O manejo clínico da sífilis foi tema da capacitação que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) realizou sexta-feira (24/05), nas Faculdades Prominas, em Montes Claros. O evento foi realizado em parceria com o Centro de Referência em Doenças Infecto Contagiosas (CERDI), de Montes Claros, com o objetivo de atualizar médicos e demais profissionais de saúde atuantes na atenção hospitalar de 53 municípios integrantes da área de atuação da Regional de Saúde de Montes Claros.

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A capacitação foi ministrada pela médica pediatra e especialista na área de infectologia, Janer Aparecida Silveira Soares. Desde 2004, a profissional presta assistência ao CERDI de Montes Claros e é professora nos cursos de medicina e de residência médica em pediatria e infectologia pediátrica na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

A referência técnica do Núcleo de Redes de Atenção à Saúde da Regional de Montes Claros, Mayara Durães Bicalho Oliveira, destaca a importância da realização do curso de atualização para os profissionais atuantes no Norte de Minas, considerando que, embora seja uma doença que tem cura e tratamento gratuito garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as notificações de casos de sífilis têm aumentado a cada ano. Anualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima o surgimento de 12 milhões de novos casos no mundo, responsáveis por 29% de óbitos perinatais, 11% de óbitos neonatais e 26% de natimortos.

No Brasil, segundo dados da OMS, a cada ano surgem 937 mil novos casos de sífilis. A prevalência nas gestantes é de 2,6%, o que corresponde a quase 50 mil mulheres acometidas por sífilis por ano e 12 mil casos anuais de sífilis congênita (transmitida de mãe para o bebê). A taxa de incidência de sífilis congênita é de cerca de 4 casos a cada mil nascidos vivos.

Em Minas Gerais, foram registrados 14 mil casos da doença em 2018. Até janeiro de 2019, 176 novos casos de sífilis foram notificados no Estado.

A doença

A sífilis é uma infecção bacteriana, transmitida por meio de relações sexuais ou por via transplacentária. A maioria das pessoas diagnosticadas com essa Infecção Sexualmente Transmissível (IST) tende a não ter conhecimento da doença, podendo transmiti-la a seus parceiros sexuais. Isso porque, em alguns casos a infecção é silenciosa e pode não apresentar sintomas durante anos.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Sífilis do Ministério da Saúde, publicado em 2018, no período de 2005 a junho do ano passado foram notificados no país mais de 259 mil casos de sífilis em gestantes, dos quais 45,1% foram casos em pessoas residentes na região Sudeste do país.

Se não tratada a tempo a sífilis pode comprometer o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular, além de olhos, pele e ossos. Para ter acesso ao diagnóstico, o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser encaminhado para a realização de exames de sangue e do teste rápido. No Norte de Minas os usuários encontram o exame disponível nos Serviços de Atenção Especializada (SAE), Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), nos hospitais e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Em nossa região, o processo de implantação dos testes rápidos nas UBS encontra-se em em fase de expansão, e cerca de 40% dos municípios já realizam esses testes na Atenção Primária.

Tratamento

O tratamento para sífilis é disponibilizado pelo SUS e, para que seja realizado adequadamente, o paciente deverá fazer os exames diagnósticos. Na maioria dos casos, utiliza-se a penicilina benzatina e o tempo de tratamento médio pode variar de 7 a 14 dias, a depender da fase da doença. O parceiro ou parceira sexual também deve passar pelo tratamento para evitar a reinfecção.

A principal forma de prevenção da sífilis é o uso de preservativos, seja ele masculino ou feminino. Dessa forma a reinfecção por sífilis é evitada, bem como a transmissão vertical da doença.

Por Pedro Ricardo