“Planejamento” foi uma das palavras mais citadas na Reunião de Alinhamento das Ações de Contingenciamento das Arboviroses realizado na Regional de Saúde de Sete Lagoas, nos dias 10 e 11 de dezembro. O seminário foi direcionado aos coordenadores municipais da Vigilância Epidemiológica, Atenção Primária, Assistência e Educadores em Saúde representantes dos 35 municípios na área de abrangência do órgão.

Crédito: Nayara Souza

O realinhamento dos processos de trabalho das equipes municipais para  que seja possível realizar  um trabalho coordenado  e efetivo no que diz respeito à vigilância e assistência das arboviroses, antes dos meses em que tradicionalmente essas ocorrências são mais frequentes, foi um dos principais  objetivos do evento, como observou a coordenadora da Área Temática de Vigilância em Saúde, Nádia Lanza Meirelles.

Meirelles iniciou o encontro repassando informações sobre a importância dos Planos de Contingência para controle das doenças transmitidas pelo Aedes, e citou que os pontos importantes discutidos no Seminário Estadual sobre Arboviroses, realizado em novembro, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG).  A coordenadora também destacou a relevância da atuação oportuna da assistência no manejo dos pacientes nos casos dessas doenças.

 “O plano de contingência não pode ser apenas um documento cartorial, é um documento técnico que orienta o enfrentamento e a tomada decisão. É importante que os gestores e equipe valorizem o conteúdo do documento, que deve ser de conhecimento de todos os atores envolvidos, norteando assim as ações necessárias a serem desencadeadas diante de possíveis epidemias de doenças transmitidas pelo Aedes”, observou Meirelles.

“O período de baixa incidência é o momento de se organizar”, iniciou a referência técnica em zoonoses, Ana Paula Teixeira de Carvalho, que também defendeu o planejamento, o alinhamento das ações de contingenciamento e o trabalho conjunto com outras secretarias, como obras e educação, a sociedade civil e educadores de saúde e mobilização social no debate do tema. Para Carvalho, a coleta e registro de informações devem ser tratadas de forma sistemática “todas as ocorrências devem ser registradas, pois, através dessas notificações que são realizados os planejamentos das próximas fases”, lembrou Carvalho ao pontuar que o ideal é respeitar o prazo de 24h a 48h, a partir do aparecimento do vetor, para iniciar o controle.

Ela também enfatizou que as arboviroses são, por lei, doenças de notificação compulsória, ou seja, sempre devem ser registradas e informadas à vigilância epidemiológica.  A referência técnica em zoonoses destacou ainda a importância da vigilância de ocorrências de óbito e da realização da vigilância laboratorial para diferenciar qual é a arbovirose, diante da semelhança entre os sintomas das doenças e da necessidade de acompanhamento dos tipos de vírus em circulação.

O plano de contingenciamento também recebeu destaque como estratégia de Controle Vetorial. “No plano de contingência trabalhamos com o preventivo e o corretivo”, destacou a referência técnica em Vigilância Epidemiológica, Carlos Gomes de Souza, que complementou “se em cima do primeiro caso notificado forem tomadas todas as iniciativas pode-se evitar a ocorrência de vários casos”.  O que também ilustra a importância do fluxo de notificação ser seguido de forma correta.

A assistência ao paciente com os sintomas da Dengue também foi um dos assuntos discutidos pelas referências técnicas em atenção à saúde Glaucia Maria de Paula Lopes e Renata Pereira de Souza. O Protocolo de Manejo Clínico recebeu destaque como prática a ser seguida e amplamente divulgado aos profissionais da saúde. “Devemos facilitar o acesso para que o paciente chegue para o primeiro atendimento, realize os exames laboratoriais e continue a comparecer em outras consultas quando apresentar os sintomas ou diagnóstico de arboviroses” ressaltou a Glaucia Maria de Paula Lopes, que sugeriu “deve-se criar processos diferenciados para o paciente que recebe o primeiro atendimento e para aquele que retorna, através de formação de equipes próprias para cada acolhimento”, finalizou lembrando que no caso da Dengue, por exemplo, quando a febre cessa o paciente deve retornar para a reavaliação por ser esse um momento crítico da doença.

Sugestões sobre adequações e adaptações das agendas de atendimento das unidades de saúde, a necessidade de reclassificação de risco dos pacientes ainda na sala de espera e/ou a cada nova consulta, o processo de internação e a importância da evolução dos laudos dos pacientes no SUSFácil e a atuação dos agentes de saúde e de endemia também foram apresentadas.

Assim como o planejamento de compra e acesso à medicamentos utilizados no tratamentos das arboviroses que são contemplados nos três componentes da assistência farmacêutica, como explicado  pela referência técnica de assistência farmacêutica, Graziele Duarte Machado, que orientou “é importante que os municípios se planejem para garantir o fluxo de acesso aos medicamentos distribuídos pela SES/MG durante o período sazonal, de forma complementar, a fim de evitar o desabastecimento e garantir o tratamento da fase aguda das doenças causadas pelo Aedes”.  

Por Nayara Souza