De 27 de novembro a 01 de dezembro, a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) recebeu o curso de “Vigilância das Coberturas Vacinais”, realizado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com o Ministério da Saúde.

O treinamento, pioneiro no estado e no Brasil, tem o objetivo de qualificar as referências técnicas das 28 Superintendências Regionais de Saúde de Minas Gerais, em relação à qualidade e produção de informações sobre as populações mais vulneráveis às doenças imunopreveníveis.

Crédito: Jéssica Torres

De acordo com Antônia Teixeira, responsável pelo Grupo Técnico de Análise e Informação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, ação visa a multiplicação dos conhecimentos técnicos nos munícipios e, consequentemente, nas salas de vacina. “Nós buscamos uma melhor qualidade da informação do PNI, pois o país está avançando na implantação de um sistema de informação de registro nominal em que é possível identificar tanto o vacinado quanto o número de pessoas não vacinadas de uma meta populacional, que devemos cobrir para cada vacina específica disponibilizada pelo programa”, explica.

Ainda segundo ela, o treinamento é necessário também em função do uso e perdas de vacina. “Os participantes estão sendo orientados sobre como registrar de forma correta, como analisar o trabalho do dia a dia dentro do PNI, de forma que eles possam conhecer qual é a situação da vacinação da população e o que nós chamamos de imunobiológico dentro de cada sala de vacinação brasileira”, disse.

Panorama geral

Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 300 milhões de doses são adquiridas e distribuídas anualmente, entre vacinas, soros e imunoglobulinas, sendo o Sistema Único de Saúde (SUS), o maior sistema de imunização do mundo.  

A Coordenadora Estadual de Imunização da SES-MG, Eva Arcoverde, falou sobre a metodologia da capacitação. “A metodologia desse curso o torna pioneiro no país, principalmente porque há também a avaliação da movimentação de vacinas. Será possível gerenciar melhor a distribuição de vacinas, a quantidade em falta, a avaliação da cobertura vacinal de cada munícipio, bem como ranquear os munícipios prioritários para as ações de vacinas”, ponderou.

Débora Coelho, enfermeira e referência técnica da regional Pampulha, em Belo Horizonte, e aluna do curso disse que a experiência agregou muito seus conhecimentos. “Foi ótimo perceber como os dados funcionam, pois temos acesso a milhões deles, mas não sabemos como utilizar efetivamente. Trabalhando direto com os centros de saúde, não tínhamos noção desse sistema. A qualificação vai empoderar tanto nós, referências técnicas, quanto o pessoal da ponta a partir dos vieses de acompanhamento, taxa de cobertura, homogeneidade e abandono”, ressaltou.

O curso

O curso contou com cerca de 80 participantes, divididos nos laboratório de informática da ESP-MG, e inseridos nos conceitos do “PNI e as estratégias de identificação de populações em risco”, “Imunobiológicos do PNI: aquisição, distribuição, monitoramento” e “Registro e Controle de Imunobiológicos na sala de vacina”, entre outros temas.

Os alunos também trabalharam em grupos, elaborando propostas para vigilância das coberturas vacinais, isto é, detectando fragilidades e propondo soluções.

PNI

O PNI define os calendários de vacinação do SUS, considerando a situação epidemiológica, o risco, a vulnerabilidade e as especificidades sociais, com orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e povos indígenas.

A distribuição de doses realizada pelo PNI contribuiu para a erradicação da varíola e da poliomielite, além da redução dos casos e mortes derivadas do sarampo, da rubéola, do tétano, da difteria e da coqueluche. Todas as doenças prevenidas pelas vacinas que constam no calendário de vacinação, se não forem alvo de ações prioritárias, podem voltar a se tornar recorrentes.

 

Por Jéssica Torres