Com o objetivo de avaliar e discutir os dados epidemiológicos de casos notificados no Norte de Minas, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) iniciou nesta terça-feira (14/05), capacitação de referências técnicas municipais sobre vigilância de acidentes por animais peçonhentos. Os trabalhos continuam até sexta-feira (17/05), com a participação de técnicos de vigilância epidemiológica, profissionais dos núcleos de vigilância hospitalar das unidades de soroterapia, médicos e enfermeiros de unidades de saúde de 53 municípios que integram a área de atuação da Regional de Saúde de Montes Claros.

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Nos dois primeiros dias, a capacitação, que está sendo realizada nas Faculdades Prominas, conta com a participação de profissionais das microrregiões de saúde de Salinas/Taiobeiras, Francisco Sá e de Coração de Jesus. Os trabalhos continuarão nos dias 16 e 17 de maio, envolvendo os municípios que compõem as microrregiões de saúde de Montes Claros/Bocaiúva; Monte Azul e Janaúba.

As atividades estão sendo conduzidas pela referência técnica estadual da vigilância epidemiológica dos acidentes por animais peçonhentos, Andréia Roberto, e pela referência técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da Regional de Saúde de Montes Claros, Amanda de Andrade Costa.

Aliando teoria e prática, a capacitação envolve a análise de dados de acidentes por animais peçonhentos notificados no Norte de Minas e atualização dos profissionais de saúde quanto ao registro dos casos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mantido pelo Ministério da Saúde. A capacitação foi iniciada pela SES-MG em 2017 e já contemplou municípios integrantes das regionais de saúde de Leopoldina, Pirapora, Unaí e Governador Valadares. Neste ano, além da Regional de Saúde de Montes Claros, o treinamento está previsto para acontecer nas regiões de Coronel Fabriciano, Diamantina, Pouso Alegre e Barbacena.

A veterinária e referência técnica da SES-MG, Andréia Roberto, salienta que nos últimos anos tem aumentado as notificações de vítimas de acidentes por animais peçonhentos no Estado e, pelo fato de estar ocorrendo inadequação na condução dos tratamentos por parte de serviços de saúde municipais, as referências técnicas estão sendo atualizadas quanto ao cumprimento dos protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

“Muitos profissionais não conhecem o perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos ocorridos em suas respectivas regiões, além de se verificar alta rotatividade de profissionais nos serviços de saúde dos municípios. Com isso, muitas informações anteriormente já trabalhadas se perdem e, por isso é preciso atualizar a capacitação dos profissionais. Esperamos que, com base no trabalho que a SES está implementando, as secretarias municipais de saúde passem a desenvolver ações de educação perante a população, com foco específico na prevenção de acidentes por animais peçonhentos”, observa Andréia Roberto.

Norte de Minas

Dados da Regional de Saúde de Montes Claros revelam que entre 2014 e 2018 houve aumento anual das notificações de acidentes por animais peçonhentos no Norte de Minas. Em 2014 foram registrados 4 mil 027 casos e, no ano passado, as notificações chegaram a 6 mil 824 casos.

Os acidentes com escorpiões predominam no Norte de Minas. Enquanto em 2014 foram notificados 3 mil 339 casos, em 2018 foram registrados 5 mil 994 acidentes com escorpiões.

“Acreditamos que o aumento dos acidentes, em especial envolvendo escorpiões, decorre da situação climática predominante no Norte de Minas e da urbanização das cidades, que leva esses animais a buscar abrigos e alimentos em residências, lotes vagos e em outros logradouros”, explica Amanda de Andrade.

O número de acidentes com serpentes se mantém estável nos últimos cinco anos, ocupando o segundo lugar nas notificações registradas pelos municípios. Em 2014 foram 180 casos e, em 2018, os registros contabilizaram 179 acidentes.

Apesar do aumento das notificações, Amanda de Andrade observa que a maioria dos casos não são graves. Entre 2014 e 2018, do total de acidentes registrados, 2 mil 455 pacientes precisaram fazer uso de soro antipeçonhentos. Por outro lado, outras 20 mil 991 pessoas não precisaram receber o mesmo tratamento.

Porém, ressalta a referência técnica da regional de Montes Claros, que nos últimos cinco anos foram notificados 16 óbitos em consequência de acidentes por animais peçonhentos no Norte de Minas. “Tratam-se de mortes que poderiam ter sido evitadas, desde que os pacientes tivessem procurado assistência num serviço de saúde no menor espaço de tempo possível e, com isso, tivessem acesso a tratamento com soros que sempre estão disponíveis nos hospitais polo de atendimento”, observa Amanda de Andrade.

Por isso, a capacitação organizada pela SES tem como um dos focos a atualização dos profissionais de saúde quanto à utilização do soro antivenenos.

Por Pedro Ricardo