Na terça-feira (14/11), a Regional de Saúde de Ubá realizou em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Visconde do Rio Branco, no Assentamento Olga Benário, o desdobramento da Oficina de Vigilância e Promoção à Saúde em Áreas da Reforma Agrária promovida pelo Movimento Sem Terra (MST) e a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG).

Crédito: Lavínia Luisa R. de Faria

O objetivo foi buscar a participação efetiva dos assentados do MST do município, juntamente com os trabalhadores das áreas da Saúde, na busca de criar estratégias que potencializem a participação e protagonismo de movimentos sociais no âmbito da saúde, para a melhoria das condições de vida e trabalho dessa população e do fortalecimento do SUS.

Thiago de Castro, secretário municipal de Saúde de Visconde do Rio Branco, espera com a parceria entre o município e o Estado, através da Regional de Saúde de Ubá, avançar nas políticas públicas no atendimento às necessidades dos assentados da comunidade de Olga Benário.  “É uma população que está, até então, na zona rural e afastada de algumas políticas e serviços púbicos, não somente ligados a saúde. A proposta, de acordo com a visão da área de saúde, é trazer para mais próximos dessa população esses serviços, atendendo de fato suas necessidades. Avançando com mais efetividade na proposição e efetivação dessas políticas”, explica.

Antes do encontro, ocorreu uma reunião de alinhamento entre a equipe da SMS de Visconde do Rio Branco e os técnicos da Regional, para a definição da metodologia de trabalho proposta pela atividade Tempo-Comunidade.

Logo após, toda a equipe seguiu para o local do assentamento onde foi realizada uma dinâmica por meio de roda de conversa, com foco na integração das áreas de Vigilância em Saúde, Atenção Primária à Saúde e o Núcleo de Redes Assistenciais com a população. Na roda, os assentados expuseram suas opiniões e vivências em relação ao trabalho, saúde, educação, os serviços e as políticas públicas.

As diversas abordagens foram divididas pela equipe da Regional em duas categorias: Ameaças e Potencialidades dos assentados. Entre as ameaças expostas estão o acesso difícil aos serviços de saúde, coleta de lixo, o acolhimento com classificação de risco, o preconceito, que foi bastante citado, entre outros.

A equipe ficou surpresa com a facilidade dos assentados de expor suas potencialidades, visto que o mais comum em encontros como esse, é a discussão sobre os problemas e ameaças enfrentados. Entre elas estão: a união da comunidade, o amor a terra, a não utilização de agrotóxicos, o trabalho e o respeito existente.

Segundo a referência de Vigilância em Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, e da Educação Permanente da Regional de Saúde de Ubá, Franklin Leandro Neto, saúde é muito mais que apenas a doença, portanto é qualidade de vida, assistência, lazer e trabalho. “Esses espaços participativos de diálogos e de construção coletiva apontam para intervenções a partir de novas abordagens no desenvolvimento de ações de promoção, de prevenção de riscos e assistenciais, a partir da integração de diversos saberes (população do assentamento, gestor e profissionais de saúde), e de interações permanentes com o território em processo”.

Dona Luzia Arifa, que vive há 12 anos no assentamento, refere-se a terra como uma mãe e diz que acha importante os setores da saúde se integrarem e conhecerem as necessidades dos assentados. “O que achei de mais importante é que agora ficaremos mais conhecidos. As pessoas vieram para nos conhecer face a face, ver nossa caminhada e realidade. Com certeza, teremos mais acesso aos serviços de saúde”, diz.

Para a militante do MST e colaboradora no processos de organização do movimento no assentamento, Thaís Rosalina de Oliveira , o encontro foi um momento muito rico, tanto para os profissionais de saúde que contribuíram, quanto para os assentados que participaram.

“Todos tiveram condições de expor opiniões e falar o que achava que devia ser falado, o que é muito importante, pois queremos que as pessoas se coloquem para que vocês vejam qual é realmente a realidade. Para que não seja algo que eu estou dizendo, e sim de um assentado. Espero que tenha outros e que consigamos avançar muito além das coisas que foram faladas aqui hoje”, concluí.

Por Lavínia Luisa R. de Faria