Em 2017, o controle das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti continuou sendo um desafio para os governos e a população. Mas, se anteriormente era a Dengue o foco de atenção, agora a Chikungunya e a Zica exigem ainda maiores esforços para evitar a propagação dessas doenças. 

De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Rodrigo Said, “o cenário para 2017 era bem complicado, tendo em vista os indicativos de risco, sinalizando a probabilidade de uma ocorrência de uma epidemia de chikungunya. Mas a SES-MG, juntamente com os municípios, conseguiram se organizar e tivemos uma redução significativa de casos de casos de dengue. Mas, por um outro lado, houve também uma expansão, principalmente geográfica, dos casos de Chikungunya, o que revelou a necessidade de se permanecer em constante alerta”, relembra. 

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Nos últimos anos, o estado atravessou três grandes epidemias de Dengue, em 2010 com 212.542 casos prováveis; 2013, com 414.718 casos prováveis e 2016 com 520.985. Já em 2017, ano não epidêmico, foram 28.200 casos prováveis, mas no entanto, a partir do mês de setembro (historicamente um período de baixa transmissão) foi observado um aumento no número de casos prováveis. O que é um ponto de alerta porque anos epidêmicos são precedidos de elevação no número de casos em meses anteriores, por isso é importante monitorar essa tendência de elevação, daí a necessidade de reforçar as ações para 2018.

Por outro lado, o número de casos prováveis de Chikungunya superou o número registrado em anos anteriores. Em 2014 foram 18 casos, em 2015 foram 31 casos, em 2016, 462 e em 2017, até o dia 18/12, foram 16.876 casos prováveis. Nas semanas epidemiológicas 9 a 15 (final de fevereiro a 15 de abril), o número de casos de Chikungunya tinha ultrapassado o número de casos prováveis de dengue, naquele momento.

Para poder conter e minimizar a proliferação das doenças provocadas pelo Aedes no Estado em 2017, a SES-MG trabalhou em diversas frentes no Sistema Único de Saúde (SUS) que envolveram: ações de mobilização social e comunicação junto à população, assistência aos pacientes, aquisição de equipamentos, insumos, medicamentos e novos veículos, monitoramento da circulação do vírus e de novos casos da doença no estado, capacitação de profissionais e fortalecimento do apoio aos municípios no controle do vetor.

O subsecretário explica ainda que para 2018, a SES-MG está, desde outubro de 2017, reorganizando as atividades e intensificando as ações de contingência. “Um investimento inicial de 18 milhões de reais foi feito para potencializar as nossas atividades e reativamos o comitê gestor das políticas de enfrentamento e controle das doenças transmitidas pelo Aedes em Minas Gerais, com o apoio do governador Fernando Pimentel”, afirmou. No vídeo abaixo, Rodrigo Said fala mais sobre as ações de enfrentamento ao Aedes:

Ações diversificadas e permanentes

O Núcleo de Mobilização Social realizou várias ações de sensibilização com a comunidade, por meio de parcerias com organizações da sociedade civil, se destacando a distribuição e veiculação voluntária dos materiais impressos e digitais das campanhas desenvolvidas pela SES-MG e as atuações do grupo de teatro Saúde em Cena.

Conforme o coordenador de publicidade e mobilização social da SES-MG, Joney Fonseca Vieira, em 2017 foram conquistados grandes avanços, “nós buscamos em termos de linguagem e de representação, tanto visual, quanto no conteúdo, tratar da diversidade de pessoas, racial e orientação sexual. Nós buscamos e temos conseguido representar em nossas campanhas toda a forma de inclusão, que é uma orientação da gestão, tanto por parte da própria secretaria, quanto do governo, como num todo. Nós também estamos trabalhando com uma linguagem mais popular, de mais acesso para as pessoas que não tenham o conhecimento de assuntos ligados à saúde”, ressaltou.

No início de outubro, a SES-MG promoveu um treinamento sobre a instalação e manuseio de armadilhas de ovos do mosquito Aedes aegypti para profissionais das Regionais de Saúde do estado. As armadilhas, chamadas Ovitrampas, começaram a ser instaladas ainda naquele mês. Inicialmente, 135 municípios mineiros receberam os equipamentos para instalação das Ovitrampas. Por meio das armadilhas, é possível detectar os índices de infestação do Aedes em cada região, durante todo o ano. Também em outubro, a SES-MG lançou a campanha de comunicação para controle, prevenção e enfrentamento do Aedes.

Com o slogan “Com o Aedes não se brinca”, tem como objetivo mobilizar a população para as ações de prevenção e controle do vetor transmissor da dengue, zika e chikungunya. Foi dado destaque no papel protagonista das crianças. Sobre isso, o coordenador de Mobilização Social e Publicidade e Propaganda da SES-MG, Joney Fonseca, comentou.

“Sabemos que as crianças são mobilizadoras natas, porque além de assimilarem a informação, têm a capacidade de influenciar as pessoas que estão ao seu redor a agirem também. Além disso, é uma campanha em que trazemos a inclusão racial, social, de identidade de gênero e diferentes faixas etárias. Nosso maior objetivo foi levar toda a população a adotar hábitos de prevenção por meio de estratégias de comunicação que estimulem a sociedade a agir”, explica. Saiba mais sobre a campanha clicando aqui

No mesmo mês foi promovido o Seminário de Enfrentamento das Doenças Transmitidas pelo Aedes, que reuniu cerca de 200 profissionais das Regionais de Saúde do estado, Fundação Ezequiel Dias (Funed), laboratórios macrorregionais e alguns municípios para debaterem e avaliarem a situação epidemiológica da Dengue, Zika e Chikungunya em Minas Gerais, ações de controle desenvolvidas pelo estado, tratamento dos pacientes acometidos pela Chikungunya, entre outros pontos.

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Em setembro, a SES-MG retomou as atividades do Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento da Dengue, Chikungunya e Zika e apresentou as novas ações de controle, prevenção e enfrentamento das doenças transmitidas pelo mosquito. Durante a reunião também foram apresentados os investimentos iniciais para controle do vetor, estimados em R$ 18 milhões. Na reunião também foram apresentados os investimentos no estado para o novo período de alta transmissão do Aedes.

Ao todo, estão sendo investidos R$ 7.980.000,00 na aquisição de novos veículos e equipamentos para U.B.V.; R$ 350.000,00 em medicamentos, insumos e equipamentos para implantação de Unidades de Hidratação; R$ 4.060.000,00 em 35 novos veículos destinados às 28 Unidades Regionais de Saúde do estado, Fundação Ezequiel Dias (FUNED) e Laboratórios Macrorregionais; R$ 3.000.000,00 na compra de 3 mil equipamentos costais e 1.300 equipamentos motorizados para dispersão de inseticidas; R$ 300.000,00 para a compra de 100 galões de nitrogênio que vão qualificar o monitoramento dos vírus que estão circulando no estado e outros R$ 2.500.000,00 para a campanha de comunicação, que foi lançada em outubro.

Em agosto, a SES-MG, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz da Bahia (Fiocruz), promoveram o Seminário “Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika: resposta brasileira e mineira à Emergência de Saúde Pública em 2015 e 2016, situação atual e perspectivas”. O objetivo do seminário foi apresentar os aspectos epidemiológicos da infecção pelo vírus Zika e suas consequências no âmbito da situação de emergência e na rotina do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ainda, no mês de março do ano passado, a SES-MG lançou campanha de reforço para enfrentamento ao Aedes aegypti. O objetivo era intensificar, junto à população, a importância da participação de todos nesse processo. Ao longo de 2017 também foram realizadas dezenas de ações de mobilização, capacitação e seminários no nível central e nas regionais de saúde do estado. Clique aqui e confira no Blog da Saúde MG e veja outras postagens e ações para o enfrentamento do Aedes.

O Subsecretário Rodrigo Said reforça a importância das diversas ações desenvolvidas pela SES-MG e comenta sobre os desafios para o próximo ano, “o nosso desafio é grande, sabemos do risco da transmissão de dengue em nosso estado, também sabemos do risco da expansão dos casos de chikungunya e ainda os desafios relacionados à contenção do Zica Vírus. Mas temos certeza que este trabalho integrado entre as diferenças esferas de governo, principalmente contando com a participação da população com nosso slogan 'Com o Aedes não se brinca', podemos ter resultados mais efetivos no controle dessas doenças”, finaliza.

 

Por Vívian Campos