A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) realizou nesta quinta-feira (12/12), em Montes Claros, encontro com os coordenadores de vigilância em saúde de 53 municípios do Norte de Minas, para alinhamento de informações e definição dos planos de contingência para o enfrentamento das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti no período 2019/2020. Em novembro, a Regional de Saúde de Montes Claros iniciou a análise de trabalhos elaborados pelos municípios e, durante o encontro desta quinta-feira, foram feitos ajustes na definição das ações que serão executadas pelas Secretarias Municipais de Saúde.

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“O encontro teve o objetivo de contribuir para a organização dos serviços de saúde dos municípios de maneira intersetorial, contemplando aspectos relacionados à vigilância em saúde, controle vetorial, assistência a pacientes, gestão e mobilização”, explica a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da Regional de Saúde de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes.

O período das chuvas e as alterações ambientais são fatores que colaboram para expansão da distribuição geográfica e extensão da temporada de transmissão das arboviroses. Por isso, os planos de contingência elaborados pelos municípios devem descrever indicadores para ativação de ações para prevenção e controle de possíveis epidemias e evitar a ocorrência de óbitos; detectar precocemente o aumento da transmissão das arboviroses para desencadear ações oportunas de contingência; fortalecer a articulação intersetorial entre as áreas e serviços envolvidos no enfrentamento da dengue, Chikungunya e Zika vírus, além do envolvimento dos mais diversos segmentos representativos da população nas campanhas de mobilização da sociedade.

Nos planos de contingência os municípios também devem prever a disponibilização de insumos estratégicos e equipamentos necessários para eliminação de focos do Aedes aegypti e a sistematização de atividades de comunicação com a sociedade.

A SES-MG observa que a ocorrência de epidemias cíclicas de dengue no Estado, incluindo a circulação do sorotipo 2, além da transmissão aglomerada de Chikungunya e do Zika vírus, aliados à notificação de casos graves e ocorrência de óbitos, indicam a necessidade de estratégias eficazes a fim de controlar situações críticas. Dentre os 853 municípios do Estado, aproximadamente 95,8% estão comprovadamente infestados pelo mosquito. Em 2018, foram notificados 29.987 casos prováveis de dengue em Minas Gerais, número este que aumentou para mais de 483 mil notificações, até a primeira semana deste mês.

Ao falar sobre a importância do reforço das ações dos municípios no combate ao Aedes aegypti, o coordenador do Núcleo de Vigilância em Saúde da Regional de Montes Claro, Valdemar Rodrigues dos Anjos salientou que “os planos de contingência não devem se constituir apenas o cumprimento de uma solicitação feita aos municípios pela Secretaria de Estado da Saúde. Eles precisam se tornar um instrumento de trabalho que envolva todos os profissionais de saúde dos municípios, além de nortear ações de mobilização da população. Mesmo que algum município venha a enfrentar epidemia de alguma das doenças transmitidas pelo Aedes, com base nas ações executadas a partir dos planos de contingência, podemos evitar o adoecimento de um grande número de pessoas e, o mais grave, a ocorrência de óbitos”, reforçou o coordenador.

Valdemar Rodrigues salientou que, ao contrário de outros anos, a transmissão de doenças por parte do Aedes aegypti está ocorrendo durante todo o ano. “Antes o período de alta transmissão se concentrava entre os meses de janeiro a junho. Isso significa que o Aedes está se adaptando às condições climáticas e de meio ambiente da região, uma vez que a proliferação do mosquito que até pouco tempo estava concentrada em água acumulada em materiais inservíveis, atualmente o principal foco de reprodução ocorre em depósitos de água (tambores, caixas d´agua, tanques, etc.).

Na mesma linha de raciocínio, a referência técnica de vigilância epidemiológica da Regional de Saúde de Montes Claros, Carlúcia Maria Rodrigues alertou que, já agora neste mês de dezembro alguns municípios do Norte de Minas apresentam alta incidência de doenças transmitidas pelo Aedes, o que exige forte organização dos serviços municipais de saúde visando conter a proliferação de focos do mosquito e, consequentemente, a ocorrência de epidemias de dengue, febre Chikungunya e Zika vírus.

Programação

Durante o encontro desta quinta-feira, referências técnicas da SES-MG apresentaram dados do Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) e do Levantamento de Índice Amostral (LIA) 2019/2020, identificando os focos prevalentes de proliferação e o quantitativo de profissionais em serviço nas vigilâncias em saúde e epidemiológica dos municípios.

O fluxo das notificações das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti foi apresentado pela referência técnica, Cássia Nely Gomes Morais. Já o atendimento de pacientes nos serviços de atenção primária dos municípios foi abordado por referências técnicas dos núcleos de Atenção Primária e de Redes de Atenção à Saúde.
Os profissionais de saúde dos municípios também tiveram acesso a informações sobre o preenchimento da planilha de monitoramento das notificações das doenças transmitidas pelo Aedes; a colocação em prática das fases do plano de contingência; distribuição de medicamentos; coleta e encaminhamento de amostras para exames laboratoriais e ações de mobilização da população com repasse de orientações sobre a importância de combate ao mosquito.

Por Pedro Ricardo