considerados os principais vetores de arbovírus de importância em saúde pública, entre elas a dengue, zika e chikungunya.

A pesquisa é promovida pelo Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e terá duração de 15 meses e percorrerá cinco bairros com aproximadamente 1500 imóveis e 50 quarteirões da cidade.

A referência de controle e vetores da SES-MG, Dionísio Pacceli Costa, explicou que a escolha do município se deu pela forte presença do vetor, pelas epidemias em que foi acometido e também em razão da cidade ter passado por problemas ambientais, como escassez de água nos anos de 2016 e 2017, o que levou os moradores a armazenarem água de forma inadequada, e por ter lidado também com as consequências dos resíduos da barragem de Brumadinho em 2019, que atingiu o Rio Paraopeba, utilizado para captação de água, o que também incentivou a estocagem de água pela população.

Créditos: Willian Pacheco

“O Estudo pretende avaliar a efetividade destas ferramentas sobre populações de mosquitos Aedes em condições de campo, visando dar subsídios para o Programa Nacional de Controle de patógenos transmitidos pelo Aedes, contribuindo significativamente para melhorar as ações de controle e seus resultados, e se exitosas, poderão ser implementadas em outras localidades do país”, detalhou a referência de Controle e Vetores da SES-MG.

Novas tecnologias para combate ao mosquito

O objetivo deste trabalho é analisar a eficácia do controle de Aedes aegypti e Aedes albopictus com o Sistema Aero System (Inseticida de aplicação rápida, em pequenas doses nos cômodos, intradomiciliar e que elimina os mosquitos que se encontram dentro da casa), utilizando ovitrampas (destinada à coleta de ovos do mosquito Aedes) e armadilhas BG GAT (uma ferramenta passiva para captura em massa das fêmeas grávidas) como metodologia de indicação de risco e monitoramento de resultado em Pará de Minas.

A pesquisadora e presidente da Rede Latina Americana de Controle de Vetores (Relcov), Ima Aparecida Braga, explica que estas armadilhas serão utilizadas para verificar se área analisada apresentará maior ou menor densidade do vetor. Esta informação contribui, assim, para otimizar e tornar mais eficaz o controle do mosquito.

“Vamos analisar o aero system e monitorar com as ovitrampas e BG GAT. A ideia é verificar se o aero system está matando o mosquito fêmea e avaliar a queda da transmissão, verificando o número de ovos coletados pelas ovitrampas e quantidade de fêmeas coletadas pela armadilha BG GAT”, ressaltou a pesquisadora.

Para isso, a pesquisa estudará o efeito destas novas ferramentas integradas aos produtos químicos ou naturais, como o Sumilarv 2MR, larvicida de ação prolongada e utilizado para mosquitos com reprodução em água depositada em recipientes como ocorre com o Aedes, associado ao Bacillus thuringiensis israelensis (Bti), grupo de bactérias que produzem toxinas que são efetivas em matar várias espécies de mosquitos, ou a dispersora com o Pyriproxyfen, hormônio juvenil que inibe o desenvolvimento das características adultas do inseto, diretamente no campo.

“A dispersora consiste em o próprio mosquito pousar na armadilha e levar o inseticida para outros criadouros, principalmente aqueles de difícil acesso. Com isso esperamos controlar este mosquito, diminuindo a quantidade de Aedes no ambiente e, consequentemente, diminuir a transmissão de dengue, Zika e chikungunya”, salientou o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), José Bento Pereira Lima.

Para o Secretário Municipal de Saúde de Pará de Minas, Wagner Magesty, este projeto é importante por apresentar uma proposta à população de solução de controle do mosquito Aedes. “ Nós estamos com um bom projeto. Quero destacar que estamos com uma equipe altamente qualificada. Esperamos trazer um resultado digno e satisfatório à população”, disse o Secretário de Saúde.

Contudo, a população deve contribuir para que os resultados da pesquisa possam ser alcançados. “ Esperamos um resultado muito positivo com este projeto. Eu peço à população que aceite estas armadilhas e recepcionem bem os agentes”, pontuou o Gerente de Endemias de Pará de Minas, Adailton Antônio Moreira.

A dona de casa, Helena Nere Pimenta, moradora do bairro Jardim das Palmeiras 2, foi a primeira a receber a armadilha BG GAT no município, após o supervisor de área explicar o objetivo da armadilha, das visitas de monitoramento e estar ciente e apresentar interesse de recebê-la em sua casa. “Achei ótimo. Muito interessante. Temos que prevenir e cuidar para evitar o mosquito”, reforçou a moradora.

Por Willian Pacheco