A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) em parceria com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (SEDPAC) realizou na tarde desta terça-feira (21), o curso "Saúde e Direito da Mulher". A ação educacional teve o objetivo de informar os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre os desafios para a concretização dos direitos à cidadania e saúde das mulheres.

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O conteúdo do curso buscou contextualizar perspectivas históricas que influenciam o cenário social brasileiro, sendo esse, caracterizado por seu patriarcalismo, racismo e sexismo. Abordou também, as consequências dessa realidade para a assistência pública qualificada na saúde da mulher.

Para Bernadete Monteiro, integrante da Coordenação da Marcha Mundial das Mulheres e uma das docentes do curso, o cenário é de negligências nas decisões das políticas públicas quanto ao cuidado da saúde da mulher. “O principal desafio hoje para saúde da mulher é compreender em que contexto elas estão inseridas. A perda de direitos, a intensa carga de trabalho, a diminuição de investimentos sociais como políticas de saúde e educação, contribuem para a piora nas condições de saúde”, explica.

A Coordenadora do Setor de Psicologia do Hospital Sofia Feldman e aluna do curso, Júlia Cristina Amaral, diz que p curso é importante já que ela atua com a assistência de mulheres. "A questão das mulheres vulneráveis se colocou de uma forma muito presente e intensa na assistência. Nós vemos que na rede ainda precisamos de subsídios em todos os sentidos para poder lidar com essas mulheres e famílias. Isso é hoje uma questão de saúde pública, um grande desafio para a saúde perinatal e estou aqui para aprender e ver as questões de outras pessoas como uma troca de experiências", anima-se.

Opressões e sobrecarga de trabalho

Renata Rosa, Superintendente de Autonomia Econômica da Mulher da SEDPAC, também docente no curso enfatiza a necessidade desse tema para a desnaturalização de práticas degradantes para saúde da mulher. "O processo de formação das mulheres é muito importante para o nosso fortalecimento, principalmente considerando que somos mais da metade da população e parimos a outra metade. Embora esse seja um fato concreto, as mulheres vivem processos de opressão e violência que são tratados como naturais. Essas mulheres estão adoecidas, e se nós vamos aos sistemas de saúde, a maioria das pessoas que estão procurando atendimento são mulheres, em decorrência da sobrecarga de trabalho, a invisibilidade do trabalho doméstico”, diz.

Renata aponta ainda o envelhecimento da população brasileira, em que esses cuidados recaem, na maioria das vezes, sob a responsabilidade das mulheres. “É importante que as pessoas que estão aqui façam reflexões e debates compreendendo a condição das mulheres na sociedade e a conjuntura atual, para que em conjunto nós possamos construir saídas e alternativas para subverter relações que não são naturais, relações que sobrecarregam as mulheres e fazem com que nossas vidas se tornem muito mais pesadas. Não é esse o caminho que nós esperamos para ninguém, todas as pessoas merecem viver com dignidade e respeito", enfatizou.

Alunas

As alunas do curso “Saúde e Direito da Mulher” são trabalhadoras da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), Hospital Sofia Feldman, Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Centro de Atenção Psicossocial, Hospital Odilon Behrens, Centro de Apoio à Saúde e à Alimentação, Fundação Hemominas, Núcleos de Apoio à Saúde da Família, Fundação de Assistência Médica e de Urgência de Contagem, entre outras instituições de saúde pública.

A ação integra o projeto da ESP-MG “Cursos Livres: constituindo potências para o trabalho no SUS”, que visa a promoção de espaços de discussão entre trabalhadores do SUS na perspectiva da Educação Permanente em Saúde, com ênfase no fortalecimento do trabalho no sistema.

Por Ayrá Sol Soares (ASCOM/ESP-MG)