A Regional de Saúde de Montes Claros iniciou nesta quarta-feira, 13/6, a realização de encontros com referências técnicas de hospitais e das secretarias municipais de saúde do Norte de Minas, com o objetivo de repassar orientações sobre o diagnóstico e tratamento de pessoas vítimas de acidentes por animais peçonhentos. O encontro reuniu representantes de municípios que compõem as microrregiões de saúde de Montes Claros/Bocaiúva, Francisco Sá e Coração de Jesus. Dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, em 2017, foram registrados 4.577 acidentes por animais peçonhentos nos 53 municípios que integram a Regional de Saúde de Montes Claros. Já neste ano, os municípios notificaram 1.898 acidentes no período de janeiro a maio.

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Na abertura do encontro realizado no auditório da Escola Técnica de Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador (Nuveast) da Regional de Saúde de Montes Claros, Josianne Dias Gusmão, alertou os municípios sobre a importância da notificação correta dos acidentes por animais peçonhentos. “É com base nos dados lançados no Sinan que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) tem condições de adotar estratégias de ações para atuação conjunta com os municípios e o Ministério da Saúde. Além disso, os dados possibilitam ao Governo Federal planejar a compra de soros a serem repassados para o Estado e, este, para os municípios”, explicou a coordenadora. No Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria é a referência no atendimento de vítimas de acidentes por animais peçonhentos.

Ao apresentar a situação epidemiológica dos acidentes por animais peçonhentos dos municípios que integram a Regional de Montes Claros, a referência técnica do Nuveast, Márcio Aparecido Ramos Rocha, também reforçou a importância dos serviços de saúde dos municípios notificarem a ocorrência de acidentes, num prazo máximo de 24 horas. “A notificação precisa ser imediata para que a Regional de Saúde tenha condições de acionar o nível central da SES-MG e, esta, o Ministério da Saúde. A notificação compulsória é de responsabilidade dos médicos e dos demais profissionais de saúde que atendem as vítimas nas portas de entrada dos serviços de saúde”, salientou Márcio Ramos.

No Norte de Minas, dados do Núcleo de Epidemiologia da Regional de Saúde de Montes Claros apontam que a maioria dos acidentes por animais peçonhentos envolvem escorpiões e cobras das espécies jararaca, cascavel e coral verdadeira. Em 2017, foram registrados 4.233 acidentes com escorpiões e, neste ano, as notificações lançadas no Sinan apontam 1.737 pessoas vítimas de picada de escorpião.

Márcio Ramos chamou a atenção para o fato de que nos cinco primeiros meses deste ano já foram registrados 52 casos de pessoas picadas por jararacas, enquanto durante todo o ano de 2017 foram notificados 74 acidentes envolvendo cobras da mesma espécie. “Isso abre um sinal de alerta para os serviços de saúde dos municípios para um possível aumento do número de acidentes envolvendo cobras. Isso porque é no período do verão que esses animais se tornam mais ativos e, desta forma, a possibilidade de ocorrência de acidentes aumenta sobretudo nas áreas rurais”, observou Márcio Ramos.

Diagnóstico

Durante o encontro, a médica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador, Carolina Lamac Figueiredo, apresentou o diagnóstico dos acidentes por animais peçonhentos, as reações ao soro e as providências que os profissionais de saúde devem tomar visando o atendimento adequado das vítimas. “Quanto mais rapidamente a vítima for atendida pelo serviço de saúde e for iniciada a soroterapia, melhor será o resultado. Isso porque um atendimento oportuno possibilita evitar complicações graves de saúde incluindo, entre outras situações, insuficiência renal ou respiratória aguda”, frisou Carolina Lamac.

A médica lembrou que, anualmente, Minas Gerais e São Paulo concentram 50% dos acidentes com escorpiões notificados no país sendo que, em 2017, foram registrados mais de 1 milhão de casos. A maioria dos acidentes ocorre em áreas urbanas, tendo como principais vítimas pessoas adultas embora, no caso de crianças, os casos normalmente são graves.

Agenda

Nos dias 20 de junho e 11 julho, a Regional de Saúde de Montes Claros realizará novos encontros sobre diagnóstico e tratamento de vítimas de acidentes por animais peçonhentos envolvendo profissionais das microrregiões de Janaúba/Monte Azul e Salinas/Taiobeiras, respectivamente.

Por Pedro Ricardo