Nessa sexta-feira e sábado (13 e 14/9), a Santa Casa de Montes Claros, único hospital na região que integra a rede MG Transplantes, mantida pelo Governo do Estado, reúne profissionais de saúde para a realização do curso “Manutenção de Potencial Doador de Órgãos. A ação faz parte de uma série de atividades que serão realizadas em alusão ao Setembro Verde e o tema deste ano é: Nem todo herói usa capa. Há também os doadores de órgãos. A data tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos.

Para a superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques, a expansão dos serviços de transplantes na Santa Casa de Montes Claros possibilita o atendimento das demandas da população residente no Norte de Minas, em outras regiões do Estado e até no Sul da Bahia. “Trata-se de um trabalho de fundamental importância para a população residente numa extensa área geográfica, que não precisam recorrer a instituições sediadas nos grandes centros urbanos do país”, reforça

A enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), Simone Rosado, ressalta que “é necessário reforçar os índices de doação de órgãos e, para isso, a sociedade precisa ser conscientizada sobre esse ato de solidariedade”. Segundo ela, “o passo principal para uma pessoa se tornar doadora de órgãos é conversar com a família e informar sobre o desejo de doar. Não é necessário deixar nada por escrito, basta que a família saiba dessa intenção uma vez que, sem a autorização de familiares, a doação de órgãos não ocorre", disse.

Segundo a Santa Casa, a última atualização do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) realizada dia 3 de agosto, revela que a lista de espera por um transplante de órgão ou córnea possui 44 mil 689 pessoas cadastradas. No Norte de Minas, 384 pessoas aguardam pela doação. Por outro lado, no primeiro semestre deste ano o hospital realizou 28 transplantes, sendo 16 de rim, 10 de fígado e dois de córneas.

Outras ações

Na primeira quinzena deste mês a Santa Casa realizou blitz interna nos setores assistenciais, iniciativa que contou com a participação de ex-pacientes transplantados. No dia 7 de setembro, cerca de 50 transplantados participaram do desfile da Proclamação da República, em Montes Claros, chamando a atenção da população sobre a importância da doação de órgãos. Já nos dias 18 e 19 será realizado o “Circuito da Vida”, atividade interna no hospital que contará com a exposição de esculturas de órgãos humanos e apresentação da sua história de inserção na rede de transplantes do Estado. Além disso, até o final do mês, em pontos estratégicos da região central de Montes Claros, serão distribuídos panfletos para sensibilização da população sobre a importância da doação de órgãos.

Créditos: Pedro Ricardo

Em julho deste ano, a Santa Casa de Montes Claros foi credenciada pelo Ministério da Saúde para realização de transplante de tecido musculoesquelético. No caso de ossos, podem ser captados tecidos de doadores vivos e falecidos. Para doadores vivos podem ser captadas cabeças de fêmur provenientes de pacientes que foram submetidos à artroplastia de quadril. Dos doadores falecidos podem ser captados praticamente todos os ossos do corpo, inclusive segmentos de ossos.

MG Transplantes

O MG Transplantes é composto por seis Organizações de Procura de Órgãos (OPO's) distribuídas nas seguintes regiões: Metropolitana de Belo Horizonte, Leste (Governador Valadares), Nordeste (Montes Claros), Oeste (Uberlândia), Sul (Pouso Alegre) e Zona da Mata (Juiz de Fora). É responsável por coordenar a política de transplante de órgãos e tecidos no Estado de Minas Gerais, regulando o processo de notificação, doação, distribuição e logística, avaliando resultados e capacitando hospitais e profissionais afins na atividade de transplante.

As OPO's possuem estrutura com um coordenador geral, plantão médico 24 horas, enfermeiro, psicólogo, administrativo e carro com motorista para captação e busca de órgãos e tecidos. O Governo do Estado proporciona uma boa logística de transporte aéreo, à disposição 24 horas, para deslocamento de equipe médica para retirada de múltiplos órgãos fora de Belo Horizonte, além do transporte de órgãos e tecidos. Nos locais onde não existe a possibilidade de pouso de avião, as polícias Militar e Civil, bombeiros e gabinete civil têm helicópteros à disposição para dar suporte ao trabalho do MG Transplantes.

Há três tipos de doadores: o doador em morte encefálica; o doador vivo; e o doador de coração parado. É importante comunicar à família o desejo de ser doador, não é necessário deixar nada por escrito. Podem ser doados os seguintes órgãos e tecidos: córneas, coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas, intestinos, pele e tecidos musculoesqueléticos.

O doador vivo é qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, sem comprometimento de sua saúde e aptidões vitais. Por lei, podem ser cônjuges e parentes até o quarto grau. Os doadores vivos podem doar um dos rins, a medula óssea, uma parte do fígado e uma parte do pulmão. O potencial doador vivo também deve ser encaminhado a um centro transplantador, para que se verifique as possibilidades do transplante.

Já a retirada de tecidos e órgãos de doador falecido para transplantes depende da autorização do cônjuge ou parentes até o segundo grau, que são consultados após o diagnóstico de morte encefálica (parada total e irreversível do cérebro, atestado por diversos exames).

Quando o paciente está em quadro de morte encefálica, podem ser retirados todos os órgãos passíveis de doação. Com o coração parado é possível doar apenas as córneas, que podem ser retiradas num prazo de até seis horas. Para entrar na lista de receptores de órgãos e transplante é preciso ser encaminhado por um médico para um dos centros transplantadores. O paciente é submetido a vários exames, que variam conforme o caso clínico, para que seja comprovada a necessidade do transplante.

Para a realização do transplante, há uma lista única do Estado de Minas Gerais, sob a responsabilidade do MG Transplantes, em que são observados vários critérios: urgência; compatibilidade de grupo sanguíneo; compatibilidade anatômica (tamanho do órgão e do paciente); compatibilidade genética; idade do paciente; tempo de espera, dentre outros critérios.

Por Pedro Ricardo