A ética de redução de danos foi o tema principal do V Encontro do Colegiado de Saúde Mental. Realizado pela Regional de Saúde de Uberlândia na última quarta-feira (06/12), a Rede de Atenção Psicossocial problematizou um desafio para a saúde mental - o cuidado às pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Clique aqui e confira a nossa galeria de fotos do evento.

O serviço estratégico do Sistema Único de Saúde (SUS) para o cuidado, atenção integral e continuada às pessoas com necessidades em decorrência do uso de álcool, crack e outras drogas são ofertados pelos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPs AD). Na Regional de Saúde de Uberlândia são quinze CAPs. Desses, quatro são especializados em Álcool e Drogas e estão nas cidades de Uberlândia (2), Araguari (1) e Patrocínio (1).

Os CAPs em Araguari e Patrocínio são referência para o atendimento regional. A dificuldade em estabelecer vínculos e dar continuidade ao tratamento levou o Núcleo de Redes de Atenção à Saúde da SRS Uberlândia a convidar a psicóloga Elaine Bordini Villar, coordenadora do Consultório na Rua da Prefeitura de Uberlândia, para apresentar sua experiência e discutir com os 18 municípios sobre a redução de danos.

“A redução de danos é um posicionamento ético”, explicou a psicóloga Elaine, “é uma postura diante do sofrimento do outro, partir do que é possível ser feito e pensar junto com o outro. A situação de vulnerabilidade é tão grave que a pessoa não irá procurar o serviço de saúde. O serviço que precisa ir até as pessoas e este processo é lento e duro”.

A também psicóloga e referência técnica em saúde mental da Regional de Saúde de Uberlândia, Maria Lúcia dos Reis, afirmou que é preciso instrumentalizar os profissionais de saúde para que possam fazer uma abordagem a partir da redução de danos, “existe uma dificuldade dos profissionais em entender a política de redução de danos, em entender este movimento que precisa ser feito no território, de sair de dentro do CAPs e da unidade básica de saúde, e intervir em situações que muitas vezes não chegam ao serviço de saúde, e quando chegam, não permanecem”, explicou.

Muitas vezes a atenção é pautada em “parou ou não de beber, parou de usar drogas e não parou usar drogas”, salientou a referência em saúde mental da SRS Uberlândia. “Porém, o paradigma da redução de danos tem outro foco, que é no auto cuidado, na capacidade em conduzir a sua vida, o que é muito mais abrangente”, finalizou.

Sobre a Redução de Danos

A redução de danos é uma abordagem que visa minimizar danos à saúde associados ao uso de substâncias ou drogas que causem dependência. No SUS, a prática foi regulamentada pela Portaria Nº 1.028/2005 a partir da urgência em diminuir os índices da infecção dos vírus HIV, Hepatites B e C entre usuários de drogas injetáveis, além do crescente consumo de bebidas alcoólicas entre jovens e os acidentes de trânsito decorrentes do uso desta substância.

Em Patrocínio, no Alto Paranaíba, a coordenadora do CAPs II, Dayane Oliveira Silva, relatou que a redução de danos já é praticada nas unidades de atendimento. “Trabalhamos dentro das possibilidades dos usuários para que eles tenham uma vida saudável. Muitos dos pacientes chegam ao CAPs AD com o quadro clínico bem comprometido. Recentemente chegou um paciente com alterações hepáticas que precisava de um acompanhamento antes do tratamento para a dependência”, relatou a coordenadora. Nesses casos, o usuário é encaminhado para a unidade de saúde ou serviço especializado para o atendimento.

 

Por Priscilla Fujiwara