Nesta sexta-feira (17/01), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) realizou, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, coletiva de imprensa acerca dos casos de intoxicação exógena por Dietilenoglicol. A coletiva contou também com a participação de representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSBH), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) e da Fundação Ezequiel Dias (FUNED).

Crédito: Marcus Ferreira

O secretário Adjunto da SES-MG, e também secretário em exercício, Marcelo Cabral Tavares, fez a abertura da coletiva e passou a palavra ao Superintendente de Vigilância Sanitária, Filipe Laguardia, que apresentou uma linha do tempo com todas as ações desenvolvidas pelo sistema público de saúde.

“O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (CIEVS-MINAS), que funciona 24 horas por dia recebendo notificações de agravos, recebeu em 30 de dezembro a primeira notificação de caso de insuficiência renal aguda e alterações neurológicas de etiologia até então a esclarecer. Posteriormente, com o registro de novos casos, a Vigilância Sanitária e a Vigilância Epidemiológica foram a campo para investigação, fazendo coleta de alimentos e avaliando as possibilidades de doenças infecciosas ou alguma intoxicação exógena”, explicou Filipe Laguardia.

De acordo com a diretora do Hospital Eduardo de Meneses, da Rede Fhemig, Virgínia Andrade, “a partir do momento em que se tomou conhecimento dos casos com sintomatologia semelhante, a Unidade de Resposta rápida da instituição foi acionada e um grupo de médicos iniciou a investigação quanto aos sintomas mais comuns apresentados pelos pacientes. 

O Superintendente de Vigilância Sanitária explicou, ainda, que em 9 de janeiro, a confirmação da presença de dietilenoglicol nas amostras coletadas fortaleceu a suspeita de intoxicação por essa substância. “Diante disso, a SES imediatamente elaborou nota técnica voltada a todos os profissionais de saúde com o objetivo de orientá-los quanto ao tratamento”, afirmou Filipe Laguardia.

Caso suspeito

Está definido como caso suspeito, todo indivíduo residente ou visitante de Minas Gerais que ingeriu cerveja da marca “Backer”, a partir de outubro de 2019 e iniciou, em até 72 horas, sintomas gastrointestinais (náuseas e/ou vômitos e/ou dor abdominal) associados a, pelo menos um dos seguintes quadros: alterações da função renal, sinais e sintomas neurológicos (paralisia facial, borramentovisual, amaurose, alterações de sensório, paralisia descendente e crise convulsiva).

Até o momento (17/01), foram notificados 18 casos suspeitos de intoxicação exógena por Dietilenoglicol.  Desses, 16 pessoas são do sexo masculino e duas do feminino. Quatro casos foram confirmados e os 14 restantes continuam sob investigação, uma vez que apresentaram sinais e sintomas com relato de exposição. 

Quatro casos evoluíram para óbito. Um desses óbitos está entre os quatro casos em que foi confirmada a presença da substância dietilenoglicol no sangue. Trata-se de um homem, que esteve internado em hospital de Juiz de Fora e faleceu em 07/01. Já os outros três casos de óbito estão entre os 14 casos em investigação.

Crédito: Marcus Ferreira

De acordo com a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Lúcia Paixão, é importante alertar neste momento que a manifestação dos sintomas ocorre de maneira precoce. “Em média 72 horas após a ingestão da bebida, sintomas gastrointestinais são manifestados. Esclarecemos que em Belo Horizonte, a porta de entrada desses casos são as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou, em caso de sintomas mais leves, as Unidades Básicas de Saúde (UBS). O fluxo no atendimento de possíveis casos será determinado a partir da orientação do CIEVS BH em articulação com a Toxicologia do hospital João XXIII”, explicou Lúcia Paixão.

Descarte de bebidas

Lúcia Paixão reforçou também que as bebidas não devem ser descartadas diretamente no lixo, nem jogadas no esgoto, uma vez que o descarte inapropriado das cervejas expõe as demais pessoas a um risco de intoxicação. “As pessoas que tiverem cervejas da marca Backer, independente do rótulo ou do lote, devem entregar essas bebidas à Vigilância Sanitária do Município, em um dos nove pontos determinados. Já em relação aos estabelecimentos comerciais, a orientação é que os mesmos articulem com a indústria cervejeira para definir como será realizado o descarto.

Ações da SES

O Secretário Adjunto da SES-MG, Marcelo Tavares, destacou que a instituição vem empenhando-se para atuar de modo a atender às necessidades características da atual situação. “Já foi feito contato com a Polícia Civil para que seja feita a transferência para a FUNED da tecnologia necessária para investigar a presença de dietilenoglicol. Essa transferência tornará mais ágil o processo de investigação realizado por parte da SES-MG.

Desde a notificação do primeiro caso suspeito, a SES-MG desenvolveu também as seguintes ações:

  • Investigação epidemiológica dos casos suspeitos;
  • Investigação hospitalar dos casos internados;
  • Investigação sanitária domiciliar e de estabelecimentos comerciais, com a coleta de materiais para análise;
  • Reuniões técnicas conjuntas (SES-MG, SMSA-BH, Funed, FHEMIG, representantes dos hospitais responsáveis pelo atendimento dos pacientes, PCMG, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Polícia Militar e Bombeiro Militar de Minas Gerais);
  • Elaboração de Nota Técnica inicial para orientação aos profissionais de saúde;
  • Elaboração de instrumento padronizado para sistematização da coleta de dados;
  • Instituição de Força Tarefa Estadual para investigação conjunta dos casos;
  • Solicitação de apoio à equipe do EpiSUS Avançado do Ministério da Saúde;
  • Solicitação de apoio técnico de profissional do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP;
  • Solicitação de apoio técnico à equipe médica da Unimed-BeloHorizonte;
  • Instituição do COES Estadual;
  • Divulgação de informações à população e demais órgãos de interesse, de modo a combater notícias falsas (FakeNews) e orientar para conduta assistencial adequada.

» Saiba mais sobre intoxicação exógena por Dietilenoglicol em www.saude.mg.gov.br/intoxicacaodeg

Por Fernanda Rosa