Com o aumento do número de pessoas que vem abandonando o cigarro tradicional, a indústria do tabaco vem investindo em novas formas de uso visando atrair novos consumidores e o público jovem. Aproximadamente 80% dos fumantes inicia a prática antes dos 18 anos. A falsa ideia de que essas modalidades são mais seguras ou produzem menos males à saúde são aspectos que desafiam o controle do tabagismo, principalmente entre a população de 13 a 25 anos. Levando isso em conta, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) inicia um conjunto de ações a partir do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado nesta quinta-feira, 29 de agosto.

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“Faremos uma campanha que abordará as novas formas de consumo do tabaco que estão sendo disseminadas, como o cigarro eletrônico, narguilé e cigarro de palha. Nosso intuito é demonstrar que não há índices seguros de consumo e que essas modalidades são tão perigosas e maléficas à saúde quanto o cigarro tradicional. Além disso, elas se enquadram nas restrições impostas pela legislação sanitária quanto às proibições de uso em locais fechados ou com coberturas, uma vez que as normas vedam o uso de qualquer produto derivado do tabaco”, informou a coordenadora de Promoção à Saúde e Controle do Tabagismo da SES-MG, Nayara Resende Pena.

Serão produzidos materiais gráficos e audiovisuais voltados, preferencialmente, às faixas mais jovens da população, sobretudo àqueles que frequentam estabelecimentos de ensino, como universidades e escolas. “Têm sido disseminadas informações pela indústria alegando que são produtos menos nocivos à saúde, o que não é verdade, pois toda forma de consumo de tabaco causa riscos à saúde”, alertou a coordenadora.

Nayara Pena lembra que qualquer forma de uso do tabaco traz riscos à saúde, como doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, vários tipos de cânceres, entre outras enfermidades. “Além desses riscos à saúde, particularmente no narguilé há o risco de doenças infecto contagiosas, por causa do compartilhamento das piteiras. No caso do cigarro eletrônico, há o risco de explosões e vazamentos dos cartuchos e intoxicação com as substâncias presentes no dispositivo”.

Apesar da redução da prevalência nos últimos anos e do avanço da Política Nacional de Controle do Tabagismo, ainda há impactos para a saúde relacionados aos produtos derivados do tabaco. Em Minas Gerais, a prevalência de tabagismo é de 17,8%, índice acima da média nacional, que se encontra em 14,7%. No Estado tem se observado, ainda, um alto consumo de cigarro de palha, principalmente entre o público universitário, consumo de cigarro eletrônico nas escolas e uso de narguilé em eventos, pubs e bares.

O percentual de escolares em Minas Gerais que usaram outros produtos de tabaco corresponde a 4,6%, enquanto no Brasil é 6,1%. “Esse público encontra na fase de formação da consciência crítica, da construção da autoestima, da incorporação de comportamentos que os acompanharão por toda a vida adulta. Quanto mais precoce a iniciação do consumo maior são as chances de adoecimento por Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) na vida adulta”, comentou Nayara Pena.

Ações de controle

A SES-MG atua, por meio da Política Estadual de Promoção da Saúde e do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, no desenvolvimento de ações de que visam prevenir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de produtos derivados do tabaco. “No escopo da atual campanha, vamos também estimular os serviços de saúde a ofertarem ações de prevenção da iniciação e da experimentação do uso das novas formas de consumo de tabaco”, afirmou Nayara Resende Pena.

As ações trabalhadas rotineiramente pela Saúde Estadual são a prevenção da iniciação e experimentação pelo público jovem, principalmente no âmbito do Programa Saúde na Escola; apoio à cessação do tabagismo, com oferta do tratamento nos serviços de saúde; proteção do fumante passivo, exigindo cumprimento e desenvolvimento de ações advindas da Lei Antifumo; ações de educação em saúde e mobilização social para a população durante todo o ano e, principalmente, nas datas pontuais, como em campanhas; apoio às medidas regulatórias, como proibição de propaganda, venda para menores, advertências sanitárias, entre outros.

“Nossas políticas públicas abordam o tabagismo como doença e têm por objetivo implementar ações de controle”. O Brasil tem protagonismo internacional no assunto, sendo signatário da Convenção Quadro para o Controle do Tabagismo, primeiro tratado internacional construído nas relações da Organização Mundial de Saúde (OMS), que traz diversas medidas e diretrizes para o controle do tabagismo no país.

Outras informações disponíveis em: www.saude.mg.gov.br/tabagismo

Por Ramon Santos

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