Neste boletim, não houve alteração no número de casos, mas foi incluída informação sobre casos comunicados que não atendem ao critério de temporalidade.

Até a data de 22/01/2020, foram notificados 22 casos suspeitos de intoxicação exógena por Dietilenoglicol. Desses, 19 pessoas são do sexo masculino e três do sexo feminino. Quatro casos foram confirmados e os 18 restantes continuam sob investigação, uma vez que apresentaram sinais e sintomas compatíveis com o quadro de intoxicação por dietilenoglicol e com relato de exposição.

Quatro casos evoluíram para óbito. Um desses óbitos está entre os quatro casos em que foi confirmada a presença da substância dietilenoglicol no sangue. Trata-se de um homem, que esteve internado em hospital de Juiz de Fora e faleceu em 07/01.

Já os outros três casos de óbito estão entre os 18 casos em investigação. Trata-se de um homem, que faleceu em 15/01 em Belo Horizonte; um homem, que faleceu na quinta, em 16/01, em Belo Horizonte e de uma mulher, que faleceu em 28/12 em Pompéu. Estes pacientes estão entre os casos suspeitos e a confirmação sobre a causa da morte depende do resultado de análises laboratoriais.

A distribuição geográfica dos 22 casos notificados, segundo município de residência, é a seguinte: 15 casos em Belo Horizonte e os demais 7 casos contabilizam registros em Capelinha, Nova Lima, Pompéu, São João Del Rei, São Lourenço, Ubá e Viçosa.

Atualização

Em 21/01/2020, a SES/MG foi comunicada da ocorrência de dois casos com sinais e sintomas semelhantes ao quadro de intoxicação por dietilenoglicol e com relato de exposição em data anterior a outubro de 2019. Estes casos estão em monitoramento pela SES/MG, no entanto, para serem considerados casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol é necessário que haja confirmação da exposição e exclusão de outras causas para o quadro clínico apresentado. Informamos que a definição de caso suspeito é dinâmica e pode ser revista, considerando as novas evidências que surgem durante a investigação epidemiológica. Se houver mudança nos critérios atualmente utilizados os profissionais de saúde serão orientados sobre as novas condutas que devem ser adotadas.

Com base nos resultados da análise pericial realizada pela Polícia Civil, a Vigilância Sanitária Estadual determinou a interdição cautelar dos lotes L1 1348 e L2 1348 da cerveja Backer Belorizontina. A interdição nacional dos mesmos lotes foi determinada pela ANVISA. A partir de novos resultados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a ANVISA determinou a interdição cautelar de todas as marcas de cerveja da empresa Backer e lotes com data de validade igual ou posterior a agosto de 2020. Assim, fica determinada a interdição cautelar, suspensão da comercialização e distribuição em todo o território nacional.

Em decorrência das últimas evidências obtidas a recomendação vigente é de que, por precaução, nenhuma cerveja produzida pela Cervejaria Backer, independente de marca e lote, seja consumida. A SES-MG também orienta à população de Minas Gerais que caso tenha em sua residência cervejas de qualquer marca ou lote produzida pela Cervejaria Backer não a descarte em pias ou vasos sanitários, nem as coloque no lixo comum, pois outras pessoas podem pegar e consumir esses produtos. Estas cervejas devem ser identificadas com alguma inscrição do tipo: “Não ingerir. Produto impróprio para o consumo”, armazenadas separadamente dos demais alimentos até que você possa entregá-los nos pontos de recepção (Vigilância Sanitária de sua cidade, Núcleos Estaduais de Vigilâncias Sanitárias ou PROCONs).

A Secretaria de Estado de Saúde continuará a investigação epidemiológica e clínico-laboratorial dos casos, incluindo a emissão de notas técnicas para orientação aos serviços e profissionais de saúde, e divulgação periódica de informações atualizadas à população. O conteúdo produzido pode ser acessado em: http://www.saude.mg.gov.br/intoxicacaodeg

Notificações

A SES-MG informa que devem ser imediatamente notificados (em até 24 horas) ao CIEVS BH (casos de Belo Horizonte) e CIEVS Minas (casos do restante do estado), pelo telefone e por e-mail, os casos de indivíduos que ingeriram cerveja da marca “Backer” a partir de outubro de 2019 e iniciaram em até 72 horas com sintomas gastrointestinais (náusea e/ou vômito e/ ou dor abdominal) associados a pelo menos um dos seguintes quadros:

  • Alterações da função renal;
  • Sinais e sintomas neurológicos (paralisia facial, borramento visual, amaurose, alterações de sensório, paralisia descendente e crise convulsiva).

Contatos:

CIEVS BH: 31-3277 77 68
cievs.bh@pbh.gov.br

CIEVS Minas: 31-3916 0340
notifica.se@saude.mg.gov.br

Ações realizadas

  • Investigação epidemiológica dos casos suspeitos;
  • Investigação hospitalar dos casos internados;
  • Investigação sanitária domiciliar e de estabelecimentos comerciais, com a coleta de materiais para análise;
  • Reuniões técnicas conjuntas (SES-MG, SMSA-BH, Funed, FHEMIG, representantes dos hospitais responsáveis pelo atendimento dos pacientes, PCMG, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Polícia Militar e Bombeiro Militar de Minas Gerais);
  • Instituição de Força Tarefa Estadual para investigação conjunta dos casos;
  • Instituição do COES Estadual;
  • Solicitação de apoio à equipe do EpiSUS Avançado do Ministério da Saúde;
  • Solicitação de apoio técnico de profissional do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP;
  • Solicitação de apoio técnico à equipe médica da Unimed-Belo Horizonte;
  • Realização de reuniões diárias pela equipe de investigação;
  • Realização de reuniões semanais com o grupo técnico assessor;
  • Realização de videoconferências semanais para orientações às unidades regionais de saúde;
  • Elaboração de instrumento padronizado para sistematização da coleta de dados;
  • Elaboração de Notas Técnicas para orientação aos profissionais de saúde;
  • Elaboração de Notas Técnicas para orientação aos profissionais de vigilância sanitária dos núcleos estaduais e municipais;
  • Divulgação de informações à população e demais órgãos de interesse, de modo a combater notícias falsas (Fake News) e orientar para conduta assistencial adequada;
  • Criação de página na internet para disponibilização do conteúdo produzido (http://www.saude.mg.gov.br/intoxicacaodeg).

Histórico

Em 30 de dezembro de 2019, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA/BH) e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) foram notificadas da ocorrência de um caso de paciente com insuficiência renal aguda e alterações neurológicas de etiologia a esclarecer, internado em hospital da rede privada de saúde do município de Belo Horizonte. Em 31 de dezembro, foi notificado um segundo caso com a mesma sintomatologia, internado em hospital filantrópico do município de Juiz de Fora.

Diante dos eventos notificados, exames laboratoriais foram solicitados e realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), para pesquisa de doenças transmissíveis, sendo excluídas após análise: arboviroses, febres hemorrágicas (febre amarela, hantavirose, leptospirose e riquetisioses), infecções bacterianas e fúngicas sistêmicas, doenças neuroinvasivas, sarampo, hepatites virais, doença de Chagas, HIV, tuberculose, meningites e encefalites. Complementarmente às análises realizadas pela Funed, a Superintendência de Polícia Técnica-Científica da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) tem realizado análises toxicológicas de amostras biológicas dos pacientes e produtos recolhidos pelas vigilâncias sanitárias municipal e estadual.

As investigações iniciais realizadas pelas equipes da SES/MG, SMSA/BH e Ministério da Saúde (MS) indicaram que os pacientes notificados apresentaram os primeiros sintomas após ingerirem a cerveja “Belorizontina” da marca Backer. Os sintomas clínicos dos pacientes levantaram a hipótese de intoxicação exógena por Dietilenoglicol (DEG).

A presença da substância DEG foi confirmada em amostras de cerveja que foram coletadas nas casas de pacientes e encaminhadas pela Vigilância Sanitária do município de Belo Horizonte para a perícia da Polícia Civil. Exames realizados em amostras biológicas de quatro pacientes também detectaram a presença do mesmo composto químico.

Por Jornalismo SES-MG