Nos dias 3 e 4 de outubro, a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Terra das Andorinhas, em parceria com a Regional de Saúde de Uberaba, Ministério da Saúde e da Oscip Saiba Viver, realizou evento sobre a prevenção do HIV no auditório do Sesc, em Uberaba. O encontro tem como objetivo debater a prevenção, o tratamento e a vida de pessoas com o vírus. Os conteúdos foram divididos em dois momentos, o primeiro dia reuniu profissionais de saúde e autoridades locais e o segundo o público jovem, quando foi realizada a 1ª Oficina de Jovens Mobilizadores de Prevenção Combinada, com o tema Conversa PositHIVa.

Crédito: Sara Fernandes

Segundo o superintendente regional de Saúde de Uberaba, Maurício Ferreira, a incidência de HIV tem aumentado consideravelmente no público jovem e as políticas de Estado, por mais bem executadas que sejam, acabam deixando algumas lacunas. “Felizmente, elas podem ser preenchidas pelo chamado terceiro setor e, neste caso, vimos uma oportunidade de trabalharmos juntos na busca e sensibilização de outros atores sociais. Esta parceria vem em um momento em que o Estado fala de trabalhos conjuntos com a iniciativa privada e entendemos ser importante ter nossa marca vinculada a esse tipo de realização”, explicou.

A palestrante e coordenadora de projetos da OScip Terra das Andorinhas, Lia Mussi, explica que os Encontros de Articulação em Saúde (EAS), vem acontecendo desde 2017 pela região Sudeste, através de parceria com o Ministério da Saúde, por meio de projetos aprovados em editais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Já os Encontros voltados à mobilização de jovens em prevenção do HIV, fazem parte do Projeto Viva Melhor Sabendo – Prevenção Combinada e Teste de HIV, também desenvolvido pela instituição, por meio do Ministério da Saúde.

Lia ressaltou que “atualmente, uma das experiências exitosas neste trabalho de capacitação para mobilizadores de prevenção combinada de jovens entre 15 e 24 anos e/ou populações em situação de vulnerabilidade para o HIV, como pessoas privadas de liberdade, pessoas trans, usuários de álcool e outras drogas, profissionais do sexo e homens que fazem sexo com outros homens, tem sido o uso da metodologia de Design Thinking, uma ferramenta baseada nas necessidades específicas de cada indivíduo. O Design Thinking também é importante para a saúde, porque pode ajudar a criar soluções inovadoras e de alto impacto, sem necessariamente precisar investir muito para isso acontecer”, ressaltou.

Para o presidente da Oscip Saiba Viver, que atua em Uberaba, Nilton Carlos, “este acontecimento é de grande importância para valorizar o trabalho realizado pela instituição e permite fazer parcerias importantes como com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Além disso, o fato de termos sido escolhidos para viabilizar o trabalho da Terra das Andorinhas é um grande reconhecimento pra nós”, disse.

A técnica de enfermagem do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA de Uberaba), Lídia Maria Bráz, afirma que a palestra foi muito rica e objetiva. “Eventos como este tem que ser amplamente divulgados, pois os dados apresentados são novidades mesmo para mim, que trabalho no CTA e é imprescindível que as estatísticas do HIV diminuam no Brasil”, conclui.

Parceria com CSEUR

A exposição de pinturas intitulada "História e Memória do Holocausto, feitas por adolescentes que cumprem medida socioeducativa de internação no Centro Socioeducativo de Uberaba (CSEUR), também fez parte do evento. As obras são releituras de poemas e pinturas da época do holocausto. O responsável pelo projeto é o historiador Ícaro Uriel Brito França, que é também agente socioeducativo do Cseur, com o auxílio da artista plástica Marilda Pereira. Ícaro explica que “trabalhou com os jovens a empatia e a tolerância com o próximo, fazendo-os refletir sobre as consequências de seus atos. As produções são interessantes por serem feitas por pessoas em restrição de liberdade, que analisam indivíduos também privados de liberdade, em contextos e perspectivas distintas”, finaliza.

Por Sara Fernandes